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A capacidade transformadora dos processos de Supervisão em Coaching

A supervisão deve sempre fornecer um espaço positivo para compaixão, investigação, reflexão e, acima de tudo, desenvolvimento.

Desde meu primeiro artigo da série sobre Supervisão em Coaching, vinha pensando como eu fecharia a série, e neste fim-de-semana tive a ideia de compartilhar um “paper” revisão que fiz do livro Supervision as Transformation a Passion for Learning – (Robin Shohet).

Portanto, seguem aqui os pontos que chamaram minha atenção:

A supervisão deve sempre fornecer um espaço positivo para compaixão, investigação, reflexão e, acima de tudo, desenvolvimento. O que se destacou para mim durante a leitura de cada capítulo deste livro foi o fato de que percebi que eles foram escritos a partir de uma ampla gama de perspectivas. Durante a leitura, pude sentir o cuidado que cada um dos autores teve para trazer aos leitores, uma abordagem prática da supervisão e também mostrar quão transformadora a supervisão pode ser quando usada da maneira correta, de forma respeitosa e apreciativa.

Para mim, todas as contribuições no livro, desde explorações de supervisão traduziram-se numa jornada longa e impressionante que me trouxe a percepção de que a supervisão se tornará um processo de aprendizagem ao longo da vida, como Fiona Adamson cita no Capítulo 5 quando se refere à tapeçaria de sua abordagem no Aprendizado Transformacional em Supervisão.

A palavra tapeçaria também chamou minha atenção, de tal forma que eu realmente me conectei com o desejo de Fiona de compartilhar com os leitores, sua experiência de estar no papel de supervisora, nos oferecendo grandes oportunidades de iniciar um desenvolvimento que pode transformar não só a nós, mas também o nosso trabalho como coaches e supervisores.

Voltando um pouco para a ordem dos Capítulos, eu revisitei o Capítulo 4, onde o autor (Joan Wilmot) cita o livro de Alain de Botton: Os Prazeres e as Dores do Trabalho (2009) para nos trazer o provérbio africano com o qual ela abre sua contribuição. “Se quer ir mais rápido, vá sozinho. Se quiser ir mais longe vá em grupo.” – Indicar categoricamente que, na supervisão, precisamos estar juntos e prestar atenção à importância do relacionamento de supervisão em nosso trabalho, ressoa profundamente ao meu trabalho como coach.

Agora, levando em consideração o que Alan Rogers disse a Robin Shohet durante a entrevista relatada no Capítulo 6, que a profissão de Supervisão poderia ser maravilhosa e estranha ao mesmo tempo, expressar seu pensamento sobre como a supervisão pode combinar generosidade e manipulação sutil. Essa observação me levou a um campo de extrema imaginação quando Alan dá o exemplo quando está nadando no mar e se pergunta sobre a origem da água e sobre as pessoas que nadaram nas mesmas águas, segundo ele, uma maneira muito abstrata de pensar sobre supervisão, mas na minha opinião uma metáfora muito ilustrativa para mostrar que na supervisão todos os dias em todo o mundo as pessoas se reúnem para falar sobre outras pessoas que não estão presentes, o que chamamos em supervisão a influência do sistema.

No Capítulo 8, Mary Creaner diz: “Pergunte, – Como posso me juntar a você em seu aprendizado – em vez de esperar que o supervisionado se junte ao supervisor em seu ensino.” Ela segue, para supervisionar o supervisor dizendo ao supervisor: “O que poderíamos descobrir juntos que talvez não descobríssemos sozinhos?”

A prática competente com monitoramento e revisão regulares do trabalho é essencial para manter as boas práticas. A supervisão é uma oportunidade para reconhecer o “elemento humano” e as demandas subsequentes do trabalho de Coaching no coach, para assegurar que monitoramos e mantemos relacionamentos com os clientes e para reconhecer nossos limites e assim, trabalhar dentro deles. É um lugar para expandir a inteligência emocional, obter apoio, relacionar a prática à teoria, desenvolver novas aprendizagens e desenvolver a prática de Coaching. No geral, a supervisão de Coaching é essencial tanto para desenvolver as habilidades profissionais do coach quanto para manter excelentes padrões de Coaching.

O Capítulo 9, A Resistência é um Caminho Natural, Uma Perspectiva Alternativa de Transformação, de Christina Breene, nos traz não apenas sua própria perspectiva de resistência, mas também como ela pode ser uma forma de “supervisão inconsciente”.

Seguindo em direção ao Capítulo 11, o encerramento do livro onde Robin é entrevistado por Christina Breene e queria compartilhar seu entusiasmo pela supervisão do grupo e mostrar seu potencial descrevendo como ele faz isso. O título do capítulo – Outra maneira de saber – está relacionado ao que acontece quando nos permitimos esvaziar nossas mentes e ir além das ideias preconcebidas tanto como cliente quanto como supervisor.

Depois de ler o Capítulo/Entrevista, percebi que Robin fala sobre AMOR e Compaixão, não um amor pessoal, mas uma espécie de amor impessoal como ele coloca. O amor impessoal, na minha opinião, foi o que naturalmente trouxe a inspiração de Robin para uma abordagem diferente ao início do treinamento de supervisão, onde é importante começar a conversar com pessoas sobre suas forças ao invés de explorar sobre o que eles sentem que não são bons.

Neste capítulo final do livro, Robin Sohete reflete sobre o processo que lhe permitiu ‘ouvir a si mesmo’. E eu estou me perguntando se o processo de “colocar em palavras” o que estamos pensando é essencial para o crescimento como ser humano?

A resposta de Robin para isso é que ele considera muito importante ter espaço para pensar com clareza, e a supervisão pode desempenhar um papel vital nisso. Mas ele não tem certeza do que é essencial para o crescimento como ser humano.

Para encerrar minha observação ao redor do livro, registro aqui que os vários capítulos obviamente me inspiraram nas diferentes abordagens e cada contribuição que eu procurei trazer para nossos leitores durante a série de supervisão, estiveram sempre conectadas com o poder transformador que eu vejo na prática da supervisão.

A partir dessas provocações, me pergunto e pergunto aos leitores interessados em supervisão como podemos nos tornar supervisores valiosos e não apenas fornecer supervisão, uma enorme diferença entre fazer e ser, e provavelmente tem muito a ver com uma observação muito tocante (pelo menos para mim) feita pelo Robin, quando eu estava lendo uma de suas várias entrevistas para a Associação de Facilitadores na Inglaterra – https://www.associationoffacilitators.co.uk, quando ele cita que Supervisão para ele tem algo relacionado a um profundo senso de espiritualidade.

E para você caro leitor?

Desejo uma excelente leitura a todos.

João Luiz Pasqual tem mais de 40 anos de experiência profissional. Coach Executivo e de grupos. Foi por mais de 30 anos, executivo do mercado financeiro tendo ocupado posições de Diretor Executivo em diversos bancos (Sudameris, Banco Real, Unibanco, ABN AMRO e Santander), viveu na Europa por 8 anos e viajou para mais de 30 países. É conselheiro de empresas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e foi Presidente da ICF no Brasil durante o exercício 2015/2018. É coach ICF – International Coaching Federation com a credencial Master Certified Coach (MCC), Mentor Coach pela inviteChange-USA e Accredited Coach Supervisor pela CSA – Coaching Supervision Academy – Londres. MBA pela FIA-USP e Mestrado em Consulting and Coaching for Change pelo INSEAD-Fontainebleau na França.
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