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As crianças e seus brinquedos

Reflexões decorrentes do projeto fotográfico de Gabriele Galimberti retratando crianças de várias partes do mundo com seus brinquedos.

“Aprendi mais sobre os pais do que sobre as crianças. Elas são basicamente iguais. Só querem brincar.” (Gabriele Galimberti)

Gabriele Galimberti é um fotógrafo italiano que no decorrer de 18 meses percorreu 58 países visitando crianças com idade média de seis anos para registrar a forma como interagem com seus brinquedos e constroem seu próprio universo lúdico.

Seu projeto demonstra que o ato de brincar reflete o ambiente em que a criança vive, sendo possível encontrar similaridades independentemente de cenário político e cultural ou condição socioeconômica. Assim, a pequena Chiwa, do Malawi (país na África Oriental), e o garoto Orly, do Texas, adoram dinossauros pela proteção que lhes oferecem. Para a menina, contra animais perigosos; para o garoto, contra fantasmas e o povo mexicano que pode sequestrá-lo. Detalhe: sua mãe é mexicana.

A influência familiar é uma constante. A italiana Alessia ajuda seu avô na fazenda e gosta de brincar com animais. Assim, seus brinquedos prediletos são ferramentas como pás e enxadas. Já o garoto Enea, que vive no Colorado, gosta de imitar o tio músico. Por isso, seu divertimento são os pequenos instrumentos musicais com os quais tenta tocar as músicas-tema de “Batman” e “Homem-Aranha”.

Como não poderia deixar de ser, brinquedos também espelham sonhos e a visão de futuro de muitos jovens. Noel, do Texas, está convicto de que será um piloto. Tem aviões de todos os tamanhos e joga em simuladores de voos. O ucraniano Pavel quer ser policial e vive cercado por armas de brinquedo. E Naya, da Nicarágua, reúne seus singelos utensílios de cozinha para, com lama e grama do jardim, criar bolos para sua irmã mais velha. Ela diz que gerenciará um restaurante no futuro com a certeza de que os turistas irão adorar!

Outro aspecto interessante observado por Gabriele, que procurava sempre interagir brincando com as crianças e seus brinquedos antes de retratá-las, é que os jovens com melhores condições financeiras eram, em sua maioria, mais possessivos do que os mais pobres, que dispunham de apenas um ou dois brinquedos e, mesmo assim, sentiam-se confortáveis em compartilhar.

Uma das conclusões mais marcantes do estudo é de que os brinquedos revelam as expectativas, anseios e ambições dos pais, como se pudessem projetar em seus filhos suas carências pessoais.

Os tempos atuais são fortemente caracterizados pela presença da televisão e dos equipamentos eletrônicos. Desde a mais tenra idade, as crianças são impactadas por desenhos e agora, cada vez mais precocemente, por tablets, celulares e games.

É verdade que os desenhos estão mais educativos. Dia destes pude rever um episódio emblemático do marinheiro Popeye. Nele, Olívia Palito é diretora de uma empresa e decide demitir sumariamente o próprio Popeye por não atender a uma meta por ela estabelecida, fazendo-o de forma tão humilhante que hoje seria fatalmente definida como assédio moral. Pior, ela decide contratar Brutus, que instantes depois, simplesmente a está agredindo fisicamente!

O problema não são os desenhos, mas sim os intervalos comerciais. As campanhas de marketing, em especial nos canais ou horários com programação infantil, são impressionantes, gerando um desejo de consumo desenfreado.

Cabe aos pais, dentro deste contexto, auxiliar seus filhos na escolha de seus brinquedos, de modo a lhes proporcionar desenvolvimento pessoal, cognitivo, motor e social. E, acima de tudo, a grande alegria de brincar.

Veja no site as fotos das crianças mencionadas neste texto http://vejatom.com/artigo235

Tom Coelho Author
Tom Coelho, com formação em Publicidade pela ESPM e Economia pela USP, tem especialização em Marketing e em Qualidade de Vida no Trabalho, além de mestrado em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente. Foi executivo, empresário, secretário geral do IQB/ INMETRO, diretor do Simb/Abrinq e VP da AAPSA. Atualmente é professor em cursos de pós-graduação, conferencista, escritor com artigos publicados em 17 países, diretor da Lyrix Desenvolvimento Humano, da Editora Flor de Liz e do NJE/CIESP, além de Conselheiro do Consocial/FIESP. autor dos livros “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento”, “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional” e coautor de outras cinco obras.
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