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Consegue o ser humano governar seus impulsos?

O ser humano tem, embutida no cérebro, a possibilidade de exterminar a si mesmo e a todos os outros animais. Há um perigoso desequilíbrio entre os mais altos sonhos humanos e as limitações herdadas dos ancestrais. Mas o que o Coaching tem a ver com isso?

Eu estava revirando documentos antigos, separando textos que ainda são aproveitáveis e jogando outros fora, quando me deparei com uma matéria especial publicada no antigo Jornal da Tarde, de São Paulo, nos idos de 1989. Uma releitura, tendo passado tantos anos, e as vibrações oriundas do Coaching me fizeram dar nova interpretação àquele conteúdo. Loucura ou não, eu quis trazer uma especulação aos leitores.

Primeiro eu vou comentar a essência dessa reportagem especial, de uma época em que pouco se falava de neurociência e estudos da mente. Baseada em pesquisas do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia, em 1973, por sinal muito contestadas por boa parte dos cientistas, a tese de Konrad Lorenz simplesmente afirmava que a composição dos impulsos do ser humano não se modificou desde a Idade da Pedra. Ele é um dos criadores da disciplina chamada Etologia, que faz o estudo comparativo do comportamento dos animais.

Segundo descobertas mais recentes, a Etologia é capaz de sugerir conceitos e construir modelos para integrar informações oriundas de outras abordagens sobre o ser humano. A concepção etológica mostra o ser humano como biologicamente cultural e social. Mas, como contraponto, Lorenz afirma que há grande discrepância entre o espírito humano e suas premissas naturais: o ser humano tem, embutida no cérebro, a possibilidade de exterminar a si mesmo e a todos os outros animais. Há um perigoso desequilíbrio entre os mais altos sonhos humanos e as limitações herdadas dos ancestrais.

Para Lorenz, o ser humano está equipado com o genoma de um habitante da Idade da Pedra, o que não significa ser impossível dominar nossos impulsos mais primitivos. Os impulsos da raiva, da violência, do medo, do sexo e outros tantos presentes no nosso cotidiano, por essa teoria, podem ser superados e até mesmo dominados. E a nossa capacidade de adaptação e o domínio dos impulsos primitivos acompanharam nosso desenvolvimento do pensamento, do raciocínio, da capacidade de abstração e, principalmente, de nossa reflexão.

Na entrevista, o pesquisador afirma que é a competência de contextualizar que fornece ao ser humano um diferencial que nenhum outro animal possui. Por outro lado, desde que criou o primeiro tacape e evoluiu para outras armas o ser humano vive no fio da navalha, ou seja, entre um futuro glorioso e a queda direta ao inferno. Pior ainda, é que o próprio ser humano com todas as suas características genéticas, aplica-se de forma negativa e vil na política, fugindo assim de seus compromissos para com o próximo. E ao final, Lorenz retoma a premissa de que tudo mostra o ser humano governado pela Idade da Pedra.

Prezado leitor, seja você pessimista com o futuro da humanidade, ou não, o que se pode concluir dessa matéria que eu busquei resumir em poucas linhas? O que o Coaching tem a ver com isso?

Muitos já escreveram que a base teórica do Coaching remonta a Sócrates e ao “conhece-te a ti mesmo”. Eu mesmo já tratei várias vezes do tema, incluindo pesquisas a respeito, sendo que o esforço do Coach é levar o cliente à competência de refletir sobre sua vida, suas necessidades, seus problemas e seus sonhos. Agora, parodiando Lorenz, o Coachee deve encontrar seus caminhos fugindo do risco de se deixar levar pelos mais primitivos impulsos que o envolvem. Impulsos primitivos que ele, você e eu ganhamos de presente dos nossos ancestrais.

Enfim, com tudo isso que eu escrevi, e ainda sendo este um ano eleitoral, será que conseguiremos alcançar a clareza da razão e contribuir para que nossa política pública saia da Idade da Pedra?

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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