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Convicções

Tomar decisões baseadas só em “convicções” revela uma postura pré-conceitual de enxergar o mundo e uma personalidade autoritária que não se enquadra nos desafios impostos pelo mercado e pela sociedade do século XXI.

O Ministério Público Federal recentemente nos brindou com um mau exemplo de condução do trabalho. Para justificar o indiciamento contra uma figura pública importante, os procuradores utilizaram o seguinte argumento imoral: “Não temos provas, mas convicção”.

Não quero perder tempo analisando os detalhes deste episódio. Afinal, ética e política dificilmente se tangenciam. Encontram-se divorciadas há mais de um século. Atualmente trilham carreiras solo, tipo Sandy e Junior – cada uma na sua e só se reúnem quando pressionados.

Tomar decisões baseadas somente em “convicções” revela uma postura pré-conceitual de enxergar o mundo e uma personalidade autoritária que não se enquadra mais nos desafios impostos pelo mercado e pela sociedade do século XXI.

A ética exige um distanciamento das nossas crenças quando buscamos entender os problemas que aparecem. A falta de sucesso no seu planejamento, por exemplo, não pode ser creditada a um ou dois fenômenos que só você considera importante. A “falta de engajamento da equipe” e a “crise financeira” nem sempre são as únicas respostas. O seu “despreparo” e “a mudança de estratégias dos concorrentes” também podem fazer parte da equação.

Quando assumimos um cargo de gerência, temos que buscar todo o tipo de informações concretas sobre a nossa área para melhorar nossos conceitos sobre os problemas e tomar uma decisão. O achismo é o recurso preferido dos amadores e daqueles que não têm familiaridade com a ética.

Arthur Meucci possui bacharelado, licenciatura e mestrado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, Doutorado em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie, com especialização em Diálogos entre Filosofia, Cinema e Humanidades pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e formação em Psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Ciência e Psicanálise. Trabalhou por dez anos com ensino e consultoria na empresa Espaço Ética e escreveu em coautoria livros best-sellers como A vida que vale a pena ser vivida (Ed. Vozes), O Executivo e o Martelo (Ed. HSM) e a coleção Miniensaios de Filosofia (Vozes). Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Viçosa.
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