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Entre varas e ofícios, deuses e mortais: o grande teatro da sociedade!

Respeitável público! Para poder compreender e participar do espetáculo é necessário vocabulário especifico, pomposos figurinos, ego inflado e ensino superior para poder ser um personagem, uma peça no Jogo da Justiça. Um ótimo espetáculo a todos!

Respeitável público! Para poder compreender e participar do espetáculo é necessário vocabulário especifico, pomposos figurinos, ego inflado e ensino superior para poder ser um personagem, uma peça no Jogo da Justiça. É proibida a entrada de latas, garrafas, pobres, negros, analfabetos. É proibido filmar e fotografar. Um ótimo espetáculo a todos!

Ser universitária, principalmente estudante de Direito, e estagiária, me permite observar, refletir sobre como a justiça ocorre na prática.

Como universitária, tenho agora uma bagagem acadêmica/intelectual/crítica para questionar a realidade. Não só como no Direito ocorre uma grande representação, praticamente teatral, por todos os lugares e personagens que os então chamados, operadores da justiça, desempenham, mas também o verdadeiro teatro que é a convivência humana. Por quem essa representação é orquestrada e quem não deve participar dela, justamente por uma questão de poder e ego.

É papel do universitário questionar a realidade vigente, seja ele de qual área do conhecimento for. Estamos em uma situação em que temos o conhecimento e a energia necessários para transformar. O que estou constatando é que o entusiasmo desordenado do adolescente dá lugar à energia canalizada do universitário. A ansiedade é substituída pelo planejamento. O universitário é aquele que começa a “colocar os pés no chão” e percebe que é possível sim revolucionar a realidade. Porém isso requer muito trabalho e principiante sacrifício. Sacrifício de tempo. Tempo com a família, amigos, namorados. Por isso se dá conta que a revolução mais fácil de ser feita é em você mesmo.

Ser estudante de Direito é perceber que a justiça não é para todo mundo, na prática. É muitas vezes entrar em confronto consigo mesmo quando o dinheiro que pode ser ganho é muito alto para não necessariamente fazer justiça, mas sim para ser um técnico jurídico. Sendo um estudante de Direito não tem como fugir da Política. Tanto da política como acontecimentos, como da posição política que se constrói a cada aula. Fazer uma Faculdade em um país racista e machista é saber que na sua profissão terão personagens e roteiros também machistas e racistas. No direito isso se escancara de um jeito tão evidente que não cabe dúvidas.

Por último, ser universitário é decidir que tipo de papel vamos encenar. De qual lado vamos ficar.

Beatriz Alves Ensinas é Estudante de Direito na PUC-SP, estagiando na área e em São Caetano do Sul, São Paulo. Depois de três anos contribuindo na coluna “De adolescente para adolescente”, iniciada por ela e depois tendo a parceria de Bruno Sales, a partir de agora ela é responsável pela coluna “De Universitário para Universitário”.
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