fbpx

Estresse e a Coerência Cardíaca

Nosso cérebro e nosso coração estão intimamente ligados e conectados, ou seja, nossos pensamentos afetam nossa fisiologia e diretamente nosso coração. É preciso uma comunicação harmoniosa entre eles.

Antes de tudo, quero agradecer por essa oportunidade. Acredito fortemente que podemos contribuir com a sociedade de diferentes formas, e escrever é uma delas. Particularmente tenho uma ligação com assuntos relacionados ao comportamento e como podemos aplicar novas formas de pensar e agir, acompanhar as mudanças desse mundo e assim sermos mais realizados.

Nessa coluna “Coaching e Comportamento” meu desejo é de participar, com informações e agregar. Pessoas melhores, sociedade melhor, mundo melhor. Minha formação em psicologia, Coaching, experiência de mais de 20 anos em empresas e professora de pós-graduação no curso de Adm/FGV, fizeram com que observasse a relevância do assunto. E assim, espero sinceramente fazer alguma diferença.

Obrigada!

Estresse e a Coerência Cardíaca

“Coerência Cardíaca”. Cada vez mais esse termo tem sido estudado e discutido pelo mundo. Em 2010, ouvi pela primeira vez num curso de Coaching. No início, com pouca informação, o termo dava ideia de harmonia, conexão, correlação. E é! Assim como é de suma importância para nossa saúde física, mental e emocional.

Nosso cérebro e nosso coração estão intimamente ligados e conectados. Isso significa que nossos pensamentos afetam nossa fisiologia e diretamente nosso coração. A Coerência Cardíaca é quando a “comunicação” entre o cérebro e o coração está harmoniosa.

Embora ainda bastante tímido, o assunto tem ganhado destaque nas organizações do mundo. Pesquisas foram realizadas envolvendo milhares de executivos em empresas europeias, onde mais de 70% se descrevem como “cansados” e 50% deles disseram que estavam “exaustos”. (David Servan-Schreiber – “Curar”). É muito para não se fazer nada.

O estado de caos interno sugere os períodos de estresse, ansiedade, depressão ou perigo que enfrentamos, onde os batimentos cardíacos tornam-se irregulares e caóticos. Igualmente, nos períodos de relaxamento, compaixão, gratidão e outros de sentimentos positivos, o ritmo cardíaco se alterna regularmente entre aceleração e redução (função equilibrada do coração). “A coerência maximiza a variação dentro de um dado intervalo de tempo e produz uma maior – e mais saudável variabilidade do ritmo cardíaco”, completa David.

Nas corporações, ainda que seja o objetivo maior produzir e gerar lucros, a concepção de que são pessoas que fazem isso acontecer, não só cada dia é mais aceita, como integra a governança corporativa de muitas delas.

Obviamente, cuidar do Capital intelectual, inclui um investimento também na saúde, física, mental e emocional das pessoas, pois muitas abdicam da qualidade de vida para melhorar a performance profissional.

Nada saudável, pode comprometer a fisiologia e até ser fatal!

Mas não é somente de responsabilidade das empresas reverterem esse quadro. Cada indivíduo tem obrigação de cuidar de si mesmo.

As condições externas dificilmente serão ideais por um longo período de tempo. E isso independe da nossa vontade e foge ao controle querer modificá-las. Em vez disso, temos que começar a controlar o que está dentro – nossa fisiologia. Ao reduzir o caos interno (pensamentos e emoções – respectivamente) automaticamente passamos a nos sentir melhores. Melhoramos nossos relacionamentos, nossa concentração, nossa performance e nosso lucro.

Parece utopia, mas não é. Tudo começa com   nossa interpretação do mundo externo.

Mas voltando ao “Stress”, um conceito muito interessante é o “Mecanismo de Luta ou Fuga”. O que vem a ser e qual a ligação com o tema?

“A reação de luta ou fuga é uma resposta do organismo a uma situação de forte estresse na qual se precisa de uma atividade muscular intensa para poder reagir a uma situação de perigo eminente “lutando” ou “fugindo”. Nesse processo, o coração aumenta a frequência cardíaca, a força de contração e a pressão arterial; o pulmão aumenta a frequência respiratória e a dilatação dos brônquios; o sangue é direcionado aos músculos, a pupila dilata e demais alterações em nosso corpo.” (Introdução à Fisiologia).

Resumindo, podemos dizer que qualquer situação de perigo externo, quando percebido pelo nosso cérebro, faz com que nosso organismo se prepare para uma luta ou fuga, ou seja, para uma reação que garanta nossa sobrevivência. É chamado de Sistema Simpático o sistema nervoso responsável por tudo isso. Perfeito!

E o que vem a ser o “Stress” do dia a dia, principalmente no ambiente profissional?  Toda vez que o nosso cérebro “interpreta” uma situação que pode ser desde um confronto pessoal, um feedback negativo, a pressão por resultados,  ou qualquer outra adversidade que possa parecer como uma “ameaça”,  um “perigo”, nosso organismo desencadeia os mesmos mecanismos que nos prepara para reagir e sobreviver, ou seja, o coração dispara, a respiração aumenta de frequência, e demais mecanismos necessários para combater esse perigo e sobrevivermos. Como provavelmente nesse caso do problema na empresa, não teremos nenhuma ação de lutar ou fugir, nosso organismo retorna ao seu estado “natural” de relaxamento. E é o Sistema Parassimpático que realiza essa “operação”.

Acontece que, ao longo do tempo, quando a pessoa vive muitas situações extremas e, portanto  mobiliza muito o organismo, com o tempo passa a apresentar uma “sobrecarga” com grande chances de os sintomas do stress darem os primeiros sinais. Cada organismo tem sua capacidade para suportar situações adversas, mas em geral, como esses profissionais também fazem poucos exercícios físicos, alimentação nada saudável e outros desgastes físicos e psicológicos, a incidência do estresse se eleva significativamente.

Mas como evitar que isso aconteça vivendo numa época tão competitiva e com cada vez mais exigências?

Existem algumas maneiras que podemos adotar para senão evitar, amenizar muito as consequências. Antes de tudo, uma tomada de consciência, a decisão de cuidar de si mesmo, mudar hábitos.  Mas não é só uma decisão. Tem que ser um desejo do “fundo da alma”, uma espécie de “Amor Próprio” (com letra maiúscula e aspas). Mindfulness, antes restrita a uma população específica é, atualmente, uma técnica comprovada de meditação para busca de equilíbrio e saúde. Mudança de padrão mental, ou seja, buscar alterar o padrão registrado no cérebro por outro modo de agir, fazer diferente, interpretar os eventos da vida de outra forma. O Processo de Coaching tem-se mostrado bastante eficaz para a reprogramação de padrões e busca de qualidade de vida, e também as técnicas de treinamento de coerência.

E o primeiro conceito a ser modificado dentro do modelo mental, é o de que somos profissionais competentes, importantes e valiosos para nossas organizações, mas jamais insubstituíveis! E viver de maneira saudável, produzir, colaborar com as empresas e sociedade, preparar-se para uma vida longa, mas com qualidade, depende de muitos fatores, porém, muito mais de cada um de nós.

Eline Rasera Author
Eline Rasera, Bacharel em Psicologia e pós-graduada em Recursos Humanos pela FGV- Fundação Getulio Vargas, é especialista em Psicologia Organizacional pelo CRP – Conselho Regional de Psicologia e Coach pelo ICI – Integrated Coaching Institute. Realizou estudos sobre “A Biologia do Observador e suas Crenças” na Escola Européia de Coaching em Lisboa; coordenou o setor de Gestão de Pessoas em empresas de grande porte por mais de 25 anos. Professora do curso de pós-graduação da FGV da área de Administração de Empresas e sócia diretora da Consultoria Anel Gestão de Pessoas.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa