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O lado bom e mau das ferramentas de Coaching

Uma dúvida muito comum entre os Coaches, principalmente para quem está iniciando nessa atividade, é sobre o uso das ferramentas de Coaching.

O dualismo que o título sugere deve ser considerado e explorado com muito cuidado, para que não corramos o risco de sentenciar as ferramentas de Coaching disponíveis como boas e más, uma posição maniqueísta que na minha opinião não se pode aplicar às questões envolvendo os seres humanos e seu desenvolvimento.

Por isso, minha escolha, para este artigo, foi focar na forma e por quem as ferramentas podem ser utilizadas. Uma dúvida muito comum entre os Coaches, principalmente para quem está iniciando nessa atividade, é sobre o uso das ferramentas de Coaching. Muitos Coaches até desenvolvem o seu próprio método, ou saem de suas formações ávidos a usarem, o que alguns autores, ao fazerem a apologia das ferramentas chegam a chamar de arsenal.

Porém no momento em que estão frente à frente com seus Coachees, acabam assumindo o risco de se afastarem da questão que o Coachee está trazendo, comprometendo sua presença de Coach e sua escuta ativa, competências primordiais para uma sessão inspiradora e de alto impacto.

Essas duas competências, asseguro aos leitores, quando ausentes, comprometem a qualidade de qualquer sessão de Coaching, e por conta disso podem afastar o seu Coachee do processo, criando uma certa resistência para que ele volte para as próximas sessões.

Um círculo vicioso, normalmente se instala quando não sabemos qual é o momento ideal para usar os métodos e as ferramentas, e o fenômeno se agrava ainda mais, quando não sabemos em qual sessão trabalhar cada etapa do nosso método e nem como relacionar nossas ferramentas com as necessidades do nosso Coachee, por vezes, conduzindo as questões e situações trazidas pelo Coachee de forma tal a se encaixarem nas ferramentas que escolhemos usar, ou aquelas que dominamos, sem a consciência de que cada indivíduo tem uma forma diferente de aprendizado.

Creio, que a questão não é ter ou criar ferramentas – isso de certa forma, com um pouco de prática se consegue fazer, sempre que o Coach dedique tempo e invista em seu desenvolvimento.

O importante mesmo é saber o momento adequado em que se pode aplicar essas ferramentas para conseguir atender e servir ao seu Coachee de forma respeitosa e efetiva.

O Coach por obrigação do ofício, precisa entender que uma pessoa é diferente da outra.

Pode até existir uma “fórmula” que nos ajude a identificar o melhor momento para aplicarmos as ferramentas que estão presentes em nossos métodos, porém não importa se estamos trabalhando transição de carreira, desenvolvimento de carreira ou escolha profissional, estaremos sempre lidando com pessoas diferentes que estarão passando por momentos diferentes, com diferente complexidade.

Além disso, elas também terão diferentes estágios de aprendizagem e de desenvolvimento.

O que isso quer dizer?

  1. As pessoas assimilam o conhecimento de formas diferentes.
  2. Elas têm diferentes filtros para absorver uma informação.
  3. Elas estão envoltas em cenários diferentes. E por aí vai…

O Coaching é um processo bem definido com início, meio e fim cujo objetivo principal é a elevação do estado de consciência do Coachee, visando tanto o aumento da performance como o desenvolvimento de competências.

Para que isso ocorra, torna-se vital o entendimento das ferramentas que podem compor este processo e de que forma cada uma pode contribuir para a obtenção dos resultados esperados.

O processo de Coaching não se constitui em uma receita de bolo ou numa regra baseada em um passo-a-passo. Não existe uma sequência de ferramentas a serem aplicadas, nem uma regra para conduzir as sessões, acredito sim num caminho a ser percorrido, lado a lado do seu Coachee.

Contudo, o alerta é que as ferramentas existem para, em muitos casos, facilitar o processo e para iluminar esses caminhos, ampliar reflexões e avaliar possibilidades.

Como muitos de nós não possuímos plena consciência de nossas fortalezas e pontos que precisam ser melhorados, das oportunidades que nos cercam e das ameaças que podem nos atingir, ele se torna fundamental para conduzir a busca dessa evolução, com o uso de ferramentas, que ajudam a visualizar onde se deseja chegar e ter a certeza de que é possível alcançar os nossos sonhos, sejam os ligados à nossa carreira e vida profissional como aos ligados à nossa vida pessoal.

Apesar do Coach não dar a sua opinião ao Coachee, na medida em que deve facilitar a ele essa descoberta, pode lançar mão de histórias e frases inspiradoras que, mais do que darem uma resposta, podem promover o questionamento interno, o insight e a motivação para viabilizar as metas desejadas.

Muitas dessas histórias, conhecidas no mundo do Coaching por metáforas tiveram origem nos antigos contos e lendas, alguns dos quais nos chegaram através da transmissão oral e que podem mesmo remontar a tempos antigos.

Saber que história motiva o Coachee, à dada altura torna-se uma ferramenta muito útil para o Coach, facilitando para o Coachee avançar em direção ao futuro por ele definido, e na minha opinião, por vezes, muito mais efetiva que qualquer modelo pré-concebido, além de promover a proximidade e a presença do Coach, já mencionadas.

Enfim, pode-se dizer que o Coaching na essência, traz a possibilidade para todas as pessoas ou empresas de alcançarem resultados extraordinários de forma simples, e duradoura, onde ocorrem a ressignificação de antigas crenças, e a descoberta do nosso poder pessoal e propósito de vida. E o mais importante é que podemos nos tornar melhores do que podemos ser, nos permitindo ser livres para ver o nosso próprio mundo.

Não quero encerrar este artigo sem antes mencionar uma abordagem dentro do processo de Coaching; o Coaching de Equipes, voltado para trabalhar de forma mais efetiva, as questões enfrentadas pelas equipes no mundo organizacional.

A queda na produtividade e alta rotatividade (turnover) são os principais reflexos da falta de colaboração entre equipes. Com o clima cada vez mais competitivo ou devido à falta de entrosamento com os demais colegas, muitos profissionais competentes não aguentam a pressão. O resultado acaba sendo o desligamento da empresa.

Assim, o Coaching de Equipe (Team Coaching) surge como uma ferramenta para melhorar a produtividade na empresa. Problemas de relacionamento e desmotivação por falta de perspectiva podem ser solucionados e muitas vezes até prevenidos com esses tipos de abordagem.

Demissões e admissões costumam ser muito custosas (principalmente para as pequenas e médias empresas). Encontrar novos talentos no mercado, dependendo da área, é um desafio e tanto na vida dos gestores. E o Coaching de Equipe pode ajudar a otimizar o tempo e os recursos da empresa.

Investir no desenvolvimento de seus próprios profissionais tem sido a saída para muitos empreendedores e por esses motivos, os profissionais de Coaching vêm ganhando cada vez mais espaço no mundo dos negócios.

O Coaching de Equipe bem aplicado, foca na contextualização da pessoa perante o meio corporativo em que atua. Ou seja, através dele o colaborador torna-se mais consciente dos objetivos de seu trabalho.

Foco em resultados é o principal objetivo dessa poderosa ferramenta que visa aumentar a produtividade da empresa. Mas, o primeiro passo é a busca por restaurar no colaborador a satisfação pessoal em estar desempenhando aquela função. Para isso, ele precisa ver sentido no trabalho que ele desenvolve conhecendo-o de forma mais sistêmica.

Melhorar relacionamentos entre equipes é outro ponto estratégico do Coaching de Equipe.

É importante ressaltar que as ferramentas não constituem algo inflexível e um caminho a ser seguido. A sequência de aplicação também não deve obedecer a um esquema ou a uma fórmula mágica, como já citei, e sim de acordo com as necessidades levantadas e apresentadas durante o processo de Coaching.

No entanto, o uso correto destas ferramentas por um profissional qualificado traz resultados extremamente significativos na busca pelo aumento da performance e atingimento de metas.

Assim, concluo, que não devemos demonizar ou idolatrar o uso das ferramentas, ou dos métodos, mas ter sempre em mente o que devemos colocar a serviço de nossos Coachees.

As ferramentas de coaching quando bem utilizadas e aplicadas por Coaches profissionais preparados, caracterizam-se como excelente suporte para promoção do autoconhecimento, desenvolvimento da qualidade e ainda como meio para potencializar os processos de mudanças consistentes.

João Luiz Pasqual
Coach PCC pela ICF, Coach Mentor e Coach Supervisor Acreditado
Dedica-se à pesquisa e ao desenvolvimento da atividade e prática do Coaching no Brasil e no mundo.

João Luiz Pasqual tem mais de 40 anos de experiência profissional. Coach Executivo e de grupos. Foi por mais de 30 anos, executivo do mercado financeiro tendo ocupado posições de Diretor Executivo em diversos bancos (Sudameris, Banco Real, Unibanco, ABN AMRO e Santander), viveu na Europa por 8 anos e viajou para mais de 30 países. É conselheiro de empresas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e foi Presidente da ICF no Brasil durante o exercício 2015/2018. É coach ICF – International Coaching Federation com a credencial Master Certified Coach (MCC), Mentor Coach pela inviteChange-USA e Accredited Coach Supervisor pela CSA – Coaching Supervision Academy – Londres. MBA pela FIA-USP e Mestrado em Consulting and Coaching for Change pelo INSEAD-Fontainebleau na França.
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