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Os ciclos biográficos no processo de Coaching

Sabia que o trabalho com a biografia humana nas sessões de Coaching consegue dar uma profundidade significativa ao processo? Rudolf Steiner, fundador da antroposofia, foi quem estruturou esse trabalho com uma visão dos setênios (ciclos de 7 anos) que marcam nossa história de vida.

O trabalho com a biografia humana nas sessões de Coaching consegue dar uma profundidade significativa ao processo. Rudolf Steiner, fundador da antroposofia, foi quem estruturou esse trabalho com uma visão dos setênios (ciclos de 7 anos) que marcam nossa história de vida.

Jair Moggi e Daniel Burkhard conseguiram combinar essa visão dentro do contexto organizacional e de carreiras. Sabemos que a nossa história de vida é pessoal, como se fosse um filme único no qual só nós podemos dirigir. Contudo, existem certas leis biográficas que afetam todas as pessoas. Rudolf Steiner notou que pessoas dentro de uma mesma faixa etária traziam inquietações similares.

Gosto muito da visão arquetípica que a antroposofia delineia no ciclo biográfico. Pensando no período dos 21 aos 49 anos, temos 3 setênios bem representativos em termos de carreira. O quarto setênio, a fase dos 21 a 28 anos, é marcado pela imagem do centauro. Ou seja, nessa época somos “metade animais e metade humanos”. Apesar da razão ainda predominar, somos muito levados por nossos impulsos.  Muitas vezes, tomamos decisões precipitadas em relação à nossa carreira. Contudo, isso tudo faz parte do processo de aprendizado, pois nesse setênio devemos experimentar o mundo e suas possibilidades profissionais. Ainda não é hora de consolidar, mas sim de buscar um lugar no mundo. Quanto mais experimentarmos, mais referências para lidar com a “crise dos talentos” que costuma chegar com 28 anos.

O período dos 28 aos 35 anos é marcado pela imagem do cavaleiro. Ou seja, nessa fase vamos para o mundo com iniciativa e coragem, contudo ainda usamos a espada (força) e armadura (máscaras). Para conquistar nosso lugar no mundo, atuamos com muita força, mas não queremos mostrar nossas vulnerabilidades e essência. Estamos preocupados em conquistar lugar. E por vezes, somos tomados por certa arrogância ao pensarmos: “Eu posso tudo, eu sei o que é certo.”

Já dos 35 aos 42 anos, surge a imagem do “andarilho”. Alguns brincam que caímos do cavalo. Essa é uma fase de grande questionamento interno. Nos tornamos excessivamente autocríticos e passamos a observar nós mesmos de forma mais objetiva. É uma fase de consolidar nosso lugar no mundo. Geralmente, já achamos nosso lugar no mundo e as coisas externas começam a se consolidar (família, trabalho, etc..). Esse setênio é encerrado aos 42 anos, com a crise da autenticidade. Nessa fase, questionamos os papéis que desempenhamos, as expectativas dos outros, o casamento e outras esferas. Começamos a desmantelar a estrutura psíquica que construímos ao longo dos anos, em busca de algo novo, mais verdadeiro, mais autêntico que deverá criar condições para sermos mais felizes e vivermos mais de acordo com a nossa essência.

De forma resumida podemos dizer que:

  • 0 aos 7 anos (1º setênio): é nosso nascer físico no qual temos a consciência do Eu;
  • 7 aos 14 anos (2º setênio): é o nosso nascer emocional no qual temos a vivência do Eu;
  • 14 aos 21 anos (3º setênio): é o nosso nascer da identidade no qual temos a afirmação do Eu;
  • 21 aos 28 anos (4º setênio): é a fase de nos prepararmos para vida na qual experimentamos o mundo;
  • 28 aos 35 anos (5º setênio): é uma fase na qual questiono e organizo o mundo;
  • 35 aos 42 anos (6º setênio): é uma fase na qual vou em direção à minha essência e assim eu começo a questionar a mim mesmo;
  • 42 aos 49 anos (7º setênio): é um período em que eu crio uma nova visão sobre mim e sobre o mundo, aqui eu tenho minhas próprias respostas;
  • 49 aos 56 anos (8º setênio): é a chamada fase da sabedoria. Aqui eu tenho novos valores;
  • 56 aos 63 anos (9º setênio): é um período mais intuitivo no qual nos conectamos com uma nova missão;
  • Após os 63 anos: ficamos livres das leis biográficas.

Enfim, olhando o ciclo como um todo, podemos dizer que a vida é um processo no qual somos convidados a nos tornarmos nós mesmos. Cada setênio carrega seu aprendizado e suas crises. Ter uma visão do ciclo biográfico ajuda o coach a selecionar melhor as ferramentas de trabalho com base no setênio que o coachee está vivenciando. Por outro lado, mostrar para o cliente as leis biográficas, não o impede de passar por suas crises e angústias, contudo amplia a consciência e traz maior tranquilidade por entender que cada ciclo traz seus desafios e oportunidades.

Taynã Malaspina é graduada em Comunicação Social pela ESPM, com mestrado e doutorado em Psicologia Social pela PUC-SP. No mestrado, estudou a relação entre trabalho, felicidade e sentido para jovens. Atualmente faz parte do núcleo de pesquisa do programa de doutorado em Psicologia Social (PUC-SP) e investiga o tema de projeto de vida. Autora do livro “Geração Y e busca de sentido na modernidade líquida e também do livro “O Trabalho contemporâneo no Brasil: desafios e realidades”. Dentro do mundo organizacional atuou na área de marketing de empresas como: Camargo Corrêa, Amanco e Samsung. Sócia-diretora da Oficina da Estratégia, consultoria especializada em pesquisa de mercado e planejamento estratégico. Coach formada pelo Instituto Ecossocial, com certificação ACC pela International Coach Federation (ICF). Formação em Coaching de Conflitos pelo Instituto Trigon – Entwicklungsberatung. Também participou do workshop de Comunicação Não Violenta no Instituto Ecossocial. Professora no curso de graduação em Administração e Recursos Humanos nas disciplinas de Gestão de Pessoas, Psicologia Aplicada, Ética e Qualidade de Vida. Fundadora do Movimento por um Trabalho com Sentido.
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