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Pena não existir uma mágica para acabar com a mortalidade infantil

Todas as fases da nossa vida são sagradas, importantes e em todas elas mudanças são possíveis. Entretanto, é na infância que exercitamos e desenvolvemos a personalidade e o caráter.

Estive com a minha família em um show de mágica. Adultos e crianças participavam e colaboravam no palco. Durante a interação com a primeira criança o mágico trouxe a frase: “Vocês querem ver como a mágica com ela é diferente? O adulto duvida antes de acreditar na mágica. A criança simplesmente acredita e vive a mágica”.

As bolinhas de espuma vermelha desapareciam e apareciam em maior quantidade. O pó mágico era colocado e bolhas de sabão transformavam-se em bolas que pulavam no chão. O coelho apenas desenhado em uma prancheta saltava ao colo da criança. Todos os olhares e gestos dela estavam livres de crenças que limitassem a aceitação do que acontecia.

Que linda a liberdade da criança! Ela estava curiosa. Havia também: o desafio, o prazer e a felicidade; esses contribuíam à construção de significados positivos a cada momento. Acredito que a prática dessa liberdade possibilitava: o autoconhecimento e o saber lidar com ele; o respeito ao próximo e a si mesmo e a resolução de problemas.

Acabou a apresentação do show e retornamos ao quarto do hotel onde estávamos. Enquanto nos preparávamos para dormir, liguei a televisão e logo chegaram notícias sobre mortes de crianças em conflitos no Oriente Médio. Contrastava drasticamente com tudo o que vivenciamos há pouco.

Pode ser que os governantes adultos que estão por lá descubram formas para lidar com aquilo que lhes faltam. Há muito que estudar e compreender o porquê eles escolhem essa via de solução. Agora, permitir que crianças morram? Não que outras vidas não sejam importantes… Mas estamos contando crianças que sofrem violências e perdem a vida!

Acredito que aqueles que permitem e fazem isso são não humanos que ainda insistem em conviver com os humanos. Talvez cheguemos a reclassificações daquilo que consideramos como gênese do ser humano.

Convivo diariamente com crianças junto aos viveres: escolar e familiar. Vejo os sonhos que trazem. Elas querem participar da criação das brincadeiras e dos conteúdos apresentados. Utilizam diversas tecnologias e comunicam-se multiplamente com outras crianças espalhadas pelo mundo. Os espaços de ensino-aprendizagem são relidos constantemente. Elas acreditam que são plenamente capazes de fazer e realizar quando são acolhidas e direcionadas por adultos que as reconheçam, as aceitem e as amem. Parece-me que aquele mágico é também um sábio.

Sabemos que nada disso é possível quando uma criança é constrangida e submetida a qualquer ato de opressão. Como não permitir que isso ocorra? Percebo que quando há possibilidade de que o adulto tenha contato com sua criança e esta está livre – ou em processo de cura – de maus-tratos, intensas transformações são vivências.

Todas as fases da vida são sagradas e em todas elas mudanças são possíveis. Porém, é na infância que exercitamos e desenvolvemos a personalidade e o caráter. Quando crianças: autorizamos espontaneamente a chegada dos acontecimentos e a partir deles criamos aquilo que consideramos como real e simbólico.

As guerras, os conflitos são capazes de ceifar a inocência genuína ao ponto de corromper a bondade na direção do ódio mútuo. Há alguma mágica para desfazer isso? Acredito que não. Há novos olhares e novas formas de reler as relações humanas que aí estão. Vamos debater sobre isso?

Leandro Alves da Silva é Gerente de Desenvolvimento Humano Organizacional na First Peopleware e atua desde 2011 em Coaching-Mentoring-Counseling, palestras e treinamentos customizados. Doutor em Educação pela FEUSP e Master Coach pelo BCI.
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