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Quando o medo do sucesso bloqueia o seu progresso!

Existem pessoas que de maneira ingênua buscam viver no mundo atual através da visão utópica que todos podem viver com menos e ainda assim serem felizes. Viver com menos, por vezes, implica em ser menos.

Olá!

Na ultima semana estava, como de costume, rolando o feed de notícias do meu Facebook quando me deparei com uma imagem do Papa Francisco e uma frase atribuída a ele que entre outras coisas, pregava o desapego dos bens materiais, incluindo comparações que nenhuma pessoa em sã consciência refutaria:

  • O relógio de trinta reais marca a hora como o relógio de três mil reais;
  • O telefone de cem reais faz ligações como o telefone de dois mil reais;
  • Um copo de água gratuito mata a sede como um copo da água mais cara.

E por aí vai defendendo que não devemos nos concentrar em adquirir riquezas materiais valorizando a simplicidade da vida de forma que possamos ser felizes com muito menos do que temos.

Obviamente não acredito que sua Santidade tenha parado para escrever estas frases em Português, colar em uma foto de si mesmo e publicar em sua página do Facebook à procura de likes ou para aumentar seus seguidores. Mas sim, existem pessoas que concordam com esta visão e que de maneira ingênua buscam viver no mundo atual através da visão utópica que todos podem viver com menos e ainda assim serem felizes.

Em meu estreito círculo de amigos, possuo alguns que vivem desta maneira, são felizes e por vezes confesso que fui tentado a invejar seu modo de vida. Entretanto, o modelo de vida que escolheram também os levou a abdicar de coisas que eu não estou pronto, e não estou falando de bens materiais. Para preservar a identidade destas pessoas queridas, seus nomes estão trocados, mas tenho certeza que o telefone vai tocar assim que publicar este artigo.

Roberto tem quarenta e cinco anos, cinco a menos que eu e somos amigos de infância. Vivíamos no mesmo bairro, nossos pais se conheciam, tudo como manda a pacata vida das periferias das cidades grandes.

A única diferença é que Roberto sempre foi mais dedicado às causas populares. Sempre participava de ações comunitárias, quermesse de escola e coisas do tipo. Quando atingimos a idade de vestibular ele trabalhava na farmácia do pai e decidiu fazer medicina. Não conseguiu, como a maioria de nós, uma vaga em faculdade pública, mas com muito sacrifício pessoal e da família formou-se e especializou-se em pediatria. Hoje Roberto é médico sem fronteiras e falamos de maneira esporádica, via internet quando ele consegue.

Seu mundo cabe em uma mochila destas grandes de alpinista. Sua casa no Brasil continua sendo um quarto na casa de seus pais que estão idosos, mas gozam de plena saúde física e mental. Roberto é feliz com as centenas de filhos que atende e dezenas de famílias que o consideram como membro, todavia, não houve tempo para uma família real, com filhos reais e algumas vezes ele se ressente deste fato. Ele vive com pouco, muito pouco mesmo, é plenamente satisfeito com sua missão de vida, mas precisou abdicar de coisas para ter outras coisas.

Jorge já é diferente. Nunca foi afeto aos estudos. Não que fosse burro, muito pelo contrário, Jorge é uma destas combinações explosivas de inteligência e preguiça. Como aprende tudo muito facilmente, resolve as coisas com jeito e não se preocupou com educação formal.

Uma vez foi convidado por amigos comuns para ir à Suíça e mesmo sem falar uma palavra em Francês, voltou de lá quinze dias depois com um vocabulário melhor que muitos alunos de escolas de língua. No mundo profissional, recebeu várias ofertas para cargos de liderança, mas recusava todos, pois “mudaria a relação com os colegas” e “não precisava de muito para viver”.

Jorge é feliz. Com sua casa alugada, seu carro de dez anos e uma esposa que completa a renda do casal com a venda de salgados e sanduíches. Não tiveram filhos. Um dia conversando sobre este último tema, Jorge confidenciou que uma família maior exige custos maiores e ele não se preparou para tanto. Mais uma vez, a escolha do menos envolve em abdicar do mais.

Voltando ao ponto central da nossa conversa, o que os defensores do viver com menos não contam aos incautos é que viver com menos, por vezes, implica em ser menos. Peço sua permissão para de maneira livre e poética refazer as frases que foram atribuídas ao Papa Francisco e veja se elas fazem sentido:

  • A escola de cinquenta reais ao mês possui o mesmo ensino que as outras mais caras;
  • A casa de rua de oitenta mil reais traz a mesma tranquilidade que a de um condomínio fechado;
  • A saúde pública do país oferece os mesmos recursos que os hospitais particulares.

Se fizer sentido, pode seguir em seu caminho, mas se não fizer, gostaria que você refletisse um pouco mais sobre a ingenuidade do viver com menos.

Se você, meu querido leitor, pensa em ter uma vida usual, com filhos, companheiro ou companheira, saúde física e mental, segurança, educação, acesso à cultura e tudo o que torna nossa vida plena, certamente, irá precisar de recursos materiais. Isto implica em uma atividade remunerada e bem remunerada. Isto é o que muitas pessoas definem como “ser uma pessoa de sucesso”.

Por muitas gerações, a cultura geral do nosso país apresentou pessoas bem-sucedidas como os vilões da história. Os exploradores que conseguem tudo e maneira fácil e não “batalham” para ter suas conquistas. Por conta disso, outras tantas pessoas, não querendo ser os vilões da história, também abdicam do sucesso ou fogem dele como meu amigo Jorge.

Pense com carinho no que falamos e avalie como você quer conduzir sua vida. Os heróis solitários sempre terão minha admiração, mas no meu caso, escolhi o caminho usual e, para isso, a escolha pelo sucesso é obrigatória.

Um grande abraço e até a próxima!

Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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