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Receita para ser feliz!

Existe mesmo essa tal “Felicidade”? Há algum lugar onde haja tal grau de qualidade de vida, bem-estar e, principalmente, de “Felicidade”? Alguém tem essas respostas?

Um assunto no qual os pesquisadores de comportamento humano têm investido energia e recursos é “Felicidade”, centro de atenção de muitas atividades acadêmicas e científicas desenvolvidas mundo afora. Assumindo o mês de Março de 2019 como referência, Flora Victoria (Fundadora da Sociedade Brasileira de Coaching e presidente da SBCoaching Training) criou vários roteiros para divulgar as mais recentes descobertas da ciência, estimulando webinars, cursos, debates e trocas de opiniões entre os seus seguidores. Como Embaixadora da Felicidade, no Brasil, entre as abordagens feitas tratou de comentar sobre os países mais felizes e o que explica essa sensação de “Felicidade”.

Especificamente, motivado pelo trabalho desenvolvido pela Flora Victoria e o SBCoaching Training, quero hoje me referir ao estudo do professor Alex Michalos (University of Northern British Columbia), que foi apresentado durante encontro organizado pela OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e o Banco da Itália, anos atrás, quando debateu o tema “Educação,”Felicidade” e Bem-estar”. A pergunta então foi: o nível de Educação pode influenciar no estado de ”Felicidade” e Bem-estar das pessoas?

Cabe lembrar que existe um entendimento antigo quanto à natureza da “Felicidade”, o qual se baseia na Eudaimonia, termo grego que significa “o estado de ser de alguém habitado por um bom Deus” mas que, em geral, é traduzido simplesmente como ”Felicidade” ou Bem-estar. Hoje, na linguagem comum, ”Felicidade” é associada à sensação prolongada de Prazer. Porém, essa noção moderna de Bem-estar, ”Felicidade” e Prazer não têm consenso. Para Michalos, filósofos que aceitaram a tradição Eudemonista (por exemplo, Sócrates, Platão e Aristóteles) também concordaram que as pessoas deveriam refletir sobre si mesmas como um todo, descobrir o que é mais importante ou valioso, objetivando planejar e viver suas vidas para atingirem esse fim.

Certamente, nesta abordagem, é fundamental conhecer como Michalos define essas palavras tão comumente usadas, mas que podem ter interpretações bem diferenciadas ao redor do mundo. Cabe antecipar, ele comenta e faz um alerta inicial: dada a grande variedade de cenários de pesquisa que podem ser construídos a partir das possíveis definições dessas três variáveis essenciais (Educação, ”Felicidade” e Bem-estar), deve-se esperar muitas respostas diferentes quando se aponta qualquer política pública que se pretenda implantar.

Michalos assume a definição “robusta” de que Educação deve incluir a construção formal de conhecimento (com diplomas e certificados), a não-formal (aprendizagem sem compromissos com diplomas ou certificados) e a informal. Esta última, especial e independente de qualquer curso, está relacionada aos conteúdos recebidos dos meios de comunicação social, do aprendizado com obras de arte e cultura, da formação e de experiências relacionadas com o trabalho, com a interação social e por outras experiências cotidianas.

Quanto à “Felicidade”, Michalos se refere ao conceito do “Bem-estar” geral pela capacidade de a pessoa plenamente desfrutar das capacidades da mente (por exemplo: cognição, sabedoria, virtude moral e prazer), do corpo (por exemplo: saúde física e prazer a ela associado), da família e amigos, bem como de bens externos (por exemplo: dinheiro e recursos materiais conquistados), também podendo usufruir de tudo isso com paz e segurança em suas comunidades bem governadas.

Com essas definições, sem dúvida, a “Educação” terá enorme influência na “Felicidade”. E as pesquisas mais recentes mostram evidências de que a maioria dos governos, da maioria dos países, quer uma agenda política que siga essas definições robustas. Continuando, se a característica distintiva na “Educação” é o fato de que a aprendizagem ampla ocorra, então será simplificação grosseira defini-la meramente como a educação formal que leva a algum tipo de certificação. As pessoas e suas comunidades devem investir em aprender tipos diferentes de conhecimentos em uma variedade de circunstâncias.

Michalos lembra que o mundo abriga pessoas que vivem na pobreza, sem comida adequada, abrigo e assistência médica, enfrentando cotidiano de vida com pouca esperança de alívio. O Bem-estar que as políticas públicas devem propiciar, para essas pessoas, não é apenas um cotidiano em que elas se sintam bem, não importando as terríveis condições socioambientais existentes. Deve também ser propiciado um adequado nível de autoestima e estabilidade emocional; haver a orientação social, o amor saudável, satisfatório, caloroso e boas relações sociais. Deve ocorrer um estilo de vida ativo com trabalho significativo e um relativo otimismo, livre de preocupações e orientado ao presente.

Então, alguém pode perguntar: Existe mesmo esse tipo de “Felicidade”? Há algum país onde seu povo tenha esse grau de qualidade de vida, bem-estar e, principalmente, de “Felicidade”? Algum país tem essas respostas? Como fica o Brasil nesse sentido?

Respondendo essas questões, a Finlândia superou a Noruega para se tornar a nação mais feliz do mundo, segundo estudo da ONU (Março de 2019). O Relatório Mundial sobre a ”Felicidade”, de 2018, também mostra o declínio constante dos EUA, à medida que o país enfrenta crises de obesidade, abuso de substâncias proibidas e a depressão cada vez mais presente. Pela primeira vez, a ONU também examinou os níveis de ”Felicidade” dos imigrantes, em cada país, e descobriu que a Finlândia também obteve a maior pontuação.

O relatório, uma publicação anual da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU, afirma que todos os países nórdicos (Finlândia, Dinamarca, Noruega, Islândia e Suécia) tiveram alta renda, expectativa de vida saudável, apoio social, liberdade, confiança e generosidade. Os rankings baseiam-se em pesquisas sobre bem-estar, bem como em percepções de baixa corrupção, generosidade e liberdade. Esse é o mais recente elogio para a Finlândia, um país de 5,5 milhões de habitantes que, há apenas 150 anos sofreu a última crise de fome natural da Europa. O país foi classificado como o país mais estável, mais seguro e melhor governado do mundo. Está também entre os menos corruptos e os mais socialmente progressistas, com uma polícia amplamente confiável em suas atividades.

Os finlandeses são bons em converter riqueza em bem-estar. A saúde gratuita e o ensino universitário estão diretamente ligados à “Educação” e motivam o quadro de “Felicidade”. O relatório observa que os países da América Latina geralmente são vinculados à corrupção, altas taxas de violência e criminalidade, distribuição desigual de renda e pobreza generalizada. Curiosamente, os países latinos sempre tiveram pontuação relativamente alta no relatório de “Felicidade”, mas seus resultados estão em grande queda. O Brasil, particularmente, estava na 16ª posição em 2015, vem caindo desde então e, em 2019 ficou em 32ª lugar.

O relatório, neste ano, concentrou-se no âmbito das comunidades: como a “Felicidade” evoluiu nos últimos doze anos, com foco em tecnologias, normas sociais, conflitos e políticas governamentais que impulsionaram as mudanças. Capítulos especiais do estudo enfocam generosidade e comportamento pró-social, os efeitos no comportamento de voto, os impactos do uso da internet e os vícios associados. Fundamental é ver como as comunidades interagem umas com as outras, seja nas escolas, locais de trabalho, bairros ou nas mídias. Certamente, esse estudo oferece aos governos e indivíduos a oportunidade de repensar políticas públicas, bem como as escolhas de vida individuais, para aumentar a própria ”Felicidade” e o Bem-estar.

Lembrando a questão de origem, terá sido a Educação de seu povo fator preponderante para a Finlândia ter esse grau de “Felicidade”? Pois bem, os finlandeses só conheceram ruas de asfalto na década de 1920 e, até começo do século XX, conheciam apenas a pobreza. Nessa época, a hoje rica Finlândia era uma economia substancialmente agrária, e seus primeiros 14 km de rodovia asfaltada seriam inaugurados somente em meados do século passado. Mais recentemente, o país foi transformado por um conjunto de políticas educacionais e sociais, criando um dos mais celebrados modelos globais de excelência em educação pública.

Esse é o conhecido milagre finlandês, iniciado na década de 70 e turbinado nos anos 90 por reformas inovadoras. Em um espaço de 30 anos, a Finlândia transformou um sistema educacional medíocre e ineficaz, que amargava resultados escolares comparáveis aos dos países mais pobres, em uma incubadora de talentos que a alçou ao topo dos rankings mundiais de desempenho estudantil e alavancou o nascimento de uma economia sofisticada e altamente industrializada. Trata-se, à primeira vista, de um enigma, pois os finlandeses estão fazendo exatamente o contrário do que o resto do mundo faz na eterna busca por melhores resultados escolares. O seu receituário inclui reduzir o número de horas-aula e limitar ao mínimo os deveres de casa e provas escolares. No Brasil, enquanto isso, o desafio permanente tem sido reduzir a desigualdade de oportunidades educacionais que existe entre as crianças que nascem em famílias pobres e as mais ricas.

Fica evidente que a Educação tem um peso fundamental na ”Felicidade” e Bem-estar, gerando espaço muito propício aos profissionais de Coaching, Mentoria e RH: criem e motivem programas de Educação nas empresas e instituições, de forma a haver envolvimento dos clientes com vários tipos de aprendizagem. Não restritos à aprendizagem formal, os profissionais, gestores e demais lideranças terão espaço para dar vazão a ímpetos criativos e inovadores. Alcançando (ou chegando próximos da) “Felicidade” e “Bem-estar”, sua produtividade crescerá, a empresa ganhará e toda a sociedade se beneficiará com essa integração plena.

Pensem todos nisso e trabalhem pela “Educação” robusta e ampla nas instituições para, assim, viabilizarem a tão desejada “Felicidade”. Recado final: que os coaches e mentores mobilizem-se também em benefício próprio, assumindo uma aprendizagem integral e abrindo espaços novos de “Felicidade” em terras brasileiras.

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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