Escrevo para você inspirada no que eu mesma estou vivendo: um momento da minha vida onde várias ondas ao mesmo tempo quebram nas suas respectivas praias. São fins de ciclo. E, ao menos para mim, isso mete um certo medo. Ter consciência, mesmo que só um pouquinho, de que algo já deu o que tinha que dar, implica em tomar alguma atitude.
Em minha própria vida e, nesta vida de trabalhar com a essência das pessoas, vi que quando se chega a esse ponto da jornada, duas estradas geralmente se abrem: o caminho da negação ou o da aceitação. A negação é, antes de mais nada, dolorida. A gente batalha pra omitir o que está rolando e isso é ardido pra alma. Mas, como diria Renato Russo na música Quase sem Querer: “mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”. E não se encarar é ainda mais danoso no médio prazo (e no longo, e no longuíssimo…)
Outro caminho, igual ou mais difícil, é de aceitar o fim do ciclo. Dar-se conta de que já deu o que tinha dar pode ser complexo, mas é o que abre novos campos de possibilidade. É quando a gente se apropria dessa informação, temos a chance – e a responsabilidade – de levar a nossa vida para onde queremos de fato.
Então fica a pergunta: como saber se algo já deu o que tinha que dar? Minhas percepções me levam a crer que existem distintos sintomas, afinal cada um é de um jeito, mas de maneira geral, eu sugiro que você fique alerta quando:
- Você se sente inadequado na situação. Dá um estranhamento, você acha que está fazendo tudo errado e os feedbacks muitas vezes confirmam isso. Você até pensa que é uma fraude e que será descoberto (logo), pois não está dando tudo que poderia, nem sendo tudo que poderia. Óbvio: você não está mesmo, pois quem você é e poderia ser não tem espaço mais naquela situação;
- Fazer o que tem que ser feito virou um sacrifício. Era feito com facilidade, e não é mais. Ir na segunda trabalhar, por exemplo, é penoso e seu domingo vira Domingão da Depressão. Ai… como é ruim isso!;
- Você não sabe por que, mas não se encaixa mais com o “pessoal”. Você passa a achar que as pessoas são “isso ou aquilo” e vice-versa. Não se vê mais como parte, não se percebe do meio e se vê como alguém diferente daquela “turma” (leiam-se familiares, colegas, amigos, a turma de sempre, a namorada, o esposo, as mães da porta da escola etc.);
- Você se sente mal por não mais pertencer àquele ambiente tão familiar, àquelas pessoas, com seus valores e jeitos de viver. Culpado talvez, você nega isso e tenta ainda mais pertencer. O que por sua vez pode fazer com que você se deforme para caber;
- Você vislumbra outras possibilidades, mesmo que remotamente. Quer estar em outro lugar, fazendo outras coisas, talvez com outra(s) pessoa(s) – o que te traz uma sensação muito, muito boa. Mas isso é segredo de estado! (prometo que não conto pra ninguém)…
…mas você tem que voltar à “realidade”, afinal tem contas para pagar, um status a manter, filhos para cuidar, a pressão da família. E aí você fica pendurado nessas coisas, como se fosse te compensar pelo sofrimento de não estar vivendo a vida que você de fato quer. Ou justificando você não sair da situação. Ou na esperança de que aquilo “vai passar”.
Eu sei… este tema é profundo. Mas eu estou aqui, como você já sabe, para te ajudar a dar espaço para sua alma, para que ela te guie e te ajude a construir uma vida que faça sentido viver no dia a dia.
Então te pergunto: você já passou por alguma situação como essa? Como fez para resolver? Me conta aqui, é só comentar aqui abaixo no post. Eu leio todas as mensagens que recebo e, na medida do possível, respondo.
Com amor e com alma,
Karinna
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