Quando se trata de literatura, pode-se encontrar uma imensa quantidade de pessoas muito críticas quanto àquilo que, popularmente, convencionou-se chamar de “autoajuda”. Porém, está nesses manuais, guias e compêndios muito sobre filosofia de vida que, ao final, pode contribuir para que os leitores descubram prósperos caminhos e se orientem para futuras decisões. Como em tudo há trabalhos bons e outros nem tanto, o que elimina o direito de um crítico pré-julgar “autoajuda” como algo ruim, por princípio.
Ao longo da história da humanidade, muitos foram os autores que se tornaram célebres pela forma como postularam princípios de orientação para as pessoas, em diferentes épocas. Claro que se poderia começar a relação pelos chineses Sun Tzu ou Lao Tsé, pelos gregos Platão, Sócrates ou Aristóteles, e caminhar para mais perto de nossos dias. A depender do foco, encontraremos Leonardo da Vinci, Galileu Galilei, René Descartes e outros intelectuais, filósofos ou não. Mas talvez, no que se refere ao jogo do poder e do sucesso, nenhum nome seja tão atual e expressivo como o de Niccolò di Bernardo dei Machiavelli (1469-1525).
Maquiavel, como é mais conhecido, é um autor ainda hoje presente nas leituras de grandes nomes da política internacional e da arena de grandes negócios. Seu livro mais celebrado é O Príncipe, cuja conclusão aconteceu em 1513, mas que só foi publicado postumamente, em 1532. O que pouca gente sabe é o fato de o autor ter atualizado, para aquela época, conceitos da Antiguidade que faziam referência ao poder e à fortuna. Eu sugiro que você, que vive o ambiente do mundo de negócios ou mesmo se interessa pela temática do poder e da conquista, veja com atenção o filme O Príncipe, da série Grandes Livros:
E o que faz a busca do poder estar tão afinada com a busca do sucesso?
Os pesquisadores Arménio Rego e Emanuel Leite desenvolveram um trabalho muito interessante, em 2003, chamado Motivos de sucesso, afiliação e poder: um estudo de validação do constructo no Brasil. Segundo a literatura internacional pesquisada e inserida no estudo, os motivos que levam uma pessoa ao “sucesso” apontam para a busca da excelência, com riscos moderados a serem enfrentados, e o interesse por feedbacks para melhoria de desempenho, mantendo metas altas, porém realistas. Quanto àqueles que se voltam à conquista do “poder”, a motivação nasce na busca de prestígio e influência, mesmo que correndo elevados riscos, tendo o prazer de gerar comportamentos ou emoções de impacto nas pessoas. Estar em contínua competição com os outros jogadores faz parte dessa orientação ao poder.
Certamente, é possível que alguém caminhe na busca do poder e construa um caminho de sucesso. O contrário já é mais complicado e difícil. O que é fundamental, para quem lê este texto e passa a refletir sobre o jogo do poder e do sucesso, está em perceber que sempre haverá um esforço orientado para um ponto no futuro e uma série de riscos envolvidos. Tudo dependerá de o quanto a pessoa se lança decididamente nessa busca, preparada para superar dificuldades e traduzir riscos em oportunidades. Retomando o pensador Maquiavel, não há nada mais difícil de construir, nem mais incerto e perigoso do que dar uma nova ordem para as coisas que nos cercam. A busca do poder e do sucesso exige ter respostas próprias para isso.
Finalizando, nesta postagem de hoje que apresenta uma filosofia sobre o poder e o sucesso, cabe pensar em que na sua busca pessoal, qualquer que seja ela, você deverá harmonizar a competência de tomar a melhor decisão, escolhendo o tempo certo, e colocando-se de corpo e alma na sua implementação. A decisão não pode ser precipitada e exige reflexão, mas não pode demorar de forma a que se perca a oportunidade. Para isso, é exigida a inteligência, o preparo pessoal e a discrição. Por fim, nada se conquistará sem uma dedicação plena e a capacidade de enfrentar todos os riscos do caminho. O prêmio pela chegada ao pódio, a seu critério, poderá ser o sucesso, o poder ou, até mesmo, ambos. Boa sorte!
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