2021: O Ano da Humanização dos Ambientes de Trabalho
De repente nada estava como antes, mudamos de lugar, de companhias diárias, de canais de comunicação. Sem aviso prévio a rotina era outra e as entregas esperadas eram as mesmas, ou ainda mais exigentes. O que esperávamos que voltasse ao normal, num breve espaço de tempo, virou o “novo normal” e nem ele não chegou ainda. Em outras palavras, nada soa realmente normal.
Nesse movimento e sem descanso – porque mesmo de férias o coração insiste em pulsar meio apavorado – entramos em 2021 cheios de incertezas. Ainda que a fala seja otimista, algo em nós ainda sente medo do que virá.
Citamos o medo, mas você pode nomear como quiser o desconforto que te acompanha nesse momento da vida. É verdade que apesar de algumas coisas estarem indo muito bem, outras não vão, e isso é suficiente para deixar você incomodado.
Esse recorte do tempo que vivemos parece trazer consigo uma lente de aumento sobre o que já existia antes. E mostra a vida real de todo mundo. Vida pessoal e profissional foram percebidas com uma só (enfim!), acontecendo até no mesmo ambiente físico. Essa visão nos encaminhou para a humanização, a consideração do ser como integral.
Agora que já estamos um pouco mais íntimos de nós mesmos e das pessoas com quem convivemos (fisicamente e online), e se estivermos dispostos, poderemos fazer o exercício de aceitá-las e facilitá-las na sua individualidade, como um grande benefício para todos, indivíduos, empresas e sociedade. Indivíduos ganharão em saúde psicoemocional, empresas em produtividade e a sociedade terá a chance de se desenvolver em maior equilíbrio.
Na prática sentimos que é quase impossível, por exemplo, desconsiderar os formatos de família para alinhar expectativas de trabalho, como horários de reuniões, entregas e outros. Se o colaborador tem filhos pequenos, ou o tempo se ajusta ou a companhia das crianças será evidente nos encontros online. Evitar ou ignorar essas situações nos parece contra propósito do mundo atual.
Resgatar ou construir vínculos têm se demonstrado um caminho significativo para o engajamento das pessoas e das equipes no trabalho, que não são mais vizinhas de baia. Isso quer dizer que ter um tempo de resposta ágil e ritmado ao que cada um precisa, considerando interesse para ouvir e honestidade para responder, é mais importante do que nunca.
Líderes que estiverem genuinamente interessados por seus colaboradores, e que disponíveis emocionalmente puderem acolher a individualidade de cada um – acima de políticas de massa, poderão se destacar de forma sustentável, mesmo depois da pandemia. Para cada pedido, uma resposta. Na busca do equilíbrio entre as necessidades das pessoas e recursos da empresa, e vice-versa, encontraremos o olhar que todo ser humano merece.
Pensamos aqui que a reflexão sobre os aprendizados de 2020 possa levar muitos de nós para essa conclusão: vivemos com velocidade a digitalização das relações e do trabalho. Isso nos pede, com a mesma atenção, o resgate da nossa humanidade e valorização do tempo investido em conhecer e acolher as pessoas na sua integralidade.
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Anne Bertoli e Brunna Martinato
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