30 dias depois!
Depois da missa do 30º dia da partida da minha mãe…
Interessante sentir a importância de alguns rituais em nossa vida. Missa de 7º dia, e depois dos 30 dias.
Exatamente 29 dias depois eu ainda estava procurando entender o que tinha acontecido.
Fui a uma consulta com um médico vascular e a consulta foi mais para buscar explicação para o que tinha acontecido com a trombose da minha mãe do que para me consultar preventivamente.
Me perguntando se eu tinha que ter feito algo que não fiz, se não vi nenhum sinal que poderia ter evitado, enfim, nesse processo de luto são várias as fases e confusões.
As reflexões sobre como tenho levado minha vida estão ainda mais intensas, só que em mais equilíbrio, sem grandes picos emocionais.
Todas as coisas que valorizamos nessa hora, têm a ver com essas passagens simples da vida. Mesmo as dificuldades, desentendimentos vêm na memória como aprendizado de uma relação muito intensa entre mãe e filha, e claro, todas as qualidades dela e exemplos que estarão gravados em mim para sempre!
Ainda tenho congelado o último feijão dela, que para mim é sem dúvida o melhor feijão do mundo. E tenho certeza de que essa refeição vai ser outro grande ritual de muita gratidão.
O Luto nos traz várias fases e como estamos vivendo um grande momento de Luto mundial, não é? A Pandemia nos trouxe essa dor ou tem nos feito conviver com várias pessoas que estão vivendo essa dor tão dilacerante e que tanto nos desorganiza por dentro.
Já vinha acordando todos os dias grata, mas hoje tenho me pego em muitos momentos do meu dia pensando na morte. E não como algo mórbido, pelo contrário, tenho pensado na certeza inevitável de que todos vamos morrer e muitos não têm um prazo para saber.
Por isso esses pensamentos têm me trazido mais e mais gratidão a vários momentos dos meus dias e honra pela minha vida.
Nas minhas meditações e enquanto faço alguns exercícios de respiração consciente, é como se estivesse celebrando cada momento de inspiração e expiração.
Outro pensamento muito recorrente tem sido aos meus apegos. Confesso que tem diminuído muito, mais ainda me apego a coisas, a pessoas e a situações como se eu pudesse de fato ter algo. E então me lembro das ilusões constantes do meu Ego.
Não sei como serão meus próximos dias sem ter a minha mãe, o seu feijão, suas ligações e sempre suas mesmas perguntas. Mas sei de muita coisa que se transformou dentro de mim e isso também não voltará mais ao mesmo estado. Nada mais voltará.
E ficou sua última lição para mim!
A de aproveitar a minha vida e honrá-la para sempre!
Gostou do artigo? Quer conversar sobre o luto e a gratidão pela vida que precisa seguir? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em te ouvir.
Claudia Vaciloto
http://www.nasala.net/
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