Você já reparou como a nossa mente é tagarela? Move-se de um assunto para outro e, sem que percebamos, já não é possível lembrar qual era a ideia inicial. Com a quantidade de informações que absorvemos todos os dias, fazemos compromissos o tempo todo. É o compromisso de morar sozinho, de encontrar a independência financeira, de trabalhar com o que gosta, de ser mais saudável, entre outros. Nesse momento, como que para sabotar essas decisões, entram as desculpas: agora não dá, o dinheiro não sobra, preciso do meu salário atual, não tenho tempo para caminhar, etc.
Mas por que é tão difícil focar nossa intenção no que realmente queremos? A razão principal é que não fomos ensinados a fazer isso. Na escola ninguém mostra como a mente funciona e como podemos fazer melhor uso dela. Assim, vivemos cada dia sem perceber que existe algo dentro de nós que é muito mais poderoso do que a própria Internet. Não sou cientista ou neurologista, mas sou observadora – assim como você – e percebo que existe muito mais para descobrirmos sobre o potencial humano. Tenho me feito essa pergunta há algum tempo, e encontrei na meditação um caminho para ajudar no desenvolvimento de nossa capacidade mental.
A palavra em sânscrito que define meditação é dhyana, que não possui correspondente em nenhum outro idioma, já que o estado que essa palavra representa não existe em outra língua. Em português, existem duas palavras que se aproximam do significado de dhyana: concentração e contemplação. Mas meditação não é concentração, pois concentrar-se significa focar em um único ponto. E também não é contemplação, que significa focar-se em um único assunto (Osho).
“Meditação é um estado de simplesmente ser, apenas pura experiência, sem nenhuma interferência do corpo ou da mente. É um estado natural, mas que esquecemos como acessá-lo.” (Osho International Foundation)
Assim, meditação é deixar fluir sem resistir a ideias ou pensamentos, encontrando o “olho do furacão”, no qual somos o observador de nossa própria vida. Quando conseguimos ser o observador passamos a perceber nossas autossabotagens, os pensamentos e sentimentos que nos limitam, os paradigmas que nos prendem a dogmas antigos. Com o tempo, somos capazes de travar ricos diálogos internos que ajudam, tanto a decidir qual a melhor reação em determinada situação, quanto a encontrar respostas para problemas complexos.
Benefícios da meditação
Por fazer o cérebro trabalhar numa frequência mais sutil chamada “alfa”, a prática da meditação melhora não só o controle das emoções como também a capacidade mental, a disposição e a consciência individual. Isso nos deixa com a mente tranquila, facilitando o fluxo dos pensamentos.
“Vista por alguns apenas como algo transcendente, o relaxamento ou a meditação possui sua fundamentação científica. Com a criação do eletroencefalograma, descobriu-se diferentes frequências elétricas geradas pelo cérebro; divididas basicamente em 4 faixas distintas (…) onde cada uma corresponde a um estado determinado de consciência. Observou-se que quando estamos conversando, trabalhando, o eletro oscila entre 13 e 30 Hz. Procuraram saber o que ocorria nas pessoas em coma e descobriu-se que o registro era de 0,5 Hz. Por regra, seria: quanto mais tensos, mais respirações são necessárias e maior será a frequência cerebral; quando mais calmo melhor será o ritmo respiratório, diminuindo a frequência cerebral.” (fonte: Nei Naiff)
A meditação é recomendada em tratamentos e na prevenção de doenças do coração, câncer, distúrbios do sono, ansiedade e como auxiliar na perda de peso. Como trabalha a percepção da realidade, melhora nossa autoimagem, ajuda a reduzir a expectativa em relação às outras pessoas e torna a vida mais estável, satisfatória.
Tipos de meditação
Existem incontáveis formas de meditar, variando de acordo com os objetivos do praticante, da filosofia e da religião. As mais conhecidas técnicas costumam focar na respiração, em mantras ou em imagens como as mandalas. Embora as técnicas se diferenciem, o objetivo da meditação é sempre o mesmo: encontrar o equilíbrio pessoal.
Conheça alguns tipos de meditação:
Budista Tibetana – A meditação acontece usando mantras, visualização, gestos (mudras). Em alguns casos, você presta atenção também no ritmo da sua respiração. Muitas vezes, a prática acontece depois da reflexão sobre os textos religiosos de Buda.
Transcendental – A ideia é diminuir a excitação mental. Quem faz com instrutor, recebe um mantra pessoal, que é repetido várias vezes, ajudando a silenciar a mente. Não tem nenhuma influência religiosa.
Raja Ioga – Tem ligação com o hinduísmo e não usa mantras ou respiração. A ideia é sossegar os pensamentos e se ater a sentimentos puros e positivos, como amor, perdão e compreensão.
Dinâmica – Ao contrário das outras, nesta meditação você não fica parada. Movimenta-se, mexe o corpo mesmo para liberar as tensões e, assim, sossegar a mente.
Cristã – Tem a influência dos monges beneditinos. Medita-se repetindo um mantra. O mais usado é a palavra Maranatha, que significa “vem, Senhor!”.
Zazen – Originária do budismo de tradição japonesa, a ideia da prática é o “não pensamento”. É bastante desafiadora, uma vez que a mente não deve se concentrar em nenhum objeto ou respiração.
Como praticar
Agora que você já sabe um pouco mais sobre a meditação e seus benefícios, que tal praticar um pouco?
Confira no link abaixo duas opções interessantes que podem ser realizadas em casa. Mas, apesar de ser um estado natural da mente, nem sempre conseguimos os melhores resultados sozinhos. Assim, pode ser interessante estudar formalmente o assunto.
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