Peter Thompson é um bem-humorado articulista e conjuga competências de jornalista, editor, palestrante e Coach. Em seu artigo publicado ontem (tgimondays.com), ele faz interessante jogo mental e provocativo. Para tentar garantir o máximo de fidelidade ao texto, vou me permitir adaptar apenas o que me parece absolutamente necessário. Ele começa perguntando:
“Você é mesmo competente nos seus últimos três passos?”… Pois bem, esqueça da visão métrica e entenda que a expressão pode se relacionar com muitas áreas da vida e para a maioria das atividades que uma pessoa desenvolve no cotidiano. Thompson tenta explicar a ideia central a partir do comportamento que um esportista de golfe: você pode ser muito bom e dar tacadas maravilhosas, porém, se nos últimos três passos a bola não cair no buraco, perde-se a partida. Talvez uma metáfora mais brasileira seja a do jogador que dribla o time adversário, dribla o goleiro e, com o gol escancarado, chuta para fora.
Voltando à realidade do dia a dia, todos nós conhecemos pessoas que poderiam passar horas, ou mesmo semanas e meses, a explicar as características e benefícios de seus produtos e/ou serviços a potenciais clientes, fazendo isso sempre de forma brilhante. Mas, e aí vem o famoso “mas”, quando se trata de caminhar os últimos três passos, o fechamento da venda, a tomada de decisão, a conclusão de uma proposta, surge o medo da rejeição. Vem o primeiro vacilo, que chama o segundo vacilo e a pessoa trava, sem conseguir ir em frente.
Para Thompson, são esses “três passos” que separam os que ciscam (e nada completam) daqueles que são capazes de manter o foco e chegar ao fim, terminando bem o que começaram. Tem uma ressalva importante a se reconhecer, pois mesmo os melhores atletas e corredores, às vezes, acabam se atrapalhando na hora da chegada. Eles correm bem ao longo da prova, estão em posição de vitória, mas, no último momento, ficam em segundo lugar!
Muitos líderes, sejam políticos ou empresariais, cometem o mesmo erro. Ao vislumbrarem a vitória se deslumbram, perdem o foco, começam a celebrar o triunfo antes que o resultado final lhes favoreça. Ser o melhor “nos últimos três passos” não é apenas sobre conseguir fazer algo vitorioso de vez em quando. É ir além, muito além, pois se trata de não fazer algo assumindo passividade e a expectativa pela vitória, quando não se joga de corpo e alma até o final.
De novo, então, vem a pergunta do título: Quanto você é competente nos três últimos passos?
Você já fez grandes discursos e terminou com um gemido, quando desejava mesmo era produzir um grande estrondo? Se você acreditar que o sucesso está muito concentrado nos últimos “três passos”, como você analisa esse contexto na sua vida? E no seu modo de pensar? E no seu modo de agir? E nas suas relações pessoais? Há algo que você pode fazer para mudar? Existem coisas que você pode fazer para melhorar?
Está aí uma problemática que cabe, tanto ao profissional de Coaching, em seu processo de apoio ao cliente, como para o próprio cliente que, muitas vezes, precisa admitir que faz tudo direito até a chegada, mas peca nos “últimos três passos”. Que tal refletir sobre isso? Afinal, um antigo jogador de futebol do Brasil “não gostava da problemática, e sim da solucionática”!
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