Há uma diferença enorme entre o que devemos conquistar e o que devemos viver.
Hoje não acordei!
Não ouvi nada pela manhã, não levantei, não tomei banho, não senti o cheiro gostoso do meu bebê, não dei bom dia para minha mulher.
Não tomei café, não fiz carinho no meu cachorro, não comi um pão com manteiga.
Não trabalhei e não fui a nenhuma reunião. Não sai na rua, não vi meus e-mails importantes, não acessei nenhuma de minhas redes sociais, não respondi mensagens de WhatsApp e não atendi os telefonemas importantes que tenho diariamente.
Não olhei minha lista de atividades, cronograma de tarefas ou se quer falei bom dia a outra pessoa.
Não falei uma palavra, só havia silêncio.
Hoje eu não acordei!
A consequência de não acordar me levou a refletir que algo havia acontecido. Será que não acordarei mais?
Na escuridão e no silêncio lembranças e pensamentos começam a surgir.
Lembrei que já fui de tudo um pouco e ao mesmo tempo nada. Que já briguei sem ter razão e já tive razão e não fui compreendido. Que já chorei de raiva, de amor e alegria, que já tive medo de ter coragem, que me decepcionei e me confundi com pessoas, amigos e familiares e que mesmo assim ainda tenho saudades e que jamais irei esquecê-los.
Lembrei de como era bom tudo que acontecia todos os dias e que a cada dia eu crescia como ser humano, sabendo que errar era o caminho do acerto.
Que peguei atalhos por caminhos duvidosos e que ainda andaria pelo desconhecido.
Que fugi de mim, mesmo sabendo que isso era impossível e me senti sozinho no meio de tantas pessoas.
Lembrei de como reclamei de tudo e agora por não poder mais acordar, nada mais seria possível. Que demorei em entender que as coisas simples são as mais importantes e que tudo na nossa vida é transitório. Que tudo nasce, cresce e um dia se vai e que o mais importante era ter sentido e curtido muito cada momento, extraindo o Máximo de aprendizado para minha evolução.
Foram tantas coisas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.
Neste momento vejo que plantei poucos sorrisos e colhi o mínimo de sonhos, por enterrar minhas boas sementes em terras inférteis de preocupações fúteis.
Reclamei demais e vivi de menos. Esperei demais pelo momento certo, quando na verdade tudo se renova a todo o momento.
Hoje, como não acordei, não tenho mais a chance de gerir minha vida como ela deveria ser gerida.
Somos o começo e o fim de tudo que querem ser e o que importa é saber o que é importante.
A única certeza que temos é que um dia também não acordaremos.
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