Hoje assistindo ao jornal pela TV me deparei com uma cena bastante constrangedora e, porque não dizer, revoltante. A matéria contava a saga de uma senhora cadeirante que precisou esperar quase uma hora dentro do ônibus quebrado porque a plataforma elevatória não funcionava.
Após a espera, finalmente, o técnico chegou e conseguiu consertar a plataforma elevatória permitindo que esta senhora pudesse sair do ônibus. Ao “chamar” outro ônibus, qual não foi a surpresa: a plataforma elevatória também estava quebrada.
Recomeça a saga para encontrar outro ônibus até que chega um que em vez da plataforma possui uma rampa. Aparentemente o problema está resolvido quando se nota que a rampa era extremamente íngreme e a senhora precisou da ajuda de 3 homens para conseguir entrar no ônibus.
Fosse este um caso isolado, como afirmado pelo Secretário de Transportes, já seria um absurdo, mas cenas como estas são as mais comuns.
Trabalho com eventos e percebo a dificuldade que é encontrar locais com o mínimo de acessibilidade (banheiros adaptados, rampas de acesso, portas e áreas de circulação ampliadas).
Outro dia jantava num restaurante próximo à minha residência quando notei a falta de acessibilidade do local. Notei que o dono do estabelecimento estava no local e me predispus a informar antes de criticar.
Chamei o dono e disse que o local não era acessível, um dos motivos era o degrau de aproximadamente 30 centímetros na porta de entrada, e que poderia tornar-se com algumas pequenas adequações. Disse também que as pessoas com deficiência estavam cada vez mais interagindo na sociedade e que independentemente de um ato humano era algo a se pensar estrategicamente. Bem, a resposta me deixou bastante decepcionado pela falta de empatia e visão de negócio.
Disse ele: “Ah eu sei, mas não temos a necessidade de tornar o ambiente acessível, pois não temos clientes cadeirantes”. Ora, era de se esperar que com um degrau tão alto na porta de entrada como única forma de acessar o local, mesas próximas uma das outras e um andar superior amplo sem elevador ou qualquer outro recurso elevatório realmente seria difícil alguma pessoa com deficiência optar pelo local.
O que mais me impressiona nisso tudo é como as pessoas são rápidas para dar justificativas que as isentem de qualquer atitude e são tão lentas para tomar atitudes empáticas para com seu próximo. Como esta falta de empatia faz com que as pessoas percam um mercado cada vez maior.
Parece que vivemos numa sociedade com valores invertidos onde cada vez mais o ser humano tem menos valor. Onde tornar um ambiente acessível com rampas, portas ampliadas entre outras ações é considerado caro, porém se for necessária a rampa para proteger um produto frágil não haveria hesitação.
Tanto se fala no mercado em conceitos como “Excelência”, “Foco no cliente” e “Foco do cliente”, “Compreensão das necessidades do cliente”, mas ainda se peca em coisas básicas como o respeito ao ser humano. É hora de parar de olhar para o próprio umbigo e agir mais empaticamente.
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