Como pais e cuidadores, temos a oportunidade de contribuir para a construção de um mundo melhor através da formação que damos aos nossos filhos. Na infância são lançadas as sementes para o florescimento de uma personalidade saudável, adaptada e feliz. Cabe aos pais darem amor, atenção, abundância de estímulos, transmitirem valores e orientar.
Disciplinar não está associado à punição como se acreditava até há algum tempo. É possível optar por uma educação não violenta, norteada pelo afeto, respeito e congruência. Isso também não significa que os pais devam ser permissivos e ceder deliberadamente a todas as vontades do filho. O adulto tem o papel de ensinar as regras e auxiliar a criança para que ela desenvolva habilidades de convívio social.
Em se tratando de educação de filhos, a família de origem sempre será uma referência poderosa na vida de seus membros. Quando constituímos nossa própria família, podemos repetir e manter o mesmo modelo ou adotar um antimodelo, ou seja, procuramos fazer totalmente o oposto. Ainda assim, a família continuará sendo uma referência.
Somos capazes de fazer mudanças em nossos padrões quando buscamos autoconhecimento e cuidamos de nossas emoções, nos tornamos mais flexíveis e conseguimos transformar nossas experiências em aprendizados, através da ressignificação.
Cuidar das próprias emoções auxilia os pais a terem maior leveza e tranquilidade para lidarem com as inevitáveis situações difíceis que experimentarão no convívio com seus filhos. Conforme os pais se tornam mais cientes e emocionalmente saudáveis, os filhos também se beneficiam do processo, já que a criança aprende por espelhamento, ou seja, com o que observa no comportamento de seus pais ou cuidadores.
Estudos já comprovaram que a interação dos pais com os filhos estimula o desenvolvimento cerebral, o crescimento emocional e a aprendizagem. O cérebro é plástico, isso significa que através do foco que damos para nossa atenção, das nossas interações e das experiências que vivenciamos é possível remodelá-lo. Através das interações da criança com o meio, ela aprende novas formas de agir para modificar seus comportamentos, aumentando seu repertório de respostas e adquirindo um maior domínio de suas ações.
Com o avanço da neurociência e através das tecnologias de mapeamento cerebral, houve uma ampliação do conhecimento sobre o funcionamento do cérebro da criança, possibilitando entender seus comportamentos sob a perspectiva de seu desenvolvimento e de sua prontidão. Saber disso nos ajuda a compreender melhor nossos filhos, deixamos de esperar que tenham comportamentos que não correspondem à sua constituição biológica, que ainda está em evolução.
Passamos a ser mais efetivos em nossas interações com os nossos filhos, pois somos capazes de entender que determinadas atitudes não são somente um ato de contrariedade ou algo que a criança faz propositadamente. Existem certos comportamentos e habilidades que ainda estão acima de suas capacidades neuronais e que serão adquiridos conforme a criança se desenvolve. O que não significa que devemos ficar passivos e tentados a deixar que o tempo se encarregue de consertar as coisas. Lidar com um problema se torna muito mais difícil depois que ele já foi instalado.
Como pais, somos responsáveis em proporcionar aos nossos filhos os estímulos e recursos adequados para o desenvolvimento de suas potencialidades. Podemos fazer isso, proporcionando ferramentas e estratégias que ajudem nossos filhos a integrar as muitas partes diferentes de si mesmo, de forma que consigam gerenciar suas emoções, desenvolvendo uma autoconsciência e criando uma maior conexão com os outros.
Estimulamos nossos filhos quando os ouvimos com empatia, acolhemos seus sentimentos, sem julgar, transmitindo receptividade e interesse, ajudamos a nomear e entender seus sentimentos, explorar estratégias e novas formas de operar diante de situações difíceis. Tudo isso lhes capacita para que explorem profundamente seu universo com ousadia e coragem.
Crianças que se sentem plenamente vistas, compreendidas, aceitas e amadas, desenvolvem segurança emocional e tornam-se capazes de assumir a autoria da própria vida e a responsabilidade pelos próprios resultados para que tenham uma vida plena e próspera, para que vivenciem relacionamentos significativos, para que sejam bem-sucedidas, autorresponsáveis, independentes e compassivas.
Em nossa vida diária, muitas vezes transmitimos coisas que não gostaríamos de passar aos nossos filhos, por isso, é importante cuidar para ter coerência nas palavras e nas atitudes, reforçando os valores que desejamos cultivar em nossa família. Somos humanos, não há pais ou filhos perfeitos, cometemos muitos erros, mas podemos compreendê-los como uma oportunidade de crescimento e aprendizagem. Se culpe menos e foque em ser o melhor pai ou mãe que você puder.
Através de leituras você poderá se aprofundar mais no assunto, conhecer várias abordagens e teorias para escolher o que considerar como mais apropriado para a sua realidade familiar. Em sua missão de educar filhos nunca deixe de confiar em sua intuição natural e seguir seu coração. Acredite, tudo o que você precisa está dentro de você!
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