Idiossincrasia, do grego ἰδιοσυγκρασία (idiosynkrasía), segundo o wikipedia, é o “temperamento peculiar a um indivíduo ou grupo de pessoas”. E começo por usar essa expressão para trazer um questionamento geral aqui neste espaço, quanto se as bases conceituais do Coaching, que tantas vezes têm sido colocadas como o ponto de diferenciação de outras formas de intervenção (consultoria, mentoria, terapia, principalmente), ainda registram essas diferenças na prática.
Aliás, fica um recadinho ao meu querido Cleyson Dellcorso: não seria esse um ponto fundamental a se tratar nas primeiras atividades de nossa plataforma tecnológica orientada aos Coaches?
O mundo tem uma dinâmica que está sendo pautada pela tecnologia digital. Até há pouco tempo, o email ainda era a forma de acelerar o envio e a resposta ao que antes era fundamentado em correspondências. Na necessidade de uma conferência, nasceu o Skype (lembram-se quantas vezes “agendamos” a sessão?). De um ano para cá, tenho notado que a necessidade (ou ansiedade) das pessoas tem tido uma característica peculiar: aumentar a dinâmica na troca de informações ou conteúdo, em contatos quase que instantâneos.
E agora já vem o Whatsapp com funções de voz e imagem, bem como transmite textos longos (antes prerrogativa do email). Sem contar os outros aplicativos que se integram em um aparelho único (celular) a transformar o conceito de conectividade em uma arma para o bem e para o mal. Tudo o que a conectividade extrema pode gerar de benefício, com a complexidade tecnológica que carrega, tem a contrapartida dos males que os hackers são especialistas em desenvolver.
Enfim, nesse contexto, eis que o Coach está diante do seu cliente. A sessão caminha e o processo cognitivo mental do Coachee, habituado que está à forma desenfreada de tratar de informações, tem uma demanda diferenciada: ele precisa ir buscar, internamente, respostas para as perguntas e desafios que recebe em função da meta que foi previamente determinada. Aquela idiossincrasia dominante o tempo todo, acostumada ao instantâneo, impacta com o fato de que o Coach não apresenta sugestões e muito menos soluções, como mais perto disso estão o consultor e o mentor.
Se o cliente começa a sofrer o estresse de dúvidas sem resposta, pressão pessoal para uma mudança deslocada do tempo que tem (na sua própria avaliação) para mudar e, ainda mais, se começa a se inquietar com o contexto que lhe obriga a pensar (refletir) ao invés de simplesmente pedir ao Google por socorro, tudo isso poderá colocar a relação entre Coach e cliente no chão. Eu tenho certeza que alguns profissionais irão me criticar ao destacar isso, mas eu vejo cada vez mais a adequação (aproximação) dos métodos de Coaching, mentoria e consultoria. A solução e os caminhos precisam aparecer logo.
Tudo como idiossincrasia que nasce e cresce associada diretamente aos novos tempos que a humanidade percorre globalmente. A autorreflexão para chegar à autorrealização demanda um tempo que as pessoas, em sua idiossincrasia, perderam o costume de ter para si, pois o gastam para saber mais da vida dos outros!
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