Meses atrás, abordei sinteticamente nesta coluna o conceito e as vantagens do autoemprego, situação em que a pessoa transforma sua experiência, competência e talentos em negócio e oferece-os ao mercado, prestando serviços a outras pessoas ou instituições. Gostaria agora de retomar e aprofundar o tema, pois ele está mais próximo da sua realidade do que você imagina.
É bem provável que você associe autoemprego com trabalho terceirizado, o que está correto, mas não é tudo. Mesmo que jamais deixe de trabalhar para uma empresa como funcionário, você pode agir como autoempregado, pois não se trata apenas de uma forma de ocupação, mas de uma postura de vida. O conceito de autoemprego, da forma como o vejo, tem a ver com autonomia, com a consciência de que em qualquer lugar ou circunstância você poderá ganhar a vida com seus talentos, suas competências, seu diferencial profissional. Se tiver essa consciência, não se sentirá tão vulnerável à perda do emprego e também verá sua relação com a empresa como uma parceria – uma parceria na qual você exerce seus talentos e o empregador o remunera por isso. Ter esse senso de autonomia dá uma reconfortante sensação de segurança, pois tanto faz trabalhar para uma organização como diretamente para o mercado.
Neste mundo de economia globalizada e alta tecnologia, o autoemprego é uma atividade em expansão, por dois motivos principais: um é que o número de empregos não dá conta de absorver a quantidade de profissionais que se lançam todos os anos no mercado; outro é que as empresas, na tentativa de fazer cada vez mais com cada vez menos, flexibilizam as relações de trabalho e contratam serviços de autônomos e pessoas jurídicas em lugar de manter empregados, que custam mais caro.
Entre os que pensam nos rumos da humanidade, como economistas, filósofos e sociólogos, muitos são da opinião que o emprego formal continuará cedendo espaço a alternativas mais liberais de relacionamento entre trabalhadores e empregadores. A tendência é que os profissionais com maior grau de escolaridade sejam os grandes protagonistas dessas novas formas de emprego, já que são os mais afetados com a troca de profissionais com rebaixamento de salários, reestruturação, terceirização e outros fenômenos que vêm transformando o mercado de trabalho.
Outra tendência para os trabalhadores qualificados é que eles passem a desempenhar atividades diferentes das previstas por sua formação acadêmica ou técnica. Precisarão então se atualizar, perceber para onde o mundo está indo e se adaptar, mesmo que isso signifique mudar de área ou profissão. Ter no currículo uma só ocupação, exercer a mesma profissão por muito tempo ou fazer carreira longa será, cada vez mais, coisa do passado. Estamos em plena “era da multifuncionalidade”, conceito difundido pelo economista norte-americano Jeremy Rifkin, autor de um livro com o sugestivo nome “O Fim dos Empregos”.
Está vendo para onde caminha a humanidade? Está mais do que na hora de você considerar o autoemprego como uma possibilidade para sua vida, não como uma saída para o desemprego, mas como uma postura profissional que pode exercitar desde já (e sempre), considerando seus conhecimentos, talentos, competências e criatividade como um produto ou serviço atraente para as empresas. Essa postura fará com que você esteja sempre em busca de oportunidades de crescimento, seja na empresa em que trabalha, em outra ou no mercado.
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