Você já se deparou com uma situação inusitada, quando após uma difícil negociação, descobriu que seu superior ou colega de trabalho tinha todas as informações e não lhe passou desde o início?
Ouviu críticas sem embasamento de um colega ou de sua chefia? Ou teve um trabalho recusado mesmo realizado dentro dos parâmetros solicitados?
Você pode se sentir subjugado ou até magoado e pensar porque isso ocorreu desta forma já que tudo poderia ser resolvido de forma mais simples, com uma conversa ou um feedback claro e objetivo.
Poderia ser só inabilidade ou falta de empatia da outra pessoa, como também um ato deliberado de tornar a negociação mais difícil. Isso mexeu com a sua autoestima, lhe trouxe prejuízos com gastos de energia desnecessária, interferiu na sinergia da equipe e alterou o clima da empresa.
Embora Bullying e Assédio Moral não sejam sinônimos, possuem características semelhantes; são atitudes perversas e tem a mesma consequência sobre a outra pessoa, maltratam e ferem o emocional, podendo levar ao adoecimento.
Derivado do inglês, Bullying significa o comportamento de alguém sobre outro com agressões físicas e verbais de forma intencional e contínua, resultando em sofrimento, angústia, intimidação com incapacidade de autodefesa, além de causar diminuição da autoestima.
Considerando o ambiente de trabalho, o Assédio Moral por sua vez se caracteriza por abuso de poder, com xingamentos, perseguições, sobrecarga de tarefas e também pode ser sutil e velado com ameaças psicológicas e até isolamento do profissional.
Pesquisas realizadas nos EUA revelam que existem pessoas que ao causar mal-estar e sofrimento ao outro, sentem prazer.
O agressor muitas vezes está em competição com o agredido ou até tem medo deste e por isso o ataca.
O que seria isso, um desvio de caráter? Uma psicopatia?
Independentemente da caracterização da personalidade de quem faz, o Bullying ou Assédio Moral pode ser agressivo ou velado, causa sofrimento a quem recebe.
Muitas vezes quem passa por essa situação se abstém de tomar uma atitude pelo fato de ressentir uma retaliação, sofre calado e pode acreditar que realmente merece.
Ainda existem situações muito sutis, que passam quase despercebidas e deixam a pessoa que sofreu o assédio em dúvida, se foi algo ocasional, a menos que se repita com certa insistência.
O fato é que isso pode desestabilizar a pessoa e o clima ao seu redor. É importante reconhecer os momentos em que isso acontece, utilizar a sabedoria interior e ter uma atitude proativa e esclarecedora.
Segundo Hirigoyen, podemos identificar algumas situações de ocorrência de Assédio Moral no ambiente de trabalho:
- Retirar da vítima a sua autonomia;
- Não transmitir informações úteis para a realização de tarefas;
- Contestar sistematicamente as decisões da vítima;
- Criticar seu trabalho de forma injusta ou demasiada;
- Privar a vítima de acessar seus instrumentos de trabalho: telefone, fax, computador etc.;
- Retirar o trabalho que normalmente lhe compete e dar permanentemente novas tarefas;
- Atribuir proposital e sistematicamente tarefas inferiores ou superiores às suas competências;
- Pressionar a vítima para que esta não exija seus direitos;
- Agir de modo a impedir ou dificultar que a vítima obtenha promoção;
- Causar danos em seu local de trabalho;
- Desconsiderar recomendações médicas;
- Induzir a vítima ao erro;
- Isolamento e recusa de comunicação;
- Atentado contra a dignidade;
- Violência verbal, física ou sexual.
Reconheça que você não é o causador do problema, procure anotar quando isso ocorre, data, horário, o que ocorreu, se possível quem viu, mas lembre-se que a pessoa que realiza o ato de Bullying ou Assédio Moral provavelmente irá negar, então você terá que decidir como agir para não adoecer. As opções são enfrentar a situação ou buscar outra colocação.
Existem situações em que o assédio se torna insuportável e gera estresse que pode levar quem recebe a adoecer; neste caso procure um profissional que possa lhe ajudar a manter a saúde e o equilíbrio emocional para tomar a decisão mais acertada.
De acordo com o pensador Isaac Asimov, “A violência é o último refúgio do incompetente”.
Natalia Marques Antunes – Psicóloga / Coach / Palestrante
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