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Coaching e Filosofia

Por que, de modo geral, o profissional Coach no Brasil, ainda não percebeu que seu raciocínio e percepção podem ser grandemente aprimorados com estudo da Filosofia?

Sabemos que Filosofia é uma palavra de origem grega que significa “amor à sabedoria” e está relacionada com o estudo da existência e o conhecimento do Homem.

Atualmente a palavra “filosofia” é, muitas vezes, usada para descrever um conjunto de ideias ou atitudes, como por exemplo: “Filosofia de Vida”, que em última instância indica como o indivíduo interpreta as circunstâncias.

A Filosofia além de ser uma disciplina, é intrínseca à condição humana, deixando de ser um conhecimento, para ser uma atitude natural do homem em relação ao Universo e seu próprio ser, o que dá a todos nós a condição de Filósofos.

Na frase acima destaco as palavras: “intrínseca ao homem” que nos dá a ideia de uma característica, “atitude natural” que nos remete à percepção de universalidade e “relação ao Universo e seu próprio ser” que indica que se observada em um indivíduo, ajudará a perceber como ele se vê e se situa no mundo ou em outras palavras, entendemos o seu comportamento.

Desta forma, podemos também explicar Filosofia como a análise racional da existência do homem, individual e coletivamente, baseando-se na compreensão do seu ser.

O Coaching em sua essência pode ser encontrado nos textos de Platão quando descreve a “Maiêutica” ou a forma como Sócrates, seu tutor, se utilizava de “perguntas poderosas” para conduzir uma discussão e levar o interlocutor a um resultado desejado, tal qual, procuramos fazer ainda hoje.

A base do Coaching, portanto, sempre foi fazer com que o coachee utilizasse a sua própria capacidade de raciocínio e chegasse a um ponto desejado. Em outras palavras, utiliza-se a capacidade de dedução e análise do próprio coachee para chegar ao fim do processo com sucesso.

Este comportamento deveria ser de mão dupla, isto é, Coach e Coachee deveriam utilizar suas experiências, raciocínios e deduções para conduzir o processo, mas aparentemente nem sempre é assim que acontece.

Mais recentemente, talvez pela influência da necessidade de celeridade na obtenção dos resultados e na falta de profundidade nas ações, optou-se por modelos pré-formatados de ação, onde pouco se usa daquilo que Sócrates preconizava, para dar lugar a receitas prontas, fáceis e não muito precisas, facilitando a vida do Coach que mesmo sem conhecer a essência e os fundamentos pode, supostamente, chegar a um resultado satisfatório. E, justamente esta é a diferença entre os diversos coaches no mercado: o conhecimento dos princípios, da essência e da fundamentação de cada ação contrapondo-se ao uso de ferramentas prontas, fornecidas como uma receita de bolo, que mantém o Coach em uma zona de conforto, que tanto procuramos desconstruir com o Coachee.

Desconheço quem faça um bolo tão delicioso quanto nossa avó, que apenas utilizava a sabedoria e o conhecimento adquirido como metodologia, muito ao contrário de hoje que encontramos misturas prontas nos supermercados ou receitas “já testadas” em sites da Internet. O resultado destes é sempre muito diferente daqueles. Talvez, nossa avó, até colocasse uma pitada de amor na preparação, mas isto é uma outra história.

Tudo que encontramos no mercado, como “receitas previamente testadas” para o processo de Coaching, tem embasamento na Filosofia e em suas diversas escolas, porém sem a fundamentação e o entendimento dos princípios, seu uso torna-se relativamente superficial.

Por qual motivo não estudar, então, os pressupostos apresentados por aqueles que nos antecederam? Por que ainda, de modo geral, o Coach no Brasil, não percebeu que seu raciocínio e percepção podem ser grandemente aprimorados com estudo da Filosofia?

Não é difícil aprofundar neste tipo de raciocínio, basta traçar um projeto de autocoaching e estar disposto a estudar muito e ler mais ainda.

Não estou ainda abordando aqui, o chamado Coaching Filosófico que pelas suas características peculiares e por ter uma abordagem mais profunda, será tema de uma próxima discussão, porém antecipadamente declaro meu interesse e admiração pelo método, afinal foi com ele, que tudo começou.

Cleyson Dellcorso tem formação em engenharia e filosofia e suas atividades estão relacionadas ao Coaching Profissional e Pessoal, além de atuar com Coaching de Casais. Seus atendimentos têm embasamento em uma metodologia própria com fundamentação filosófico / dialógico. Possui MBA pela UCLA (EUA), com foco em gestão de pessoas, é especialista em liderança pelo Haggai Advanced Leadership Institute (Singapura) e instrutor do mesmo instituto. É professor de liderança e motivação no curso de pós-graduação em gestão de projetos (PMI) do Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada do grupo IBMEC. Atua como Coach desde 2003 e foi um dos primeiros a se especializar no atendimento a Gerentes de Projetos. É diretor do INSTITUTO DE COACHING MAIÊUTICA desde 1999 e tem como área de interesse o estudo das Inteligências – Emocional e Espiritual. Cleyson Dellcorso é casado, tem três filhos e um neto e tem como hobbies – radioamadorismo, velejar e mergulhar.
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