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A importância da positividade no processo de Coaching

Ao contrário da crença popular a positividade não é achar que tudo dará muito certo o tempo todo. É focar no presente, no que está indo bem e no que você pode fazer para melhorar uma situação.

Um novo modelo foi criado para descrever a função de emoções como alegria, interesse, contentamento e amor. Esse modelo propõe que as emoções positivas servem para expandir o repertório de pensamento e ação do indivíduo, o que constrói seus recursos físicos, intelectuais e sociais. (FREDRICKSON, 1998).

A psicologia positiva tem se apropriado do termo eudemonia no senso Aristoteliano da busca da boa vida pelo cultivo das virtudes e emoções positivas. A função da positividade agora captura o interesse da ciência como nunca antes. As experiências de emoções positivas são centrais para a natureza humana e contribuem ricamente para a qualidade de vida das pessoas, segundo Diener e Larsen, (1993).

Barbara Fredrickson começou a estudar as emoções positivas na década de 1990 e tem desafiado os moldes tradicionais pelos quais se explicava a função das emoções, com a teoria do “expandir e construir” pela qual recebeu importantes premiações científicas. (FREDRICKSON, 2001). Fredrickson estuda as seguintes dez emoções: alegria, gratidão, serenidade, interesse, esperança, orgulho, admiração, inspiração, reverência e amor.

As emoções positivas apontam para momentos humanos vitais. Alteram o ritmo cardíaco, química corporal, tensão muscular, e expressões faciais. A positividade modifica o conteúdo da mente e seus limites. Alarga as fronteiras e possibilidades vistas e torna-nos mais receptivos e criativos. Também transforma o futuro por construir recursos múltiplos e reservas, tais como resiliência e otimismo, sono mais tranquilo, e melhores conexões sociais com amigos e família, e ainda coloca freios na negatividade. (TUGADE E COLEGAS, 2004).

A positividade tem papel fundamental em uma escala de tempo. Enquanto as emoções negativas têm a função de tendência à ação para a sobrevivência no presente, com o efeito lutar ou fugir, as emoções positivas armazenam recursos cognitivos para uso futuro e isso tem vastas implicações para o florescimento humano. A alegria sentida hoje poderá um dia salvar nossa vida e servir de amortecedor em momentos de crise e dificuldades. (FREDRICKSON, 2007).

Estudos têm mostrado que emoções positivas despertam exploração, curiosidade e aprendizado experimental, além de produzir mapas mentais mais corretos do mundo. As emoções negativas, ao contrário, interferem na curiosidade e aprendizado, e nos impedem de certo modo a experienciar o mundo. (FREDRICKSON E KURTZ, 2011).

A curiosidade, aprendizado e exploração nos permitem descobrir, construir novas habilidades, laços sociais e novas maneiras de ser. As pessoas que expressam mais emoções positivas vivem até dez anos a mais. (DANNER E COLEGAS, 2001).

Um estudo de meta-análise que revisou mais de 300 estudos envolvendo 275.000 mil pessoas concluiu que a positividade produz sucesso na vida, casamentos mais satisfatórios e melhor saúde. Há vasta evidência científica, por experimentos controlados em laboratórios a estudos longitudinais de grande escala sobre o impacto da positividade na saúde.  (WAUGH E COLEGAS, 2008).

Um grupo de cientistas da Universidade de Toronto conduziu experimentos em laboratório injetando positividade, neutralidade e negatividade nos participantes por dois testes. Quanto mais positivos os participantes se sentiram, maior criatividade verbal eles demonstraram nos testes. A positividade altera nosso cérebro e modifica a maneira como interagimos com o mundo.  (ISEN E TURKEN, 1999).

Fredrickson (2009), sugere que para não somente entrar no mecanismo de sobrevivência e poder florescer é preciso ter mais experiências emocionais positivas do que negativa e que um pouco de negatividade é necessária.

Dados de uma gama de experimentos feitos por Diener e Seligman (2002), mostram claras conexões causais entre os estados emocionais e visão de vida que as pessoas têm. Quanto mais cursos de positividade pelos circuitos neurais, maior expansão terá a mente, aumentando a capacidade de experienciar emoções positivas, conectar com as pessoas e fazer o bem a outros.

As pessoas positivas se aceitam mais, apreciam a subjetividade de outros, e veem sua vida como cheia de propósito e significado. Também têm interações mais profundas e de confiança, sentem-se mais apoiadas por pessoas próximas, e têm mais saúde, segundo Fredrickson, (2009).

A positividade está associada a marcadores biológicos objetivos e sólidos de saúde física, com menos hormônios associados ao estresse, mais hormônios de crescimento e de confiança, mais dopamina e melhor funcionamento do sistema imunológico, com menos respostas inflamatórias. (BERKE E COLEGAS, 1989). Outros marcadores são: menos resfriados, menos dor, melhor sono, menos riscos a hipertensão, diabetes ou enfarto. (DAVIDSON E COLEGAS, 2003; COHEN E COLEGAS, 2003; BARDWELL E COLEGAS, 1999; RICHMAN E COLEGAS 2005; E OSTIR, 2001).

Normalmente, as pessoas antes de dormir pensam sobre o que deixaram de fazer. Ao invés de focar no negativo, pensar sobre o que deu certo é uma maneira eficiente de plantar raízes de positividade, e também se perguntar: O que está indo bem em minha vida agora? (SELIGMAN, 2002).

Fredrickson (2009) criou um “kit ferramentas” para o desenvolvimento da positividade, o qual o coach pode trazer para sua prática. Este inclui doze ferramentas: 1. Esteja aberto a aceitar o momento presente; 2. Crie conexões de alta qualidade, com engajamento respeitoso e apoio; 3.  Cultive a bondade, atendendo às necessidades dos outros; 4. Desenvolva distrações saudáveis, como ler, etc., para quebrar a ruminação e excessiva negatividade; 5. Desafie os pensamentos automáticos negativos, e avalie a evidência pelos fatos; 6. Passe tempo perto da natureza, em uma praça, mata ou litoral regularmente; 7. Aprenda quais são suas forças e utilize-as; 8. Medite, em um ambiente tranquilo, respirando profundamente; 9. Reflita sobre as coisas boas ao seu redor; 10. Pratique a gratidão, através de um jornal; 11. Experiencie a positividade, saboreie os bons momentos da vida, quando estava bem; 12. Localize suas fontes de positividade; 12. Procure e colecione, faça um projeto de montar portfolios de cada uma das dez emoções, uma por semana, que poderão conter fotos, cartas, frases, objetos com significado, reunidos em um scrapbook, ou blog. Os portfolios serão um documento do cultivo contínuo das emoções positivas, e poderá ajudá-lo a florescer.

Os coaches precisam estar conscientes de seus vieses quanto à ansiedade do cliente com as metas. As emoções negativas fazem parte da vida e dos momentos de fracasso. É importante que o profissional não ignore esse lado, pois pode servir como motivador para o sucesso, como argumentam Biswas-Diener e Kashdan (2015).

Os clientes podem tolerar as dificuldades e frustrações mais do que pensamos e se lembrar delas depois como momentos de aprendizagem. De acordo com as pesquisas de Biswas-Diener e Kashdan (2015) a adversidade pode estar relacionada ao otimismo, resiliência e sabedoria. 

“Ao contrário da crença popular a positividade não é achar que tudo dará muito certo o tempo todo. É focar no presente, no que está indo bem e no que você pode fazer para melhorar uma situação.”
(Will Bowen)

Sharon Feder Author
⚙️ Carevolution
Sharon Feder é formada em Psicologia pela Brown University nos EUA, com especialidade em Estudos Brasileiros e Portugueses pela Brown University e Coach de Saúde e Bem-Estar com Certificação Internacional pela Wellcoaches (EUA). Treinada no Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento (ProChange Behavior Systems). Atualmente, é Sócia Diretora na Carevolution Consultoria em Saúde e Bem-Estar, desenvolvendo programas de qualidade de vida e capacitações de profissionais com foco em mudança de comportamento, engajamento e autocuidado.
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