A maioria de nós acredita que quando perdoamos estamos dando algo para o outro, estamos sendo bonzinhos e ele pode continuar a nos prejudicar. Ficamos felizes quando o outro que nos rejeita ou nos prejudica leva um tombo. Mesmo sem admitir, lá no fundo da alma, o que acontece com o outro tem lá seu gostinho de vingança. Aí lhe pergunto: Você fica feliz por quanto tempo quando isso acontece? Depois passa e aquela dor continua dentro do seu peito e você fica neste círculo vicioso, acreditando que um dia tudo vai passar e você vai deixar de sentir essa dor.
Bem, sinto lhe dizer, mas a única maneira de você deixar de sentir essa dor é perdoando. Alguns escritores, como Rossandro Klinjey, Desmond Tutu e Dr. Fred Luskin, mostram a diferença entre o que é perdoar e o que não é perdoar. E para sairmos desse labirinto, é importante que primeiro conheçamos essa diferença.
O que não é perdoar:
- perdoar não é ser bonzinho com a grosseria do seu amigo, parceiro, colega, familiar;
- perdoar não é esquecer, como se não tivesse acontecido nada de doloroso;
- perdoar não é aceitar o comportamento ruim;
- perdoar não significa que ter que voltar a ter um relacionamento com o outro;
- perdoar não significa que você tenha que abrir mão de lutar por justiça ou reparação;
- perdoar não significa ter que abrir mão de se sentir ferido;
- perdoar não é diminuir, negar ou aprovar o ocorrido;
- perdoar não é ser conivente com atitudes e comportamentos que vão contra seus valores;
- perdoar não significa que não possa ficar com raiva por ter sido magoado ou maltratado;
- perdoar não significa ser condescendente com atitudes e comportamentos das pessoas que amamos;
- perdoar não é permitir o erro;
- perdoar não é esperar um pedido de perdão;
- perdoar não é confiar novamente.
O que é perdoar:
- perdoar tem a ver só com você mesmo e com mais ninguém;
- perdoar é evitar que sua força seja ferida;
- perdoar é assumir o que você sente naquele momento e ser responsável por isso;
- perdoar é se superar, e ao outro;
- perdoar – aprende-se a criar esse músculo;
- perdoar é ter total controle sobre seus sentimentos;
- perdoar nos deixa mais felizes, melhora nossa saúde física, mental e emocional;
- perdoar é tornar-se protagonista de sua história, e não ser vítima dela;
- perdoar é uma escolha sua;
- perdoar é viver o hoje e o agora;
- perdoar é reconhecer que foi ferido.
Segundo Freud, às vezes para dar uma falsa ideia de abrandar o ego, recorremos à racionalização. Dessa forma acreditamos que nos libertamos do erro sem nos sentirmos culpados.
Quando buscamos o perdão, desejamos liberar nosso coração. Não esperamos que o outro faça o mesmo. Às vezes pedimos perdão sem jamais reencontrar a pessoa, porque somos nós que precisamos nos libertar dessa dor.
Eu perdoei o ladrão que me roubou no mês de janeiro e isso não significa que não tenha feito um BO ou uma reclamação no restaurante. Nunca mais coloquei meus pés lá, e quando alguém me pede uma referência do estabelecimento, conto minha experiência e digo que não recebi nenhum apoio do estabelecimento. Nesse caso, levei a público, porque outras pessoas poderiam sofrer a mesma coisa. E perdi a confiança neste restaurante. A confiança é construída degrau a degrau e pode ser destruída num estalar de dedos. E para resgatá-la será necessário passar por um processo de reconstrução e só você poderá saber se isso é possível ou não.
Estudos indicam que as pessoas que conseguem perdoar têm menos problemas de saúde, ficam mais bem-humoradas e com isso diminuem o índice de doenças cardiovasculares. Aquelas que culpam as outras por seus problemas estão mais sujeitas a doenças. As pessoas que aprendem a perdoar percebem menos sintomas físicos causados pelo estresse.
Na medida em que você perdoa, também perdoa a si mesmo e ao outro e deixa de sentir angústia.
Vamos exercitar o perdão? Comece por si mesmo… conceda-se o autoperdão!
Bibliografia:
TUTU, Desmond. O livro do perdão. Rio de Janeiro: Valentina, 2015.
LUSKIN, Fred. Aprenda a perdoar e tenha um relacionamento mais feliz. São Paulo: Ediouro, 2008.
KLINJEY, Rossandro. Autoperdão: o aprendizado necessário. Goiânia: FEEGO, 2015.
Participe da Conversa