Recentemente cheguei a uma conclusão, nossa percepção é escrava das nossas crenças.
Acompanhe meu raciocínio: a todo instante somos bombardeados por uma série de estímulos do ambiente. Em prol do nosso bem-estar, nosso cérebro é programado para selecionar aqueles que receberão maior atenção, filtrando o que for irrelevante. Esta avaliação se dá automaticamente, com base em nossa programação mental.
Nosso cérebro recebe involuntariamente o comando de ignorar algumas informações, privilegiando somente os elementos que correspondem ao nosso foco. E, adivinhe como se estabelecem os critérios desta seleção? Com base única e exclusivamente em nossas crenças.
Não seria incorreto afirmar que nossos sentidos privilegiam estímulos que correspondam às nossas verdades. E, indo além, nossa mente interpreta tais estímulos também sob influência destes mesmos critérios.
Esta reflexão amplia nosso entendimento sobre o fato de algumas pessoas celebrarem a metade cheia do copo, enquanto outras destacam a metade vazia, sem desconsiderar a possibilidade de alguns indivíduos sequer enxergarem o copo.
De que maneira este entendimento pode contribuir para nossos resultados?
Durante uma reunião de liderança, passei horas ouvindo a gerente da unidade relatando a insubordinação e péssimos indicadores da sua equipe de entregas, ressaltando a impossibilidade de alcançar os resultados necessários para o crescimento da empresa.
Eu a questionei acerca de soluções para o desafio. Quando então ela, sem hesitar, afirmou: “Não há solução. Entregadores são todos assim”.
Não satisfeita, insisti que ela me explicasse melhor. Estas foram basicamente suas palavras: “Desde que me conheço por gente, entregadores são sempre assim. Por se tratar de um serviço extra, um bico como eles mesmos costumam chamar, não se sentem obrigados a nada. Atrasam. Estragam suas ferramentas e uniformes. Desrespeitam minhas orientações. Maltratam nossos clientes. Oh raça!”.
Sua visão era tão distante da minha própria percepção que precisei me ajustar, e muito, para não invalidá-la. Entendendo que, naquele momento, não poderia dizer nada que mudasse suas ideias, propus que eu acompanhasse o grupo por alguns dias. Como aprendiz. Colaborando nas tarefas do setor, me integrando à equipe. Não haveria oportunidade melhor para observar o que de fato estava acontecendo.
Após 1 semana de experiência, eu carregava uma certeza. A equipe com a qual eu havia trabalhado não poderia ser a mesma descrita pela gestora. Foi um grande desafio em prol da empresa levar estas percepções ao conhecimento dos principais interessados: os donos da loja e a própria gerente.
Como entender tamanho desencontro?!
Era evidente que as dificuldades de todo o departamento estavam diretamente relacionadas à verdade carregada por aquela gestora. Para ela, todo e qualquer indivíduo que trabalhe nesta função de entregador, no formato de vínculo estabelecido pela empresa, certamente corromperia seu comprometimento com a função.
Carregando esta verdade, não restava espaço para se surpreender com atitudes diferentes das que esperava. Por isso sua surpresa com a minha percepção. E juntas, atravessamos um longo e trabalhoso período de ressignificação, para chegar a um resultado satisfatório.
Você pode ter dúvidas sobre a minha teoria. Por isso eu lhe pergunto: o quanto seus resultados, satisfatórios ou não, têm refletido suas verdades?
Parafraseando um ditado popular: você colhe aquilo que você acredita.
Você acredita em quê?
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