Acredito que esta postagem irá gerar deliciosa polêmica. Afinal, a relação entre os profissionais de Coaching e os gestores de RH é muito próxima, muitas vezes estes sendo contratantes daqueles. E o que abordaremos aqui está na fronteira desse relacionamento. No Brasil, até que ponto as decisões dos que comandam as atividades afins a Recursos Humanos estão baseadas em dados e pesquisas, ou são meramente fruto de insights desprovidos de maior racionalidade? E o que dizer sobre os Coaches, quanto à prática de sua atividade quando contratados?
A plataforma vagas.com desenvolveu um estudo técnico em meados do ano passado, querendo conhecer os fundamentos de decisão dos profissionais da área de recrutamento e seleção, abordando 224 empresas. Um terço dos entrevistados estava em cargo de alta gestão e metade era de analistas/especialistas. O nível de confiança para as respostas foi de 95% (margem de 7 pontos percentuais). Um primeiro dado importante é que, além da atividade-objetivo (recrutamento e seleção) pesquisada, praticamente 80% desses profissionais preocupam-se cotidianamente com o atendimento às necessidades do cliente interno, bem como no apoio às estratégias da empresa com melhor adequação dos recursos profissionais alocados.
Uma queixa presente, para praticamente metade dos entrevistados, foi de que eles não se sentiam preparados para conduzir suas atividades com o uso de indicador(es), ou seja, trabalhar com gestão orientada por dados. Um conceito muito comum, para quem trabalha na área de RH, é people analytics. A expressão significa, resumidamente, um processo organizado de analisar os dados sobre comportamento e desempenho dos colaboradores no ambiente de trabalho. E 60% dos entrevistados desconhecia o que é e o que representa a expressão.
Continuando, dos profissionais entrevistados, apenas 8% afirmaram que sua empresa está em nível avançado no uso de dados como suporte à gestão. Mais da metade se sente ainda em estágio básico. Além disso, apenas ao redor de 40% disseram que os dados que coletam são úteis para outras áreas de gestão da empresa, principalmente no planejamento futuro. E vejam só, daquelas empresas que afirmam haver um uso mais frequente de análise de dados, 85% têm apoio apenas em simples planilhas Excel. Ou seja, há um espaço enorme para um Coach bem preparado apoiar a área de Recursos Humanos, não só com propostas de desenvolvimento de competências dos funcionários, mas também e com muita propriedade na implantação de uma cultura de people analytics.
Como foi uma conclusão do estudo, parte dessas dificuldades citadas nascem do fato de Recursos Humanos ser uma área tradicionalmente ocupada por profissionais formados em Administração, Psicologia ou Educação. Com isso, acaba não sendo natural e nem simples avançar rapidamente para um ambiente com processos em que a tecnologia seja um passo além, também participando na contratação e retenção de profissionais, e gerando impacto em diversas formas de liderança e aumento de produtividade. Dois terços dos gestores entrevistados partilharam dessa conclusão do estudo.
No filme Moneyball (O homem que mudou o jogo), estrelado por Brad Pitt e baseado em uma história real, essa premissa de usar dados como forma efetiva de avaliar pessoas é aplicada em um time de beisebol (você pode ver o filme pelo Netflix ou, com menor qualidade, no Youtube – veja trailer). Você, que é profissional de Coaching e se dedica, com foco principal, em Carreiras ou Desenvolvimento de Competências, que tal abrir essa frente de atividades, ajudando os profissionais de RH na criação e aplicação de processos de tecnologia para melhor desempenho em suas atividades? Fica dada a dica!
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