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Capturando eventos durante as sessões de Supervisão

A pergunta é sempre a mesma: é certo ou errado fazer anotações durante as sessões?

A pergunta é sempre a mesma: é certo ou errado fazer anotações durante as sessões?

Alguns coaches fazem anotações durante as sessões, mas outros preferem não fazer. A decisão sobre anotações é sua, preferivelmente negociando (contratando) com cada cliente. A decisão será influenciada por estilos e preferências pessoais, bem como pelo tipo de Coaching que está sendo realizado. Por exemplo, poderá ser altamente relevante durante alguns casos específicos como em Coaching Executivo, e contraindicado, enquanto, por exemplo, um(a) cliente esteja trabalhando em questões pessoais delicadas e sensíveis.

Tomar notas pode, além de dar uma base melhor do que confiar na memória, indicar ao(à) cliente que você está prestando atenção e então as notas podem ser mostradas ao(à) cliente como uma possibilidade de verificação. No entanto, tomar notas pode também significar que você perca algo relevante que está sendo dito ou demonstrado pelo(a) cliente, ao escrever o ponto anterior. Há ainda a possibilidade dos clientes poderem se preocupar com sua aparente incapacidade de lembrar o que dizem e que você poderá esquecer de detalhes que os apoiem a seguirem em frente.

Por outro lado, o fato de não tomar notas deixará você livre para concentrar toda a sua atenção no(a) cliente e exercer sua presença, será mais provável que você capte os sentimentos por trás das palavras, e isso contribuirá para consolidar o relacionamento que será percebido como mais próximo. No entanto, não tomar notas pode denotar que você não retenha todos os comentários do cliente e este pode se sentir desconfortável julgando a intensidade de sua atenção, questionando a qualidade de sua conexão com ele(a).

Se você faz ou não anotações durante as sessões, também é útil adquirir o hábito de escrever um conjunto de notas como um “fluxo de consciência” imediatamente após o término da sessão. Ao fazer suas anotações além de captar o máximo possível, o processo serve como uma espécie de compensação – uma vez escrito, você pode tirar essa sessão da mente e concentrar-se no próximo cliente.

Para usar o fluxo de consciência de forma eficaz, é importante que você não tente fazer uma análise ou avaliação nesse estágio. Em vez disso, escreva o máximo que puder sem parar para editar ou pensar sobre o que isso significa. Inclua quaisquer perguntas ou insights que ocorrerem durante a sua redação ou que você tenha tido durante a sessão com o cliente.

Uma maneira de fazer isso é dividir uma folha em três colunas. Em uma, anote o que quer que você se lembre do que foi dito pelo cliente. Na próxima, você anota suas próprias respostas, ao lado ou abaixo de cada interação do cliente. Use a terceira coluna para as perguntas e insights. Em seguida, volte, tomando o seu tempo para refletir sobre o que você observou. Talvez você possa usar uma caneta de cor diferente para adicionar comentários, insights adicionais e mais perguntas para você pensar. Finalmente, revise e considere quais ações você tomará, seja com esse cliente em particular ou em geral, a fim de aumentar sua competência profissional como coach ou como supervisor de coaches.

Esse processo é semelhante ao funcionamento dos centros de avaliação bem administrados; os avaliadores são treinados para escrever o que quer que notem seus candidatos fazendo e dizendo. A avaliação vem depois, quando o avaliador pode vasculhar as notas para procurar evidências de competências específicas. Postergar a avaliação dessa maneira evita o risco de viés que se estabelece e distorce o que é observado após o primeiro julgamento.

E você caro(a) leitor(a) já parou para pensar nisso, e tomar sua decisão sobre fazer ou não, anotações durante uma sessão?

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Referência:
Hay, J. – Reflective Practice and Supervision for Coaches – McGraw Hill, 2007
Holder, J. – 49 Ways to Write Yourself Well – The science and wisdom of writing and journaling – Step Beach Press – London, 2013

João Luiz Pasqual
Presidente da ICF Brasil eleito para o triênio 2016/2018, atuando aqui como colunista representante e voluntário da ICF Brasil

João Luiz Pasqual tem mais de 40 anos de experiência profissional. Coach Executivo e de grupos. Foi por mais de 30 anos, executivo do mercado financeiro tendo ocupado posições de Diretor Executivo em diversos bancos (Sudameris, Banco Real, Unibanco, ABN AMRO e Santander), viveu na Europa por 8 anos e viajou para mais de 30 países. É conselheiro de empresas pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e foi Presidente da ICF no Brasil durante o exercício 2015/2018. É coach ICF – International Coaching Federation com a credencial Master Certified Coach (MCC), Mentor Coach pela inviteChange-USA e Accredited Coach Supervisor pela CSA – Coaching Supervision Academy – Londres. MBA pela FIA-USP e Mestrado em Consulting and Coaching for Change pelo INSEAD-Fontainebleau na França.
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