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Coaching, Meditação e Religião

Motivos religiosos são os maiores obstáculos. Estudos demonstram as inúmeras vantagens que a meditação proporciona, sem qualquer viés religioso ou crença.

Muitas vezes em meus programas de Coaching sugiro algumas práticas simples de meditação, principalmente em situações em que noto que a ansiedade e a falta de foco atrapalham o processo.

Várias vezes ouvi de meus coachees: “Prefiro não fazer meditação, pois o meu Pastor disse que isto não é bom” ou, “Não vou fazer, o Padre disse que a Igreja Católica proíbe esta prática” ou ainda, “Não posso esvaziar a minha cabeça, pois ela deve estar repleta do Espirito Santo”. Em outras palavras: motivos religiosos são os maiores obstáculos apresentados.

Situações como estas que, além de proporcionarem um estudo sobre crenças limitantes, causam a necessidade de interromper o processo para explicar um pouco mais sobre esta prática. Nem sempre logro êxito, mas nunca deixo de tentar.

Para que possamos partir de um ponto na apresentação deste tipo de problema, quero externar minha própria realidade. Sou cristão praticante, atuei vários anos como Capelão Organizacional, estudo a Bíblia diariamente, portanto o argumento da fé é um terreno confortável para mim.

A primeira desconstrução que gosto de fazer é, utilizando um processo maiêutico, mostrar que a afirmação de “esvaziar a cabeça” é falsa. Em meditação, principalmente se utilizarmos a prática do Mindfulness, é imperativo que coloquemos algo no centro de nossa percepção, normalmente utilizando a observação da respiração como ponto de partida, como também podemos colocar uma imagem, uma causa, uma tarefa, um santo ou uma divindade em nosso centro de atenção.

Quando a objeção vem por uma suposta advertência da Igreja Católica, costumo lembrar que a prática meditativa é comum na bibliografia dos personagens da Igreja, desde São João da Cruz na segunda metade dos anos 1500 até chegarmos aos Monges Beneditinos que a praticam regularmente. Recentes atividades de Dom Laurence Freeman OSB, a vem tornando comum através dos grupos de Meditação Cristã, espalhados no mundo todo. Os grupos de Meditação Cristã, além da percepção da respiração utilizam alguns Mantras, sendo que o mais comum é o de entoar a palavra Maranata – que é uma expressão aramaica que significa “O Senhor vem!”, o que não deixa de simbolizar que a meditação nos leva à Divina Majestade, não importando a crença.

Quando o Coachee pertence a alguma linha protestante, costumo iniciar a discussão abordando a origem da prática de meditação que realmente é fora dos domínios cristãos, pois teve inicio por volta do século VI aC difundida por Sidarta Gautama, o Buda. Depois menciono os trabalhos de Jon Kabat-Zinn e outros cientistas, psicólogos, médicos e professores notáveis em Universidades dos EUA e do Reino Unido, que despiram a prática meditativa de todo viés religioso, entregando-nos estudos que demonstram as inúmeras vantagens que a meditação proporciona, além de mostrar como se processa em nossa mente.

Após estas apresentações iniciais, costumo relacionar empresas que já implantaram Mindfulness no seu dia a dia e, parece que tenho mais sucesso quando chego ao Programa Search Inside Yourself inicialmente desenvolvido nos corredores do Google.

Esta resistência frente à pratica da meditação acontece, também, nas empresas brasileiras e tenho observado que tanto gestores, quanto colaboradores ainda não se sentem muito confortáveis com a ideia, porém o número de empresas que já incorporaram a prática na totalidade de seu quadro ou parte, vem aumentando significativamente, tanto que já existem alguns modelos testados no Brasil que garantem o sucesso dos projetos de sua implantação..

A prática da meditação em empresas no exterior já é muito grande e o Vale do Silício é um dos polos irradiadores de seu uso.

O modelo que utilizo é bastante semelhante ao utilizado pelo Google e requer a divisão do projeto de implantação em uma empresa em no mínimo 5 fases, a maioria delas para vencer a resistência de algumas pessoas, que simplesmente ainda não perceberam que os tempos são outros e que FOCO e presença no aqui e agora é que vem se tornando em um diferencial competitivo não só para os profissionais, mas também, para as organizações.

Cleyson Dellcorso tem formação em engenharia e filosofia e suas atividades estão relacionadas ao Coaching Profissional e Pessoal, além de atuar com Coaching de Casais. Seus atendimentos têm embasamento em uma metodologia própria com fundamentação filosófico / dialógico. Possui MBA pela UCLA (EUA), com foco em gestão de pessoas, é especialista em liderança pelo Haggai Advanced Leadership Institute (Singapura) e instrutor do mesmo instituto. É professor de liderança e motivação no curso de pós-graduação em gestão de projetos (PMI) do Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada do grupo IBMEC. Atua como Coach desde 2003 e foi um dos primeiros a se especializar no atendimento a Gerentes de Projetos. É diretor do INSTITUTO DE COACHING MAIÊUTICA desde 1999 e tem como área de interesse o estudo das Inteligências – Emocional e Espiritual. Cleyson Dellcorso é casado, tem três filhos e um neto e tem como hobbies – radioamadorismo, velejar e mergulhar.
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