O que significa hoje, em nossa sociedade e no nosso tempo, ser criança? O que é a infância?
Há uma ideia romântica e saudosa da infância. Relembre a sua infância agora. O que sente? É como se fosse um lugar delicioso do qual nunca queríamos ter saído. Esse sentimento é totalmente compreensivo: uma fase em que fomos amados e atendidos, protegidos de todas as adversidades que eram “demais para nossa idade” e resguardados de todo perigo. Só nos sobraria uma coisa para fazer, brincar.
Estou usando apenas por bases nesse texto condições dignas e de direito de uma criança para que ela possa se desenvolver bem.
A criança é um ser social. Comecemos entendendo isso! Isso significa que ela pede que nossa sociedade modifique muito de sua estrutura para recebê-la. Nossas placas de trânsito em área escolar, nossos parques, nossas bibliotecas com sessões infantis, nossos hospitais e por aí vai. A criança é um ser humano com lugar na sociedade. O mercado descobriu isso muito cedo (antes que nossos olhos estivessem bem abertos) e investiu pesado trazendo produtos maravilhosos e indispensáveis para seus pequenos consumidores.
Sempre pensamos na fragilidade da infância. Crianças são seres frágeis e dependentes, mas esquecemos de que na fragilidade delas conseguem até que mudemos leis para recebê-las no mundo de forma digna. Crianças são seres sociais frágeis, mas não impotentes.
Agora gostaria de convidá-los a lembrar das frases que estamos ouvindo das crianças de hoje. Já pararam para pensar, parece que eles têm um “chip” implantado. Respostas para tudo, tecnologia em primeiro lugar e muito mais hábeis do que nós e os brinquedos cada vez menos educativos. Vejo que pelo excesso de trabalho dos pais, infelizmente eles deixam de viver essa fase que é “o que é ser criança”.
Abaixo algumas frases ditas por crianças encantadoras e inacreditáveis:
Ao ver o peixe que a empregada descamava, pergunta:
– Isso é a caspa do peixe? – Priscilla (3 anos)
– Como é que pode uma vaca preta dar leite branco? – Adólio (3 anos)
Intrigado com a falta de estrelas no céu em dias chuvosos, sai com essa:
– Quando tiraram as estrelinhas do céu, ele ficou todo esburacado e agora a chuva só pode cair por esses buraquinhos… – Flávio (5 anos)
Ouvindo a mãe lhe explicar que o sol é redondo, indignado retruca:
– O sol não é redondo, não! O sol é espalhado! – Roberto (3 anos)
No consultório, o médico querendo ser simpático pergunta:
– E então, você está na escola?
Ao que ela prontamente responde:
– Não, eu estou no médico. – Marta (2 anos)
– Mãe (sim, às vezes ela nem me chama de mamãe), quero ir à ilha da Moana, brincar com ela.
– Não dá filha, tá chovendo.
– Pega o guarda-chuva!
– Mas é muito longe.
– Então vamos de avião!!!!
– Mãe quero pipoca.
– Agora, não, filha. Acho que nem tem.
Ela abre o armário, pega a pipoca de micro-ondas e fala:
– Tem sim, ó!
– Mas estamos sem o forno aqui, ele está consertando (verdade!)
– Já sei, mãe (com o dedo indicador levantado, era uma ideia mesmo!). Vamos colocar o milho na panela pra virar pipoca!
– Espertinha! – Querida Lívia (2 anos e meio)
Como eu gostaria que minha mãe tivesse os registros acima para me mostrar quando fosse adolescente e porque não para sempre. Seria uma boa lembrança da minha infância!
Tento manter essa criança dentro de mim até hoje! Meu corpo com certeza vai envelhecer, mas a minha mente sempre será jovem!
Vem comigo, pensar mais um pouco sobre isso?
Até o próximo encontro!
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