“As histórias que vocês vão ouvir aqui hoje, não as escutem com raciocínio. Mas também não as escutem com ponderação. Mas deixem se levar por elas paradoxalmente. Sem acreditar, entendendo-as como uma expressão figurada para não serem tolos, mas ao mesmo tempo, sem desconsiderá-las não as atribuindo uma qualidade totalmente ilusória para não serem perversos.” (da peça A Alma Imoral)
Que caminhos são esses dos nossos desejos que não permitimos percorrer?
Às vezes nos colocamos num caminho e acreditamos que ele é único. Descemos “pé embaixo” sem olhar para os lados, para cima, para dento. Colocamos um desejo na frente e vamos alucinados rumo a “única” verdade imposta por nós.
Para Nilton Bonder, o Rabino que escreveu a preciosidade da Alma Imoral, e que é lindamente adaptada e interpretada num monólogo de tirar o fôlego pela maravilhosa Clarice Niskie, traz reflexões sobre a Alma comprometida com alternativas do próprio corpo e fora dele.
“Esta alma que questiona a moral, assumindo-se muitas vezes imoral é apresentada através de incontáveis transgressões”
Criamos pelo Ego a falsa percepção desse aprisionamento de ideias e atitudes e nos colocamos assim frente à nossa vida. Tentamos ser coerentes entre o que a mente pensa e o coração sente e continuamos em linha reta sem olhar para os desejos. Ainda assim, mente e coração não é Alma.
Vamos criando novos nomes, novos projetos, novas publicações para explicar o que a mente explica e nem sempre o que a Alma deseja.
Achamos que ser “bonzinhos”, politicamente corretos, ter um caminho espiritual, meditar todos os dias, fazer atividades físicas, nos julgando respeitosos e apreciadores do que os outros dizem para sermos aceitos socialmente, é um desejo da Alma.
Olhamos para os Gurus e para as teorias científicas, espirituais, biológicas como um norte para a Alma e ela quer se perder. Ela não tem profetas, ela não tem norte!
Como mulheres cultuamos o sagrado feminino e Alma que nos faz lembrar também do profano em nós.
Falamos de Moral e a Alma nos mostra o Imoral.
Que desejos são esses abafados pelas nossas novas convicções e regras?
Que atitudes “comportadas” temos quando nossa Alma está louca para sair gritando por aí sem descontroladamente?
Que roupas são essas? Que máscaras são essas? Quando a nossa Alma mostra nua.
Que ideias são essas sobre fidelidade que nossa Alma anseia pela traição?
Traição no sentido profundo. Traição às tradições impostas e pelas ilusões que criamos. O que é “certinho” para essa Alma livre?
Que tribo é essa que seguimos e que às vezes nos sentimos transgressores das mesmas ideias que nos fizeram sentir parte e que agora quer se sentir à parte?
O que considero sanidade quando na verdade falar das minhas loucuras?
Qual lugar é esse que nos colocamos se desejamos nos sentir fora do lugar?
“Aquele que engana a si mesmo é mais perverso do que o que engana os outros.” (Nilton Bonder)
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