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POLÍTICA nas EMPRESAS: Poder e Guerra

Uma das regras básicas aplicável a todos os aspectos da vida é a de que a única maneira de vencer é decidir jogar. E o jogo político nas organizações deve ser jogado...

“Política é a arte de unir os homens entre si” – Johannes Althusius (1557-1638, filósofo alemão)

Uma das regras básicas aplicável a todos os aspectos da vida é a de que a única maneira de vencer é decidir jogar. E o jogo político nas organizações deve ser jogado…

Trabalhar com pessoas – clientes, fornecedores, pares, chefes, subordinados – é parte do dia a dia de qualquer atividade profissional; trabalhar com, para e por meio de pessoas é a melhor forma de atingir objetivos e alcançar o sucesso profissional.

Entretanto, o mundo corporativo nem sempre é o ambiente que favorece as interações; ao contrário, muitas vezes é repleto de armadilhas ocultas, que caracterizam o tipo de guerra de guerrilha e de jogos que envolvem o poder que pressupõe escassez e competição, pois, nos níveis mais altos da pirâmide hierárquica, menos cargos existem.

As empresas em geral são, em sua essência, estruturas políticas e oferecem uma base de poder para as pessoas e a forma como este poder é exercido determina o desenvolvimento da carreira e acesso a cargos mais elevados na hierarquia da organização. É oportuno citar o que disse Abraham Lincoln sobre o poder: “A força tudo conquista, mas suas vitórias são efêmeras… Praticamente todos os homens são capazes de sobreviver às adversidades, mas, se você quiser pôr o caráter de um homem à prova, dê-lhe poder”.

A diferença entre a tradicional política partidária e a corporativa reside apenas na sutileza. Quando uma pessoa é superior às outras ela passa a ser objeto de poder – apesar de a nomeação vir de cima, o apoio vem de baixo; um superior representa um grupo de subordinados e, portanto, um grupo de interesses e os subordinados confirmam ou não este apoio.

O poder é uma ferramenta neutra – que pode ser usada para o bem ou para o mal – e que norteia todos os relacionamentos humanos e pode ser exercido de duas formas: influência ou coerção; a influência é muito mais eficaz do que a coerção pois todos nós resistimos naturalmente à ideia de sermos obrigados a fazer algo que nos é imposto.

O poder é uma poderosa ferramenta para atingir objetivos por meio de outras pessoas e, desta forma, não há nada de moralmente errado em buscar ampliá-lo, desde que sejam respeitados os direitos dos outros. De uma forma ou de outra, todos recorremos ao poder para atingir objetivos. No livro “As 48 leis do poder”, o autor, Robert Greene argumenta que ninguém está completamente isento de lidar com os outros através do poder.

Neste cenário, As habilidades de “soft skills” – empatia, comunicação, criatividade, disposição para ensinar e aprender, resiliência, organização, habilidade para negociação, entre outras – são de fundamental importância para “jogar” o jogo da política corporativa; e, quanto mais alto o nível hierárquico, mais a importância de tais habilidades – pesquisas indicam que cerca de 85% dos fatores que determinam o sucesso de executivos “C-level” estão diretamente ligados à correta utilização de “soft skills”.

Como nossos conceitos e ações são determinados pelos nossos valores uma regra de ouro para enfrentar esta “guerra” diária é conhecer profundamente e hierarquizar nossos valores bem como, ter a compreensão dos valores de todos os “stakeholders” ao redor – valores radicalmente diferentes geram grandes conflitos.

É preciso conhecer e reconhecer quais são os valores geradores de conflitos e nunca julgar ações de outros – ao invés disto devemos sim é compreender, pois, atrás de toda ação existe uma intenção positiva seja ela qual for; neste ponto o limite são os valores éticos e práticas de governança corporativa que não devem, em nenhuma hipótese, serem violados.

Alguns comportamentos para criar relacionamentos profissionais sólidos e construtivos e, assim, evitar conflitos desnecessários:

  • Não tentar justificar erros ou fracassos (projetando nos outros);
  • Evitar julgar outras pessoas atribuindo-lhes “agenda escondida” e intenções ocultas;
  • Estar sempre receptivo a novas ideias;
  • Jamais utilizar da tática de “devaneios” verbais como rota de fuga para evitar conversas difíceis;
  • Capitalizar seus pontos fortes e não sustentar seus pontos fracos (nas palavras de John Donne: “nenhum homem é uma ilha – concentre-se no que faz bem e concentre-se nos outros para fazer o resto”).

O autoconhecimento – valores, pontos fortes e fracos, entre outros – e o desenvolvimento e utilização de habilidades “soft skills” são a essência para enfrentar a “guerra” diária no universo corporativo e para o exercício do poder – seja ele em que esfera for – visando criar e manter relacionamentos sempre alinhados com objetivos comuns.

Walter Serer Author
Walter Serer possui extensa e sólida experiência executiva como CFO e CEO de empresas multinacionais de grande porte. Robusta formação em Finanças Corporativas adquirida na General Electric (graduado pelo Financial Management Program) onde atuou por 14 anos ocupando relevantes posições na área de Finanças e Administração. Atuou como CFO nas empresas TI Group, Valeo, Coldex Frigor e Black&Decker. Nos últimos 18 anos exerceu posição de CEO na Ingersoll Rand Brasil (2011-2014), Syncreon South America (2003-2010) e TI Group Latin America (1997-2003). Pós-graduado em Finanças pela FGV e graduado em Administração de Empresas pela (ESAN – PUC/SP).
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