Os estímulos externos influenciam o nosso comportamento, mas não o determinam. Quanto mais conscientes formos, maior será a nossa capacidade de escolher como desejamos responder a estes estímulos. No entanto, se estamos inconscientes, acabamos reagindo de forma automática, e nem sempre assertiva.
Ser protagonista é aprender a assumir a responsabilidade pelas ações que desejamos ter perante as situações que vivenciamos diariamente. É entender que os eventos são os estímulos que recebemos, mas que sempre temos liberdade de escolha sobre a resposta que desejamos oferecer. É focar na parte que podemos controlar, buscando a ação que podemos ter, que ajude a solucionar o problema. Os fatos e adversidade externas sempre vão existir. A pergunta é: como você lida com esses fatos? O protagonista irá buscar influenciar positivamente o ambiente. É um agente de transformação, que busca entender qual é a parte que lhe cabe em relação à solução do problema.
Como humanos, nos deparamos diariamente com estímulos externos, desafios, obstáculos e dificuldades. Essa é uma condição natural de qualquer ser vivo. Um exemplo simples, é quando escolhemos atender o telefone que toca durante uma reunião. Ou quando chegamos atrasados para uma reunião, pois ficamos mais tempo na reunião anterior. Se estamos inconscientes, diríamos que atentemos o telefone “porque” ele tocou. Ou que chegamos atrasados, “porque” a outra reunião atrasou. A questão não é se agimos da forma correta, e sim, identificarmos que em ambos os casos a escolha da ação é nossa, sabendo que haverá limitações ou consequências. Ser protagonista é escolher conscientemente como quer agir na situação, e não buscar uma narrativa que justifique os seus atos. Adotar uma linguagem de protagonista, seria dizer: “Me desculpe, não considerei que atender o telefone pudesse atrapalhar a discussão na reunião”, ou “Me desculpe, não previ que a reunião anterior pudesse demorar tanto”.
Mas se não criamos consciência sobre esse movimento, acabamos nos colocando em posição de vítima das circunstâncias externas, reagindo perante as dificuldades que a vida apresenta. Quem se vitimiza, não se vê parte do problema e consequentemente não se sente parte da solução. Um exemplo disso são as pessoas que dentro de seus carros reclamam do trânsito. O que elas não notam é que elas também geram trânsito. A vítima tende a culpar e criticar os outros, focando nos fatores que não pode influenciar. Busca esconder os seus próprios fracassos, para que pareça mais forte. Espera que a outra pessoa mude ou resolva a situação.
O protagonista escolhe a vida que quer viver. Foca na parte que pode influenciar, ao invés de se vitimizar com a parte sobre a qual não tem controle. Na nossa carreira, por exemplo, podemos ter um líder que não nos dá feedback, não nos desenvolve. O que você faz nessa situação? O protagonista irá buscar o feedback com o seu líder, ou então com outras pessoas que trabalham próximo a ele. Essa pessoa tende a não levar as coisas para o pessoal, como se os eventos acontecessem com elas. Os eventos são apenas fatos, a questão é o que eu posso fazer diante desse fato. Tirar férias, e deparar com um tempo chuvoso, é apenas um fato, pois o tempo apenas é como é. Como eu lido com isso? Posso vestir uma roupa mais adequada para esse tempo, posso fazer um programa divertido, apesar desse tempo.
Se levarmos esse conceito para os nossos relacionamentos interpessoais, podemos lembrar de pessoas que consideramos “difíceis” em nossa vida. Na realidade, as pessoas apenas são como são, e é minha escolha responder a elas como eu desejo. Em alguns casos, posso até decidir me afastar dessa pessoa, pois não adianta permanecer nesse ambiente, reclamando do outro.
O que precisamos entender é que existe uma diferença na escolha de uma resposta e na escolha de um desfecho. Não existe garantia que as nossas ações vão nos levar ao resultado exato que esperamos alcançar. Responder com protagonismo garante que podemos agir de forma alinhada com as nossas metas e os nossos valores, elevando o nosso senso de possibilidade. Não é assumirmos a culpa pelos eventos à nossa volta, mas entender que temos influência sobre a resposta que desejamos dar ao evento que se encontra em nossa frente. Costumo dizer em meus treinamentos que a vida pode ser vista como um jogo de cartas. Você nunca sabe qual a próxima carta que irá tirar. Se ficarmos focados nas cartas e em quanta sorte ou azar tivemos, nos enfraquecemos perante as situações. Se focarmos nas ações e estratégias que podemos criar a partir das cartas que tiramos, nos fortalecemos. E se não sabe o que fazer, apenas entenda, que você hoje, ainda não tem essa habilidade desenvolvida, mas que pode buscar desenvolvê-la para lidar com essa dificuldade. Apenas se pergunte: o que eu preciso aprender para lidar melhor com o problema ou para evitar que isso se repita no futuro.
Ser protagonista é deixar de viver com “expectativas” que dependem de pessoas e situações externas, para passar a viver com “objetivos”, que dependem das nossas ações para se concretizarem. É elevarmos a nossa consciência sobre a forma como estamos nos posicionando perante os desafios que a vida nos apresenta. É sairmos do processo de reações automáticas diante dos eventos externos, e assumirmos o controle sobre a vida que desejamos construir para nós.
Participe da Conversa