Como muitos profissionais já sabem, os assessments têm sido bastante utilizados nos processos de Coaching e outras linhas de desenvolvimento humano como um instrumento eficaz para o mapeamento de perfis, estilos comportamentais, e outros prismas que englobam o universo humano.
Estes instrumentos vêm contribuindo e facilitando o trabalho dos profissionais, permitindo otimizar o foco nas alavancas e causa-raízes que realmente impactam no atingimento dos objetivos almejados pelo cliente.
Levando em conta a ampla gama e diversidade de assessments existentes no mercado, redigi este artigo buscando ser o mais neutro possível e usando exemplos, correlações e metáforas para ilustrar melhor o raciocínio que quero transmitir a vocês profissionais, com vistas em facilitar, otimizar e turbinar seu trabalho com assessments.
Como todo e qualquer instrumento, a eficácia e proficiência dos assessments dependem diretamente do nível de experiência e capacitação do profissional que as utiliza. Um exemplo que pode ilustrar bem seria na música.
Considerando como instrumento o violão, existem milhares de pessoas que conhecem, entendem e sabem tocá-lo. Mas esse número se reduz quando consideramos aqueles que realmente são músicos profissionais, fluentes e que dominam o instrumento com experiência profissional.
E foi pensando em “afinar” seus instrumentos de assessments, que listei alguns dos erros mais comuns que cometemos nessa jornada de maturação da nossa experiência como profissionais, lembrando e salientando que o erro em si é essencial para a excelência e o sucesso do nosso trabalho (e vida). Desde que cada erro seja acompanhado por aprendizados, conscientização, responsabilidade e ajustes de melhoria.
Caso contrário é mera negligência, teimosia ou ignorância por opção (pra não usar outros adjetivos), e que simplesmente obstrui nossa evolução, crescimento pessoal e profissional.
Bom, vamos à lista de erros mais comuns nas devolutivas de assessments que pode ser que você comete, cometeu ou pode vir a cometer:
Erro #1: Não definir o propósito da devolutiva
Genericamente falando, os assessments servem para expandir o autoconhecimento. Isso por si só já agrega muito valor e pode ser sim o propósito da devolutiva.
Entretanto, não raro, clientes nos procuram sem ter clareza do problema ou demanda que possui. O cliente sabe que há algo de errado, mas em muitos casos apontam causas que não são de fato as causa-raízes.
A armadilha é igual de um paciente que reclama de inflamação na mão e considera a própria inflamação como a causa-raiz do problema. Com isso validado, passa a acreditar que ao tomar um anti-inflamatório irá resolver definitivamente o seu problema.
Seguindo o raciocínio da inflamação e considerando como propósito da devolutiva o autoconhecimento, a devolutiva conscientiza, através do relatório de assessment, o cliente de que a sua mão está inflamada, e valida explicando o que é a inflamação e seu funcionamento. Gerando insights e soluções como a de tomar um anti-inflamatório. Neste caso, o melhor seria identificar e entender que há uma fratura no osso em razão do impacto sofrido e que esta é a real causa-raiz do problema da inflamação na mão.
Um exemplo da nossa área e mais comportamental, seria o meu cliente (gestor de área) reclamar que seus liderados não cumprem o que ele pede, sendo que ao investigar, previamente ao uso do assessment, o contexto de interação e formas de delegação do próprio cliente, identifico que ele “delarga” as tarefas sem validação de entendimento. Do outro lado, seus liderados, por se sentirem intimidados e com medo do “chefe”, não perguntavam e nem tiravam dúvidas. Neste caso, os assessments podem ser muito mais efetivo ao validar o estilo de comunicação e de delegação do cliente como gestor, validando e apontando os prós e contras de adaptar-se (ou não) aos estilos de comunicação, entendimento e desempenho dos liderados, ao invés de focar somente no nível de capacitação e entrega dos seus liderados.
Erro #2: “Se eu sou martelo, todo mundo é prego”
É comum algumas pessoas acharem que os outros pensam, sentem e agem como elas mesmas, e por esse motivo, alguns profissionais preparam e realizam as devolutivas com base no seu próprio perfil, ao invés de se basear no perfil de quem irá receber a devolutiva.
Exemplo: Meu cliente possui perfil mais detalhista e minucioso e eu, ao contrário, tenho perfil mais generalista e objetivo. Se eu cair nesse erro comum, sem querer (sendo mais espontâneo e natural para mim), eu preparo a devolutiva de forma objetiva e generalista, sem entrar em muitos detalhes.
A questão é que o foco, intenção e propósito (utilidade) da devolutiva deve sempre ser o cliente e o perfil dele. Isto demanda o esforço nosso como profissionais de nos adaptarmos a cada universo peculiar de cada cliente, com vistas em estabelecer sinergia, conexões, fluência e principalmente confiança na interação com o cliente.
Bom, se você gostou do que leu até aqui e algo fez sentido para você neste artigo, te convido a ficar atento ao próximo artigo com mais exemplos de erros comuns de devolutivas.
Vale lembrar que se você já usa ou vai começar a utilizar assessments, avalie sempre a finalidade e eficácia de cada instrumento. Opte pelos que trazem maior segurança, confiabilidade, e que tenham histórico de pesquisa e desenvolvimento na área. Afinal de contas, nem tudo que é bom é barato.
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