75% dos brasileiros mentem no currículo, segundo pesquisa da DNA Outplacement. Conversamos com especialistas em direito e recrutamento e seleção para entender quais as possíveis consequências para os candidatos.
“Mentir é feio”. Essa costuma ser uma das primeiras lições que aprendemos com nossos pais. Mas, ao menos no mercado de trabalho, esse ensinamento parece não estar sendo seguido (talvez por eles próprios). De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria DNA Outplacement, 75% dos brasileiros mentem no currículo. Ou seja, três a cada quatro pessoas.
O levantamento, realizado ao longo de seis meses com 500 empresas, apontou os seguintes resultados:
- 48% dos currículos tinham distorção quando o assunto era o salário atual ou do último emprego;
- 41% tinham informações incorretas sobre fluência em inglês;
- 12% eram informações deturpadas sobre tempo de inatividade;
- 10% de distorção sobre grau de escolaridade e cursos realizados.
Como líder do Programa de Integração Nacional de Carreiras da ESPM, digo que tanto profissionais jovens quanto experientes usam esse artifício. “Muitas vezes a motivação é a insegurança e o desejo de conquistar uma posição que está além das qualificações que a pessoa possuí”. “São jovens e também profissionais que você jamais duvidaria porque têm bastante conhecimento, mas não têm a chancela de uma instituição”.
No caso do inglês, por exemplo, muitos candidatos se sentiam seguros para mentir porque não utilizavam o idioma em sua rotina de trabalho. “Mas algumas organizações efetivamente utilizam o idioma e se a pessoa não tem fluência ou ao menos um nível avançado, não tem condições de exercer a função”.
Já participei do processo seletivo de um candidato mentiroso quando atuava como headhunter. Depois de passar por todas as etapas e ser contratado, o profissional da área de TI nunca entregou seu certificado de conclusão de curso. “Quatro meses depois descobrimos que ele não havia concluído sua graduação. Ele foi demitido sumariamente”.
Mas será que, além da demissão, o profissional também poderia sofrer consequências jurídicas? Taís Borja Gasparian, sócia titular da Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de Figueiredo, Gasparian – Advogados, diz que nunca viu alguém ser processado por essa razão. “Também não vejo qualquer crime nessa questão. Eticamente, contudo, é um problema”, analisa a especialista. “Caso tenha sido produzido um enorme dano ao contratante, e ele terá que provar isso, então ele poderá processar o candidato contratado por perdas e danos”.
Sorria, você está sendo avaliado
De acordo com Adriana, existem empresas no mercado especializadas na checagem da veracidade de certificações no exterior.
Além disso, os próprios recrutadores costumam fazer e refazer perguntas com o objetivo de checar possíveis inconsistências no discurso do candidato.
Os recrutadores também se atentam a alguns sinais que indicam possíveis mentiras durante a entrevista:
- Candidato inquieto na cadeira;
- Passando a mão no nariz durante respostas;
- Demonstrando desconforto durante uma pergunta ou resposta;
- Pupila tende a dilatar quando passa uma informação incorreta.
São micro expressões que mostram que naquela situação há algo inconsistente.
Matéria da #TMJuntos com participação de Adriana Gomes
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