Quando a vida nos traz outra pessoa para ocupar um espaço que já foi ocupado por alguém, uma parte de nós resiste e protesta contra esse Amor, como se nele estivesse estampado uma traição.
Esses amores ficam com sabor de culpa. Podemos até estar felizes, descobrindo o outro, se conhecendo um pouco mais, mas lá em um canto do coração, tem um pedaço de melancolia. Nesse pedaço ainda tem um pouco de lealdade, um pouco de saudade e talvez até um pouco de Amor.
Não importa se acabou faz pouco tempo ou muito tempo. A relação existiu, ocorreu conexão, e isso já basta para gerar grandes dúvidas, questionamentos e lembranças. É como se fosse um cuidado com o outro.
Esse cuidado é esquecido, rompido, quando o ex ficar exatamente no local dele, que é o passado. Isso só ocorre quando estamos verdadeiramente de frente a um grande Amor, somente esse grande Amor nos faz dar conta de que esse passado está se fazendo presente.
Quem acredita que tudo é descartável e que no primeiro beijo o passado está enterrado, eu pergunto? – Você conhece alguém que chamou, ou quase chamou, o atual pelo nome do ex? Essa é a prova evidente da presença do passado em nossa vida.
Todos os nossos amores se ligam aos amores anteriores, e cada separação perpetua em todas as demais. Cada nova experiência afetiva está cercada de experiências antigas que são revividas. Todos os nossos afetos, tristezas, mágoas, medos, são revividos a cada toque do outro, a cada beijo dado. É impossível negligenciar esse passado.
Em todas aquelas que mudam de Amor como quem muda de sapato sem ficar remoendo sentimentos antigos, há também uma parte daquelas que mesmo a vida caminhando, recordam o passado.
Aquela que sai por aí dizendo a todos que a vida está começando do zero está enganando a si mesma e aos outros, e correm o grande risco de viver sempre a mesma história, com a mesma pessoa, com o mesmo padrão de relacionamento.
O grande segredo é reconhecer que o passado mora dentro de nós, isso evita que sejamos conduzidas por ele, até chegar o momento que o novo Amor fará com que a presença antiga saia de cena dando espaço a novas descobertas, alegrias e prazeres.
O passado nunca desaparece completamente, mas em um momento ocupará o seu lugar, pois passado é passado, e é lá que deve ficar.
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