Muito se fala em qualidade de vida, mas muito de nós não leva em conta que a qualidade de vida começa em nosso interior e que a felicidade faz parte dos itens necessários a ela.
Tenho o costume de iniciar uma conversa, mesmo com desconhecidos e quando sinto que o ambiente permite, costumo perguntar: O que falta para você ser feliz?
Sempre as respostas têm uma certa semelhança: falta-me saúde, faltam-me recursos financeiros, não tenho capacidade intelectual, não tive oportunidade de estudar, não sinto afetividade das pessoas e quase sempre a clássica – se eu tivesse o que fulano tem, eu seria feliz.
Parece que sempre falta alguma coisa para que consigamos alcançar a tão sonhada felicidade e normalmente o que está faltando é externo a nós, a maioria das vezes, de ordem material.
Outras pessoas têm tudo: saúde, sólida situação financeira etc., mas se fizermos a pergunta – o que falta para você ser feliz? Certamente a resposta seria: Não sei! Só sei que falta alguma coisa.
Para você leitor, o que falta para ser feliz?
Talvez a solução para isto possa ser buscada em Aristóteles que afirma que a felicidade não está ligada aos prazeres ou às riquezas, mas à atividade prática da razão. Em sua opinião, a capacidade de pensar é o que há de melhor no ser humano, uma vez que a razão é nosso melhor guia e dirigente natural.
A maior virtude do homem é o pensar, portanto, reside nela a felicidade humana, em outras palavras, o homem em todos os seus atos se orienta necessariamente pela ideia de bem e de felicidade e que bens materiais ou desejos preenche esse ideal de felicidade.
A felicidade para Aristóteles corresponde ao hábito continuado da prática da virtude e da prudência. A virtude é entendida como Aretê – excelência. É somente através do nosso caráter que atingimos a excelência. A felicidade está ligada a uma sabedoria prática, a de saber fazer escolhas racionais na vida. É feliz aquele que escolhe o que é mais adequado para si.
Para os gregos a palavra eudemonia representa aproximadamente o que a felicidade significa para nós: “o estado de ser habitado por um bom daemon – um bom gênio”
Sentimos a felicidade quando nos sentimos completos e, para isso, devemos nos deter em aspectos muito importantes:
- A felicidade é questão do momento – Sempre devemos ser felizes agora. Buscamos a felicidade no aqui e agora;
- A felicidade não pode estar condicionada ao meio e isto chama-se LIBERDADE. A pessoa feliz está feliz onde estiver, não dependendo de nada ou de ninguém, portanto temos a liberdade para sermos ou não felizes;
- A felicidade é ausência de desejo. – Não por repressão (religiosa, cultural etc.) mas por preenchimento, isto é, quando estivermos completos, preenchidos.
Então, como ser feliz?
A felicidade então, está dentro de nós quando nos sentimos plenos, o que só é possível quando temos identificado o nosso propósito e conhecemos o “para que” vivemos.
Alcançar a felicidade não é fácil, ou melhor, é impossível quando olhamos para fora. Devemos buscar a felicidade dentro de nós, pois só nós somos responsáveis pela nossa felicidade. Não podemos delegar esta responsabilidade a nada e a ninguém. Só chegamos a ela quando tivermos pleno conhecimento de quem somos e “para que” somos.
A felicidade pensada por Aristóteles relaciona-se com os conceitos de virtude, amizade, honra e prazer, que são os frutos do homem.
Quando os nossos frutos estiverem alinhados com quem somos, certamente teremos chegado ao tão sonhado estado de felicidade.
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