O bem e o mal
Há algum tempo venho refletindo sobre conflitos interpessoais. Situações nas quais duas ou mais partes com interesses distintos não conseguem alcançar um consenso. Em geral, as pessoas ao redor costumam julgar a situação. O que acontece a partir dai está diretamente ligado a esse julgamento que todos têm dos fatos.
Vivemos numa cultura que alimenta uma divisão entre o bem e o mal, nos levando a recorrentes situações de escolha por um ou outro lado da história. O que me pergunto é:
Será possível atender a pretensão de definir uma posição? Afinal, existe uma dualidade na natureza humana que traz o bem e o mal dentro de si.
Há 6 anos eu e minha família experimentamos um grave problema em nossa empresa. Uma situação ainda mal resolvida que “destruiu” nossas vidas, junto com praticamente todos os nossos relacionamentos. Restaram poucos, hoje valiosos para mim. Se você encontrar com uma destas pessoas na rua, ouvirá versões dos fatos que te deixarão em dúvida sobre quem sou eu e, principalmente, quanto à lisura do meu comportamento.
Ao mesmo tempo, se tiver o privilégio de se deparar com as inúmeras pessoas que me conheceram ao longo destes mesmos 6 últimos anos, ou com as poucas que permaneceram ao meu lado, conhecerá diversas histórias acerca do melhor que habita em mim.
Relatos como este são comuns a inúmeras pessoas. Ao longo da vida, todos experimentam problemas e, de alguma maneira, acabam julgados por isso. Afinal, estas pessoas são boas ou ruins? Depende! Depende do interesse de quem julga em colocá-las como uma pessoa boa ou ruim.
Conflitos e litígios fazem parte da vida.
Basta haver duas pessoas para que surjam divergências. Precisamos cuidar para não condenar as diferenças. Precisamos também entender que toda história possui, no mínimo, duas versões e, em geral, nenhuma delas corresponde aos fatos. Devemos nos atentar para não confundirmos interpretações com realidade.
A percepção que temos dos fatos é fruto do nosso entendimento de mundo e, portanto, está ligada diretamente ao nosso interior, mais que com os acontecimentos em si. Devemos evitar condenar pessoas, e passar a aprender com elas. Os conflitos são excelentes feedbacks sobre quem temos sido. Nos dando a oportunidade de decidir sobre quem queremos ser a partir de então.
As pessoas com que cruzamos podem ser a chave para portas que até aqui nos impediram de seguir em frente. O mundo dá voltas, não é?
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