Será que há alguma diferença entre responder ao estresse ao invés de reagir ao estresse?
Dentro do contexto de mindfulness posso afirmar que sim, é muito diferente.
Durante uma prática de meditação é possível vivenciar inúmeras experiências, principalmente em práticas mais longas, de meia hora ou mais.
Essas experiências no fundo se parecem muito com o que normalmente vivenciamos no dia a dia, ou seja, experimentamos situações agradáveis e desagradáveis. Assim também é durante a prática.
Se estivermos atentos aos processos que acontecem, é possível perceber diversas ocorrências, sejam elas no corpo, ou na mente.
É notar e sentir “na pele” o real significado da palavra impermanência, já que durante a prática muitas experiências vêm e vão, sejam internas como nossos pensamentos e emoções, sensações corporais que podem variar de uma simples coceira até uma dor mais intensa, e ainda fatores externos como a temperatura, os sons etc.
O fato é que nesse processo entramos em contato com diversas experiências. Basta estar atento a elas que podemos notar a diversidade e a intensidade delas.
Além da intenção de estar presente e consciente de tudo que está presente durante uma prática, o que é uma premissa de mindfulness, há um outro fator muito característico que é: apenas observar, sem julgar, sem reagir automaticamente.
Aprendemos a observar tudo que acontece dentro e fora de nós com a intenção de apenas estar presente, sem a necessidade de fazer algo, modificar algo.
Mas afinal, o que isso tem a ver com responder ao estresse?
Responder significa escolher. Ter a possibilidade de escolha diante de uma situação que a vida nos apresenta, e não simplesmente agir no piloto automático, o que algumas vezes, pode gerar consequências desastrosas.
“Assim que intencionalmente trazemos a consciência ao que está acontecendo numa situação estressante, provocamos uma enorme mudança nessa situação e abrimos um campo de possibilidades potencialmente adaptativas e criativas pelo simples fato de não estarmos inconscientes e no modo piloto automático.
Trazer a consciência para o momento leva apenas uma fração de segundo, mas pode fazer uma diferença fundamental no desfecho de uma situação estressante”.
(Jon Kabat Zinn)
Quando treinamos a mente e o corpo durante as práticas vamos aos poucos exercitando esse “músculo” de consciência não reativa. Isto favorece muito a mudança da forma como nos relacionamos com o que nos acontece.
Essa habilidade pode ser interpretada como sendo o ganho de um intervalo entre o que nos acontece e como responderemos ao que nos acontece, com um fator fundamental que está presente nesse intervalo: a capacidade de escolher a resposta.
Todos nós podemos desenvolver essa preciosa habilidade, basta apenas praticar mindfulness com regularidade e disciplina.
Silvia Cavalaro
https://www.silviacavalaro.com.br/
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