Cultura e resultados
Com mais de quinze anos acompanhando jovens em idade de vestibular e profissionais em diferentes etapas de suas carreiras, eu cheguei à conclusão de que somos ingênuos em nossas escolhas.
No campo profissional, nosso sistema de ensino impõe a tomada de decisão numa idade ainda imatura diante à complexidade deste processo. Se considerarmos também os desafios para ingressar numa boa faculdade, o cenário piora devido à falta de hábitos de estudos comum à imensa maioria dos jovens.
Assim, muitos escolhem com base em imagens idealizadas de profissionais à sua volta e, posteriormente, se deparam com as frustrações e desafios do estilo de vida que “conquistaram” sem ao menos pensar sobre ele.
Pensando sobre as interferências culturais neste processo profissional, me questiono acerca do impacto desta mesma cultura em outros contextos da vida.
Definitivamente, nós não somos preparados para pensar!
Modelos são implicitamente impostos através de padrões coletivos de avaliação dos nossos resultados e, a busca por reconhecimento e integração, inerente a qualquer indivíduo, muitas vezes nos leva a “decidir” com base em critérios externos e sem qualquer consciência do impacto da posição escolhida sobre nós mesmos.
Não é de admirar que o vertiginoso aumento no número de pessoas adoecidas emocionalmente. Estamos nos esquecendo de nos conhecer. E mais, estamos nos esquecendo de nos priorizar.
Esta certamente é uma das razões pelas quais cursos de imersão e autoconhecimento estão em alta. O sofrimento tem empurrado cada vez mais pessoas para a busca por entender a si mesmo. Todavia, se conhecer ou reconhecer não é suficiente. Devemos pensar em ações e mudanças coletivas que, em médio e longo prazo, transformem nossa cultura.
Afinal, não é possível que em pleno século XXI, era da tecnologia e inovações, nossos jovens continuem apegados às mesmas profissões tradicionais que nossos avós valorizavam, desconsiderando uma significativa gama de possibilidades, seja por falta de informação, seja por falta de perspectiva de reconhecimento. Pesquisas recentes comprovam o quanto nossa educação segue distante da realidade de mercado. E o resultado é nada além de profissionais despreparados.
Mesmo os indivíduos que optam por empreender esbarram em questões culturais. A começar pelo desincentivo à abertura de um negócio próprio ou receios de insucesso.
Já não é mais novidade que existem múltiplas inteligências e perfis comportamentais. Há décadas estudos do comportamento humano demonstram a importância de se respeitar as particularidades de cada um no desenvolvimento e aprendizagem.
Quando, então, nossa cultura absorverá todo este entendimento?
Não podemos falar de resultados partindo de um entendimento coletivo e, portanto, externo ao indivíduo.
Eu insisto em defender que sucesso equivale à realização dos desejos mais íntimos de uma pessoa, traduzido num estilo de vida e profissão. Esta é a minha expectativa para mim e para você!
Sheila Berna
https://www.sheilaberna.com.br/
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