Há doze anos atuando em gestão de pessoas, entendo que o momento que estamos vivendo de calamidade pública, devido a COVID-19 (coronavírus), está nos trazendo uma maior conscientização na tomada de decisões.
O cenário atual com lojas e restaurantes fechados, fábricas com a produção interrompida, enfim todo comércio e indústria praticamente inoperantes me faz refletir como nossas ações irão trazer impactos na vida dos colaboradores e na saúde financeira da empresa. Tenho para mim que toda e qualquer decisão precisa ser analisada de uma maneira mais ampla.
Para alguns líderes, de imediato, a primeira decisão foi reduzir ao máximo o quadro de colaboradores, não levando em consideração as consequências que essa atitude acarretará à vida da massa de trabalhadores demitidos.
Em contrapartida fiquei surpresa, positivamente, com a grande adesão das empresas ao movimento #naodemita (manifesto que busca preservar os empregos, ao menos por dois meses, durante a crise). Cabe aqui então fazer uma observação. Verificar se todas organizações engajadas neste movimento, realmente tomaram a decisão da adesão por terem seus valores e propósitos ligados à preocupação com seus colaboradores, colocando-os no centro da tomada de decisões, ou se foi algo mais ligado à ideia de “não podemos ficar de fora”, pois poderia ser prejudicial à imagem da empresa, isto só o tempo dirá.
O próprio governo, outra surpresa positiva, lançou programas emergenciais (por pressão ou propósito?) de suporte à preservação dos empregos e da renda.
Diante desse contexto como tomar decisões espiritualizadas?
Vamos lá! Com a circunstância atual, considerado por alguns um cenário de guerra, devemos colocar na balança:
- de um lado, os impactos econômicos para a empresa;
- do outro, as consequências que poderão chegar aos colaboradores.
A saúde financeira da empresa é imprescindível para sustentabilidade do negócio. Assim, neste ponto, vejo que o governo está atuando com medidas que ajudam os empresários, minimizando os impactos no mercado de trabalho.
Os colaboradores, por sua vez, vivem dias de angústia com tantas incertezas. Vejo que cabe aos líderes refletirem sobre o aspecto humano colocando o colaborador no centro da tomada de decisões.
No meu ponto de vista, clareza e transparência serão fundamentais para lidar com as demissões que, inevitavelmente, ocorrerão. Com a utilização de critérios justos o colaborador poderá compreender a decisão sem mágoas ou ressentimentos.
Aqui gostaria de citar um trecho do livro “Liderança e Espiritualidade – humanizando as relações profissionais”, de Adilson Souza que diz:
“O ponto chave para sermos justos é termos critérios muito claros na tomada de decisões. Dessa maneira não cometeremos injustiças, e compartilhamos nossa visão com o todo”.
O momento atual, além de desafiador, está ocasionando uma verdadeira transformação dentro das empresas. Temos que reconhecer que até pouco tempo era inimaginável ver CEOs priorizarem as pessoas em detrimento aos resultados financeiros. Algo que levaria muitos anos para acontecer, na minha opinião. Parece que esta pandemia, se é que podemos dizer que tem um lado positivo, devido às inúmeras mortes, está levando a espiritualidade e humanização para as empresas.
Samira Villano
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