De onde vem essa força?
Nessa coluna tenho a intenção de fazer provocações e reflexões do que vejo, ouço ou sinto, e essa semana especialmente, na famosa quarentena do Covid-19 e nas vésperas do meu aniversário, recebi um desafio de um grande amigo.
Cantar!!!
Ele sabe que estudei canto popular há mais de 20 anos e nunca mais voltei. Ele sabe também que de repente fiquei tímida nas rodas de violão e nos Saraus, e nessa semana, aqui em casa, me peguei cantando pelos cantos. Cantando no chuveiro… (quem não gosta, não é?).
E ele me deu uma dica de uma preciosidade do Caetano Veloso: a música Força Estranha.
E hoje estou aqui com essa pergunta. De onde vem essa força? A força que está fazendo você superar esses dias de isolamento? A força das mães em cuidarem da rotina pesada de suas casas e das atividades escolares de seus filhos? E a força de pessoas que saem para a linha de frente e enfrentam todos os dias hospitais cheios para salvar vidas? A força dos que estão se reinventando para não falir, para continuar a sobreviver?
De onde vem essa força de acordarmos e ver o dia lá fora e tantas noites aqui dentro?
Percebi que o que me motiva é me conectar com as pessoas, saber como elas estão, como se sentem. Me motiva criar condições para que meus clientes possam superar a crise e, principalmente, encontrar equilíbrio emocional para eles e suas equipes.
Me motiva entender que as pessoas estão encontrando uma enorme força interna para olhar para fora com uma nova consciência.
Mas, sem dúvida, nessa semana em especial, meu aniversário, eu queria mesmo era abraçar apertado meus amigos. Porque se tem uma coisa que tenho ouvido de muitas pessoas é o quanto estamos valorizando nossas relações, o amor, a simplicidade da vida.
Tenho também percebido que outras pessoas, profissionais e amigos, não estão conseguindo parar. Muito pelo contrário, estão fazendo o triplo de atividades em suas casas. Estão olhando para seus celulares e computadores por 12, 14, 16 horas por dia. E com isso não percebendo a imensa força que tem em seu interior. Buscando fora desesperadamente.
E veio mais um trecho da música…
” O Sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei”
O Sol hoje estava brilhando lá fora e eu sentindo aqui dentro que não tinha conseguido me conectar com muitos amigos queridos nessa semana, digo, CONEXÃO, não palavras e emojis soltos no WhatsApp.
E como a música ou qualquer forma de arte nos traz uma conexão muito profunda com a Alma, inevitável não sentir. (esse é tema para outro texto)
Mas o que mais me chamou a atenção é a falta de tempo de muitos deles. Conversei com pessoas que estão com dificuldade de fazer pausa até para falar, respirar. Nos interrompem para continuar outra frase, porque não conseguem parar para ouvirem o outro e para ouvirem a si próprios.
Então, desafio aceito para meu querido amigo. Vamos cantar!
“Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha no ar
E por isso é que eu canto e não posso parar…”
Que venha cada vez mais força de dentro de nossos corações, do fundo da nossa alma para celebrarmos nossas vidas.
Para estarmos com quem realmente vale a pena. Que tenhamos mais conexões reais, mesmo que online, mas verdadeiras e profundas. Não é o volume que nos traz qualidade de vida, mas sim a presença. E na presença é que sentimos a imensa força que temos.
Como diz Caetano:
“E o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada
É o sol…”
Eu amo aniversário, e essa data sempre me faz pensar no que realmente importa. A vida importa, meus amigos importam, o amor importa. E como diz uma grande amiga que é especialista em luto, não é sobre envelhecer ou morrer, é sobre refletir em como estamos vivendo a nossa vida.
“A vida é amiga da arte.
É a parte que o Sol me ensinou”
Eu quero mais música, mais sol, mais conexões com alma. Fontes da minha força. E então, de onde vem a sua?
(com gratidão pela inspiração ao amigo Jayme Quirino JR e ao maravilhoso Caetano Veloso)
Claudia Vaciloto
http://www.nasala.net/
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