Ocupado demais para viver?
A chegada da pandemia do COVID-19 me levou à reflexão sobre minha falta de controle sobre as circunstâncias da vida. Sem pedir licença este vírus se instalou no mundo e trouxe com ele uma montanha russa de sensações e emoções.
Eu já senti essa sensação nos processos de luto familiares, durante tratamentos de saúde ou quando grandes sonhos precisaram ser ressignificados e ela é sempre parecida; para mim a falta de controle faz com que tudo pareça escorregadio e fora de lugar.
Mergulhando um pouco mais no tema, me pergunto: será que tenho, de fato, o controle que julgo ter na vida, ou será que o controle que eu acho que tenho na verdade não passa de uma grande ilusão?
Não sei a resposta, só sei que estas perguntas pairam nas minhas reflexões de tempos em tempos, principalmente, quando penso no meu nascimento e na minha morte. Nestes momentos então me dou conta de que minha capacidade de controle é muito mais limitada do que julgo ter e isso me reconecta com a natureza frágil que consiste em “ser” humano.
Dessa forma, perceber minha fragilidade humana me faz pensar na qualidade das minhas escolhas. E pensar nas minhas escolhas me convida a ter um olhar mais atento do que me importa cuidar.
Às vezes sinto que tenho me comportado como se estivesse correndo uma maratona e algumas áreas da minha vida são negligenciadas.
Normalmente estou sempre muito atarefada trabalhando, estudando, organizando que esqueço de parar e apreciar o caminho.
Esta semana li um trecho do livro “Quando Tudo se Desfaz” que me causou incômodo e eu sei que por detrás de um incômodo se esconde algo que tenho que aprender. Eis que o livro me golpeia sem pedir licença:
…“Ficamos tão acostumados a correr sempre para frente que roubamos de nós mesmos a alegria”.
Não bastasse isso, ele depois traz a história de uma monja que estava super atarefada limpando, cozinhando e cuidando dos preparativos para receber a mestra. Tão logo a mestra chega no local a monja corre para cumprimentá-la. A mestra então lhe pergunta: “Você viu o nascer do sol esta manhã?” E a monja responde: “Não, estava ocupada demais para ver o sol”. A mestra riu e disse: “ocupada demais para viver?”
E você como tem se sentido neste período de pandemia? Tem olhado para suas emoções e cuidado delas com carinho? Tem praticado a autocompaixão? Quais reflexões te chegam a partir dessa nova realidade que tens vivido?
Desejo então que você não esteja ocupado demais para viver e que a corrida sempre para a frente não roube a sua alegria.
Com carinho, Fran!
Franciele Ropelato
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