Eneatipar X Estereotipar
Esta coluna é dedicada a VOCÊ!
VOCÊ que acredita que não estamos aqui para nos encaixar em nenhuma “verdade” que nos tenha sido contada, nem para ser equilibrados ou servir de modelo para os outros.
VOCÊ que acredita que estamos aqui para ser diferentes, estranhos, excêntricos.
E VOCÊ que acha que estamos aqui simplesmente para adicionar um pedacinho nosso ao grande mosaico da vida.
E, principalmente, para VOCÊ, ser humano único, que não se encaixa em nenhum rótulo (ou se encaixa em todos) e que busca a integração da sua necessidade interior – que é real e têm muito a lhe dizer, apesar de você ter escutado várias vezes que isso não é importante. Para VOCÊ, que tem algo grandioso no coração e que tantas vezes coloca suas vulnerabilidades embaixo do tapete supondo que isso te fará melhor.
Esta coluna não pretende ser um guia com um “passo-a-passo” para o autoconhecimento. Ao contrário, é um mirante no caminho, onde iremos parar algumas vezes e, desde esse espaço, questionar, refletir, repensar ideias pré-concebidas e conceitos incorporados em opiniões discutíveis sobre personalidade, o ser, o sentir e o agir.
O Eneagrama irá lançar luz sobre esse percurso.
O utilizaremos a partir de um enfoque um pouco distinto da abordagem tradicional. Um olhar humano e sensível, distanciado dos estereótipos, com um novo entendimento dos movimentos propostos por este símbolo, que há alguns anos me abraçou completamente, fazendo-me sentir respeitada na minha autenticidade.
Vamos juntos que esta viagem está só começando!
Liz Cunha
Eneatipar X Estereotipar
Você já deve ter ouvido aquele ditado: “Não julgue o livro pela capa”. Então essa advertência cai como uma luva quando falamos de Eneagrama.
Sem julgamentos, quando abrimos esse livro somos logo hipnotizados nas primeiras páginas porque, de fato, enxergamos muito mais que um círculo, um triângulo e uma héxade.
Personalidades são apresentadas, comportamentos se justificam no esforço para nos sentirmos perfeitos, conectados, reconhecidos, únicos, desapegados, seguros, estimulados, poderosos ou em paz.
É verdadeiramente fascinante. O problema, entretanto, reside na errônea tipificação e na falta de abertura para enxergar diferenças que fogem do padrão.
É então que eneatipar e esteriotipar se fundem, se confundem. E como água e óleo, essa mistura nunca será homogênea. Significa dizer que, mesmo que nos encaixemos em um determinado padrão de personalidade e que reconheçamos nosso esforço, há uma série de variáveis a serem consideradas. Entre elas, nossas tendências instintivas, o meio em que vivemos, a cultura e a nossa autenticidade que nos torna, mesmo sem estratégias, seres únicos.
O que temos visto hoje, na utilização do Eneagrama, é a tendência de enquadrar pessoas à teoria. Quando deveríamos fazer o oposto.
Observamos, superficialmente comportamentos nossos e dos outros e rapidamente os presenteamos com algum número de 1 a 9. A partir deste momento então já temos uma cortina diante de nossos olhos e tudo será usado para justificar a nossa hipótese. Isso cega a nossa visão, nos limita, nos embota, nos rotula.
O convite aqui é “não julgar o livro pela capa”, ou seja, abandonarmos os estereótipos dos tipos, colocar a tipologia um pouquinho de lado e perceber a pessoa. Porque o nosso “tipo” descreve como agimos e não quem somos. Quem disse que os tipos 8 não podem ser amáveis, tipos 5 sensíveis e tipos 1 imperfeitos ou desorganizados? Quem disse que os tipos 2 não podem querer um pouco de espaço, os 4 não podem desejar ser apenas mais um e os 3 não se mostrarem confortáveis em situações em que não evidenciem seu potencial profissional? E quem disse que os 7 fazem piada de tudo e que os 9 não podem partir para o conflito?
Estar aberto e manter a mente investigativa, é de extrema importância para quem pretende seguir nesse caminho. Porque não há nada mais doloroso do que passar a vida sendo quem você não é, mas sim aquilo que te levaram a acreditar que era.
Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/
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