Você conhece a Vênus de Brassempouy?!
Para quem não se deu conta da data desta postagem, hoje é Dia dos Namorados, em 2020. Esse será um dia muito atípico na forma de celebração. Se em anos passados representava motivação a mais para enamorados estarem juntos, neste ano a situação é diferente por conta de uma pandemia global. Muitas vezes, após um jantar à luz de velas, beijos e abraços selavam votos de amor eterno mas, como será neste ano? Aliás, eu já tratei muito desse assunto em meu livro “52 ½ semanas de amor” (quem quiser fazer download gratuito acesse aqui).
Pois bem, alguém pode perguntar: o que o Dia dos Namorados tem a ver com o Espaço do Coach? Acredito que, no binômio coach-cliente, muitas vezes, haverá aquela situação em que o profissional encontrará alguém envolto em questões complicadas e impactadas por relacionamentos amorosos. Então, por que não explorar esse assunto até como forma de contribuir para o desenvolvimento de uma abordagem inovadora? Claro, desde que haja espaço para isso, na visão do coach ou mentor.
Como que a reforçar a minha tese anterior, copio aqui um trecho do prefácio assinado pelo imortal Antonio Olinto (cadeira 8 da Academia Brasileira de Letras), no meu livro:
…Amor e Paixão são temas permanentes sobre os quais nos curvamos, inquietos às vezes, outras na maior esperança e a maioria delas na incerteza… O ângulo escolhido por Mario Divo foi outro. Ou, melhor, ele não usou um só método, mas uma boa quantidade deles. Para isto, lança mão de Afrodite (Vênus) e suas acólitas, de Cupido e seus acólitos, que as há e que os há muitas e muitos. As forças básicas são primitivas, estiveram presentes nos primeiros tempos do homem, quando Afrodite gerou Eros e os deuses dividiam os terrenos em que agiriam…
Se aquele livro me levou a viajar mental e visualmente ao passado, para então chegar a mitos alinhados com o Amor e a Paixão, hoje eu vou tratar de uma figura que não é mitológica, mas que é real e tem mais de 22 mil anos. Será uma forma de evidenciar que a relação intensa de duas pessoas (independentemente de gêneros), chame-se de Amor ou Paixão, provoca sentimentos, cria química intensa e desafia valores, preconceitos, crenças, o racional e, até mesmo, o próprio metabolismo. E para que não fiquem dúvidas, devemos entender que remete a condicionamentos diferentes na interpretação dos mais letrados e especialistas. Ou seja, está aí o cenário perfeito para o trabalho de profissionais no ramo das intervenções humanas.
Como eu escrevi no livro, se Vênus é a Deusa do amor e da beleza na Mitologia Romana (Afrodite na Mitologia Grega), muitos podem entender que ela é um símbolo sem concretitude (ou realidade). Pois saibam todos que assim pensarem, que existe uma Vênus real chamada de Vênur (Dame) de Brassempouy, exposta no Musée d’Archéologie Nationale, em Saint-Germain-en-Laye – França (imagem abaixo).
Quero comentar que tomei conhecimento dessa peça através de excelente artigo do meu grande amigo e inspirador José Roberto Whitaker Penteado. Ela está esculpida em marfim, e sua criação está associada ao período Paleolítico Superior (entre 22 mil a 26 mil anos atrás), sendo uma das mais antigas representações realistas do rosto humano.
Antes de tratarmos do simbólico, vale conhecer informações interessantes sobre essa peça: tem dimensões mínimas (altura: 3,65 cm – largura: 1,9 cm – profundidade: 2,2 cm) e foi descoberta em 1894, na cidade de Brassempouy, que fica a aproximadamente 750 quilômetros de Paris. O rosto é triangular e equilibrado. A testa, nariz e sobrancelhas são mostrados, mas a boca está ausente. Na cabeça há incisões perpendiculares que se assemelham a um véu, capuz ou, mais simplesmente, cabelo trançado. O rosto tem sinais que evocam tatuagens ou maquiagem. Clique aqui e acesse uma imagem 3D (rotacional) no site do museu de arqueologia.
Brassempouy, vila criada no século XII, está estruturada como a rua de uma vila, com as casas dos cerca de 300 moradores organizadas em torno da rua principal que é fechada, de um lado por um castelo e, do outro lado, pela igreja. Se a Vênus (Dame) de Brassempouy é uma das representações humanas mais antigas do mundo, seu significado permanece hermético. Uma graça feminina é sutilmente produzida por essa estilização conectando pescoço fino e alongado ao rosto geométrico.
Nos últimos 140 anos, desde a descoberta da escultura, muitos arqueólogos se debruçaram no esclarecimento de uma questão. A raridade dos restos descobertos durante escavações antigas contrastava com a natureza da descoberta de estatuetas femininas e despertava perguntas:
- A que tipo de ocupação essa mulher poderia estar ligada?
- Que lugar havia para as mulheres na pré-história?
- É a representação realista de uma pessoa específica ou seria o ideal do gênero feminino?
É do período Paleolítico que conhecemos as primeiras representações do homem, sendo que a Vênus de Brassempouy é uma das mais antigas preservadas. Obra emblemática da pré-história, que ainda não revelou todos os segredos, sendo que para muitos estudiosos representa a mulher que tinha funções religiosas e simbólicas (talvez, de culto à fertilidade). A pupila é muito bem gravada, o que torna o olhar perceptível e impactante. As características parecem tão fortemente individualizadas, que algumas publicações associam a peça ao conceito de fotografia (claro, com os recursos de registro da época). Mais imagens e a comparação com um rosto feminino atual está neste vídeo (de um minuto).
Muito da inspiração de artistas, ao longo de milênios, teve origem na mitologia. Vênus, Zeus e personagens da mitologia greco-romana, bem como de outra origem, inspiraram e resgataram o relacionamento humano, traduzido nos limites pelo fascínio do Amor e da Paixão. Sentimentos que, libertos de um nó semântico (Amor e Paixão; Amor ou Paixão), exibem um estado da alma que cerca os amantes como num transe do qual não se tem saída.
A Vênus de Brassempouy é a representação real de um alguém que captou seu sentimento em relação a uma figura feminina, que é quem fez a escultura.
A figura que se deixou esculpir traduziu a expressão de entrega pessoal que, até hoje, cativa quem a vê e a analisa, essa é a nossa Dama. Passados mais de 22 mil anos, aquele momento de ternura iluminado por Amor ou Paixão (chame como quiser) o encontro da Dama e de quem esculpiu, permanece vivo na concepção dos amantes modernos, com ou sem beijos e abraços, mas com muitas imagens circulando pelas mídias sociais.
Aos profissionais que trabalham com intervenção humana, presencial ou à distância, cabe sempre conhecer mais sobre as motivações e sentimentos humanos. Porém, destaca-se aquilo que a nossa Vênus deixa bem evidente: os prazeres mais extremos entre quem se deseja são próprios da humanidade, modificados apenas na forma de sua expressão pelos usos e costumes, bem como pelo linguajar de cada época. Quanto mais exercitar o bem-querer e o carinho mútuo, mais tempo o relacionamento irá perdurar, tenha ele o nome de Amor ou de Paixão. Feliz Dia dos Namorados!
Mario Divo
https://www.dimensoesdesucesso.com.br/
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