Ética… mas só quando interessa?
Na primeira semana de maio tivemos notícias de que na Itália e Espanha a população se reunia nas janelas para “bater palmas” aos profissionais da saúde que estavam no combate ao novo coronavírus.
Aqui no Brasil a ação também ocorreu em várias cidades.
Afinal, não bater palmas e celebrar a estes profissionais “heróis”, seria falta de reconhecimento e, acima de tudo, antiético.
E os profissionais da saúde acreditaram que eram heróis.
Na quinzena seguinte ainda se viu a atitude acontecendo aqui e acolá.
Durante a primeira fase da pandemia, este profissionais ficaram sobrecarregados, sem tempo de pensar em si. Ocorre que os hormônios vão se rebaixando conforme a tensão também diminui.
Todo o estresse acumulado na batalha, irá se revelar de outra forma mais adiante.
É muito interessante esse aspecto da vida humana que diz: ter que fazer porque uma outra pessoa já fez, é atender a ética.
Normalmente uma pessoa faz algo quando a necessidade se impera na vida desta pessoa. Pode ser a vida pessoal ou profissional. Ela faz porque precisa atender às suas necessidades.
E aí, outra pessoa faz devido alguém já ter feito.
É uma obrigação de fazer! Do contrário, não seria ético na sociedade.
E uma multidão começa a fazer.
Porém, o tempo passa. A pandemia passou para a fase três nestes países. Os hospitais não estão mais superlotados e as pessoas podem sair com as precauções de segurança.
As necessidade das pessoas vão mudando. Quem morreu, morreu. Quem se curou, se curou. E quem ainda não pegou, não tem as mesmas necessidades.
Aqueles “profissionais da saúde” foram “heróis” de momento.
Foram, já não são!
A ética que era para ser a mesma, – uma vez que aquilo que é antiético ontem, continua antiético hoje, – também mudou.
Não há ninguém fazendo, então, para que fazer? Ética da conveniência, ou melhor, da necessidade.
Quando a ética é ferida vê-se os resultados na vida real.
Final de junho as notícias são de que médicos e profissionais da enfermagem estão sofrendo na Itália e Espanha. Motivo? O esquecimento!
Lutam para permanecerem bem após a batalha. Lutam com lembranças que lhes atormentam. E lutam com o humor alterado. Ora é excesso de raiva, ora de tristeza.
O mundo lhes choca com a falta de memória e dizem: Essa é uma falta de ética imperdoável. Afinal, somos heróis.
Falta-lhes sentido de vida, relatam em seus depoimentos.
Interessante que estes profissionais da saúde relatam exatamente as áreas que constituem a resiliência. A ética e a resiliência estão se minguando.
Melhor dizendo, a ética e a resiliência vão de acordo com os gostos e as necessidades destas pessoas.
O remédio está tanto na manutenção do reconhecimento, da admiração pública, como no investimento da resiliência coletiva.
Todos se admirando pelo esforço de se curar e pela luta para curar o próximo, e juntos cultivando a resiliência necessária.
Dois recursos poderosos para combater a depressão, o vazio existencial, o suicídio.
É muito importante conhecer sua opinião sobre este assunto. Nosso assunto é resiliência e, importante, resiliência dentro da ética. Então deixe um comentário ou envie uma mensagem.
George Barbosa
http://sobrare.com.br/
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