Amigos leitores, “estresse” é uma expressão que atemoriza as pessoas, sempre que aparece. E neste mundo dinâmico tão cheio de surpresas, ao qual atribuímos a sigla VUCAH (volátil, incerto, complexo, ambíguo e hiperconectado), o que não faltam são pessoas reclamando de problemas que as deixam estressadas. Pois hoje quero me inspirar em artigo escrito por Juliette Tocino-Smith no site https://positivepsychology.com/, três meses atrás (formada em Antropologia Médica na Universidade College e Relações Internacionais e Antropologia na Universidade Sussex – Inglaterra).
Não é tão simples converter aquele longo e detalhado estudo sobre o eustresse (estresse positivo) em uma postagem resumida. Mas, tenho certeza, o resultado final mostrará uma faceta diferente do qual as pessoas poderão tirar proveito para seu próprio bem. Aliás, a frase inaugural do artigo é bastante motivadora:
“Imagine você se sentir capaz de lidar com o que a vida lhe der, sem entrar em pânico, sem reagir exageradamente ou mesmo planejar uma estratégia de fuga?”.
Segundo a autora, ao nos aprofundarmos no funcionamento pessoal do estresse, poderemos desenvolver uma compreensão de como o estresse positivo pode nos levar a momentos mais gratificantes e significativos. Se o estresse está enraizado em nossas vidas cotidianas e no vocabulário, também precisamos admitir que, desde muito cedo, aprendemos que a vida é estressante. Por conta disso, a idade adulta exigirá responsabilidades e conquistas, o que gera continuado desafio a nós mesmos e à inevitável sensação de estresse.
Um entendimento confuso que está muito presente no pensamento coletivo é que, se não estamos estressados é porque, também, não estamos nos esforçando para sermos melhores e vencedores.
Com essa crença predominante, muitas pessoas vão ficando estressadas com a expectativa do estresse, o que não é, definitivamente, uma boa estratégia de gerenciamento do cotidiano. Apenas nas últimas décadas, o estresse passou a ser objeto de estudos científicos mais apurados, a partir do que a narrativa começou a mudar, adotando que nem toda forma de estresse é negativa.
A premissa de que “o estresse é ruim” remete à crença de ser prejudicial para a nossa saúde. E isso representa papel importante na formação das respostas fisiológicas. O estresse pode não ser bom nem ruim, por princípio, mas a percepção de estar estressado pode ser boa ou ruim. Isto porque de fato tudo estará ligado a como o corpo e a mente reagem a um agente estressor ou a um evento estressante. Em resumo, o estresse nos ajuda a sobreviver, podendo até mesmo aumentar nossos sentidos e melhorar nosso desempenho, em determinada tarefa ou ação.
Então, que tal mudarmos essa percepção negativa do estresse, diante do potencial de assim podermos transformar nossas vidas?
Segundo Juliette Tocino-Smith, na virada do século XX, as ideias negativas de estresse foram generalizadas. Isto, em grande parte, devido à industrialização e urbanização, moldando o cotidiano da sociedade. Nos anos 50, começou a emergir o conceito de estressor e estresse (para distinguir entre estímulo e resposta). Apenas nos anos 70, foi definida uma terminologia para estabelecer distinção entre o estresse bom e o angustiante.
Combinando o prefixo grego eu, (significando bom) com estresse, eustresse se tornou o termo usado para definir o “bom estresse” em oposição ao “ruim”. Ou seja, o estresse é a reação a um agente estressor, mas nem sempre deve estar ligado a cenários negativos. Além disso, a ciência já mostrou que o eustresse traz benefícios emocionais e físicos à saúde. E pode, inclusive, levar à atenção concentrada, ao equilíbrio emocional e aos pensamentos racionais. O estresse angustiante, por outro lado, pode causar atenção prejudicada, tédio, confusão, apatia, excitação, esgotamento e comportamento desorganizado.
Usando conceito presente na área de psicologia, Juliette Tocino-Smith afirma que, em sua melhor forma, o eustresse pode induzir um estado de “fluxo” (flow). Como o eustresse, o fluxo é um estado focado, geralmente induzido por dose saudável de desafio. Como escrevi no início do artigo, este é um assunto denso e apaixonante. Mas agora prefiro dar aos leitores uma opção de avançarem no assunto com a apresentação da psicóloga americana Kelly McGonigal.
Como fazer do estresse um amigo?
Em um TED, com o tema “Como fazer do estresse um amigo” (veja abaixo ou clique aqui), ela explica que seu maior erro, como profissional de saúde, foi dizer às pessoas que o estresse era “terrível e que gera doenças”. Embora isso tenha sido ligado ao objetivo pessoal de tornar as pessoas mais felizes e saudáveis, ela percebeu que estava fazendo “mais mal do que bem”. Constatação dela que coincidiu com a publicação de estudo com trinta mil pessoas entrevistadas nos Estados Unidos, durante cinco anos. E a questão do estudo era: você acredita que o estresse é sempre prejudicial à sua saúde?
Por fim, deixo esse tema para você leitor pensar a respeito. Lembre-se de quantas vezes a tensão e o estresse poderiam ter sido explorados positivamente. Um novo romance, um novo cargo ou emprego, a viagem de férias tão esperada e, até mesmo, a mudança para uma nova casa.
Como você reage a um agente estressor, física e mentalmente, dependerá muito do seu estilo de vida, em que sempre cabe incluir hábitos alimentares saudáveis, sono adequado, exercícios físicos, meditação e, de forma marcante, ter a sua autoestima em alta.
Mario Divo
https://www.dimensoesdesucesso.com.br
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