A falta de conexão do trabalho com a realização pessoal, há tempos, nos faz buscar mudanças para viver uma vida com mais significado e qualidade.
Ao longo da minha prática profissional, 20 anos atuando na área de Gestão de Pessoas e, nos últimos anos, também atendendo famílias e profissionais em transição de carreira, já ouvi muito que os problemas precisam ficar fora da empresa.
Como profissionais, nos é exigido um modelo que não permite a exposição de imperfeições e vulnerabilidades. Como se tivéssemos uma vida à parte, sem que ela fizesse parte de nossa integralidade como seres humanos. Exemplo disso é que algumas pessoas são capazes de passar anos trabalhando ao lado de outra, sem saber nada sobre sua história, suas lutas e conquistas. Isso acaba nos distanciando.
Somos seres integrais, com necessidades a serem atendidas. A falta de conexão do trabalho com a realização pessoal, há tempos, gera um descontentamento e um movimento de pessoas que buscam mudança para viver uma vida com mais significado e qualidade.
Mas o que significa ter qualidade de vida?
É fazer escolhas conscientes, sair de um padrão social automático e estabelecido de como sua vida deve ser conduzida e tomar o controle do que é importante e faz sentido para você de fato. Ser o agente de ação de sua própria vida e estar em congruência com seus princípios.
O autoconhecimento e a autorresponsabilidade são elementos fundamentais para obtermos qualidade de vida. Preciso entender o que é importante para mim, quem é a pessoa que eu quero ser, estar alinhado aos meus valores, saber o quanto é suficiente, ser reconhecido e remunerado pela contribuição que eu trago.
A pandemia nos trouxe um grande nível de complexidade.
Tivemos que desenvolver novas habilidades, assumir novos papéis, restringir nossa rede de apoio, abandonar velhos hábitos e nos reinventar. Passamos a ter que dar conta de várias coisas novas ao mesmo tempo e desse modo viver uma realidade totalmente diferente do que estávamos acostumados.
Ouço muitos relatos de pessoas que estão se sentindo sobrecarregadas, angustiadas, frustradas e esgotadas. Apesar de cada pessoa sentir essa experiência de uma forma, podemos reconhecer no outro nossas próprias fragilidades em ter de lidar com tudo isso. Essa complexidade é de todos nós, o que gera uma maior cumplicidade, apoio mútuo e empatia entre as pessoas.
As reuniões de videoconferência em home office abriram espaço para reconhecer e acolher as fragilidades e vulnerabilidades que esse momento nos trouxe. Não é mais possível omitir as falhas. É o pet que passa atrás da câmera, a criança que interrompe a reunião, uma falha de tecnologia, algum membro da família desavisado que passa pelo ambiente. Estamos tendo a oportunidade de olhar outro aspecto da vida das pessoas.
Quando fiz minha primeira formação em coaching para pais com minha mentora Lorraine Thomas, uma frase que ela disse me marcou profundamente e a citei no livro em que sou coautora: “a família é a empresa mais importante do mundo”. Como estamos cuidando da nossa empresa essencial?
Felizes das empresas que já perceberam que não é possível separar o ser humano integral em uma parte. Que é necessário acolhê-lo em sua integralidade e em todos os seus aspectos. Que a produtividade é resultado de pessoas realizadas e engajadas, que trabalham em prol de um objetivo, que dê assim sentido a suas vidas.
A necessidade primária de todo ser humano é se sentir pertencente e importante.
Ao criarmos um ambiente de confiança, as pessoas assumem e aprendem com seus erros, modificam o comportamento e utilizam seu potencial para entregar o seu melhor.
Quando compartilhamos e nos apoiamos, nos fortalecemos mesmo quando não temos todas as respostas. Pensamos juntos novas formas de fazer, trabalhamos em colaboração e assim nos beneficiamos coletivamente.
Danielle Vieira Gomes
http://daniellegomescoach.com.br/
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