O que eu faço agora?
Há quase 5 anos, saímos de um apartamento confortável e super bem localizado no centro da cidade para morar no sítio. Esse ato foi recebido por todos nossos conhecidos com certa estranheza (ainda mais para aqueles conhecedores do Eneagrama, que sabiam que eu sou uma 3 Transmissora): Que glamour tem isso? E o terreno no Brisas (um condomínio de alto padrão aqui)? E a segurança? Vão abrir mão da praticidade de ter tudo à mão, na descida do elevador ou na chamada do delivery? Como virão para a cidade todos os dias pra trabalhar? E a logística com as meninas com a escola e as aulas extras?
Foi justamente por elas que fizemos esse movimento. Em busca de mais liberdade, contato com a natureza, saúde, sensibilidade, verdade… vida! No pacote vieram cachorros, gatos, gansos, peixes… lebres, macacos, tucanos, papagaios, jacus, tatus, cobras e lagartos.
Na minha doce ilusão, minhas filhas iriam se deliciar com os espaços amplos e se aventurar a descobrir cada canto desse pedaço de chão.
Só que… não foi nem perto disso o que aconteceu.
No início só ficavam no mesmo cômodo onde eu ficava. Andavam atrás de mim feito sombra. E por mais que eu insistisse que saíssem, brincassem na grama, balanço, corda e bosque, elas só saíam se algum adulto as acompanhasse.
Expectativa frustrada. E a inevitável sensação de fracasso.
Uma energia de “o que eu faço agora?”
Ao me concentrar no que aquele comportamento delas tinha para me dizer, percebi que como elas agiam, apenas seguia a lógica do cenário. Tudo o que eu havia idealizado seria possível, mas que era necessário um processo de adaptação.
Porque para o pássaro que foi criado na gaiola, não basta simplesmente a gente abrir a portinha e ele sair voando feliz da vida.
Ele precisa aprender a voar. A explorar todo o Universo que se descortina à sua frente.
Eu percebi que para que isso acontecesse era preciso a minha presença, o meu acompanhamento e, acima de tudo, a minha disponibilidade emocional.
Tá Liz, mas por que você tá descrevendo isso?
Porque eu tenho acompanhado vários pais e mães estressados, surtados, frustrados, exaustos com os filhos em casa, por conta da pandemia.
Crianças que não querem, não gostam ou só fazem de conta que acompanham as aulas on-line. Crianças menores, que os pais precisam ajudar em todas as tarefas da escola, o que demanda tempo e disponibilidade dos pais que, por sua vez, passam o dia no trabalho e chegam em casa exaustos. E crianças que não saem da internet: computador, tablet, celular, jogos, TikTok, YouTube, Netflix…
Crianças apáticas. Irmãos que brigam. Irritabilidade de todos.
Eu sei. Não está sendo fácil pra ninguém.
Eu mesma questiono muitas coisas: quantidade de horas na frente da tela do computador (aulas on-line, temas de pesquisa, trabalhos em grupo que exigem o uso do whatsapp e por aí vai), nível de cobrança. A logística péssima, pois cada uma tem um horário diferente para estar conectada e, portanto, estamos “juntas” sem estar convivendo…
E o que eu sinto que resolve muita coisa por aqui é a minha disponibilidade emocional.
Nem sempre acontece. Não é automática tantas vezes. Exige muita, mas muita consciência mesmo! Mas ela conforta os corações de todos. As crianças se sentem compreendidas e isso é o melhor dos mundos pra elas.
E o que nós pais mais queremos é a felicidade e o bem-estar dos nossos filhos, não é mesmo? Só que não há felicidade e conforto sem uma vivência emocional saudável.
E isso depende única e exclusivamente de nós adultos.
O nível de disponibilidade emocional que você tem dedicado para seus filhos, tá bom pra você?
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Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/
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